O arquiteto paisagista Sidónio Pardal colocou a questão e deu a resposta durante um encontro sobre a gestão e manutenção do Parque Urbano do Rio Ul, uma das suas criações na cidade, com a comunicação social, no dia 28 de junho, na Câmara Municipal de S. João da Madeira.
O parque é “um sítio excelente para estarmos sozinhos e em meditação como se estivéssemos numa catedral, mas também um sítio excelente para vermos gente, encontrarmos amigos, levarmos a família e termos um sítio aprazível, saudável, onde ninguém nos quer ensinar nada, vender nada, em que estamos em sossego e de bem com o mundo”, disse Sidónio Pardal, depois de analisar que a população dos centros urbanos tem “tempos livres que têm de ser utilizados de forma saudável, equilibrada, não podemos passar a vida em frente à televisão, em casa, na cafetaria. Temos necessidade de ter sítios onde se possa passear, deambular e estar ao sol, à chuva, à sombra e gostar de estar aí”.
Apesar de vivermos “numa sociedade frenética, viciada em códigos e condicionados pela formatação dos espaços”, “acho que as novas gerações têm muito mais apetite pelo parque, mais pessoas que desligam a televisão e vão caminhar e conviver para o parque e há muita necessidade de espaços para isto”, considerou o arquiteto.
O parque “não pode ter códigos por princípio”, tal como o parque de exercícios e o parque infantil de “recreio verde” construído, mas sem abertura até então. Tanto um como outro representam “codificações que não deviam lá estar. O parque não é um ginásio. Eu sei que as pessoas fazem essas sugestões com a melhor das intenções, mas se conhecem o conceito e os valores subjacentes ao parque como espaço livre e descodificado não fariam isso”, explicou Sidónio Pardal.
O arquiteto quer que “a população assuma o parque como um espaço livre e o defenda de intrusões impróprias. O parque não precisa nem deve ter outras atividades lá dentro que iriam fatalmente conflituar com ele. Ele não é uma sala de espetáculos. Ele deve estar sempre disponível como espaço livre para as pessoas terem direito ao seu sossego”.
Relativamente à limpeza do parque, Sidónio Pardal afirma que está limpo em demasia, o que contraria muitas das intervenções de munícipes que pedem, por diversas vezes, mais limpeza neste espaço verde seja em reunião de câmara ou em Assembleia de Freguesia e Municipal. “Nós ainda temos uma série de memórias rurais. Apreciamos muito o campo de cultivo, a árvore de fruto e tudo que seja disciplinado. Tudo que seja selvagem a civilização rural não gosta”, reagiu o arquiteto paisagista.
Um outro aspeto a ter em conta são os dejetos de animais deixados por alguns donos no parque, apelando ao civismo dos mesmos para que não condicionem a fruição do parque por parte de tantas outras.
Construção de ponte “fundamental” que ficou por executar
A Câmara Municipal de S. João da Madeira decidiu fazer “uma reabilitação e um acabamento” progressivos da primeira fase da obra do Parque Urbano do Rio Ul, que inclui a melhoria da estrutura e do enquadramento do bar, construir uma ponte “fundamental” que será construída mais à frente do açude que tem sido usado como passagem e que ficou por executar devido a “razões económicas contextualizadas” na altura, plantar cerca de 180 árvores e uns 800 arbustos, aferir o sistema de rega para poupar água, criar um manual de gestão e manutenção deste espaço verde e melhorar a iluminação.
Nesta primeira fase, a ideia é permitir que “as pessoas sintam o parque”, afirmou o vice-presidente José Nuno Vieira, esclarecendo que o destino do parque de exercícios e do parque infantil “ainda não são decisões tomadas”.
Neste momento, outras obras estão em curso – Casa da Eira, Casa do Forno e recuperação do moinho, Casa da Natureza e arranjos exteriores – no Parque Urbano do Rio Ul. O projeto de conservação e dinamização destes espaços do Parque do Rio Ul prevê um investimento de cerca de 350 mil euros com comparticipação de 85% por fundos comunitários. As obras deverão estar prontas em outubro deste ano.
O projeto de ampliação e de requalificação do Parque Urbano do Rio UL para Sul consiste em criação de mais 650 metros de rio e de parque aos 1.600 metros já existentes. Neste momento, a autarquia sanjoanense está em conversações com os donos dos terrenos para onde será feita a ampliação deste espaço verde, apurou o labor.
Homenagem aos plantadores de árvores dia 7
A homenagem aos plantadores de árvores está marcada para este sábado, dia 7 de julho, entre as 10h00 e as 12h30, no Parque Urbano do Rio Ul.
A Câmara Municipal de S. João da Madeira convida a estar presente quem participou na plantação de árvores em 2006, ainda antes da inauguração deste espaço verde, solicitando a confirmação prévia das presenças pelo email [email protected] ou pelo telefone 256 200 200.
O Município realiza esta ação no ano em que o Parque Urbano do Rio Ul assinala o 10.º aniversário e reconhece e homenageia todos aqueles que voluntariamente participaram nessas ações que decorreram entre 2006 e 2010.