Empreiteiro tem 360 dias para executar obra
“Parece que ainda não há obra”, mas a verdade é que, desde a passada sexta-feira, dia em que foi assinado o auto de consignação da reabilitação do troço entre S. João da Madeira e Vale de Cambra da ER227/IC2 pela Infraestruturas de Portugal (IP) e a empresa Construções Carlos Pinho, Lda., o “cronómetro começou a contar”. Desde então o empreiteiro tem 360 dias para executar a empreitada.
Em declarações exclusivas ao labor, Ruben Ferreira, engenheiro responsável pela obra, adiantou, no início desta semana, que se encontram já a decorrer “trabalhos preparatórios” e a serem feitas diligências para, por exemplo, a montagem do “estaleiro central” “em princípio na extremidade [do troço] em Vale de Cambra, junto à Arsopi”. Relativamente ao escritório da fiscalização, vai ficar localizado na Vila de Carregosa, “numa loja à face da estrada”, a cerca de “100 metros da passagem pedonal da Ferpinta”.
Quanto a verem-se homens e máquinas a trabalharem na via propriamente dita, Ruben Ferreira apontou que tal acontecerá “dentro de três semanas”.
Investimento na ordem dos 1,6 milhões de euros
Do programa da sessão solene que teve lugar no salão nobre do Fórum Municipal de S. João da Madeira e que, entre outras presenças, contou com a do ministro do Planeamento e das Infraestruturas constou a apresentação do que vai ser feito no próximo ano na ER 227.
Trata-se, segundo o presidente da IP, de um investimento na ordem dos 1,6 milhões de euros, em que mais de um milhão de euros é para “pavimentação”. Também de acordo com António Laranjo, vai ser levado a cabo “um conjunto de intervenções, com o objetivo de melhorar as condições de circulação e segurança” dos milhares de condutores que diariamente circulam nesta via, muitos dos quais sanjoanenses. A saber: reabilitação estrutural do pavimento; requalificação dos sistemas de drenagem; renovação, readaptação e complemento da sinalização vertical e dos equipamentos de segurança; marcação horizontal; e trabalhos complementares (iluminação pública e paisagismo).
Para Jorge Sequeira, ali na qualidade de anfitrião, esta “consignação é um ato muito importante para a nossa região” e vem mostrar que “o Governo não se concentra [apenas] em mega obras nem em mega projetos”. O presidente da câmara sanjoanense disse ainda esperar que “a execução da obra decorra com eficiência, celeridade e prontidão para ser colocada ao serviço das pessoas e da economia”.
Obras sem financiamento comunitário “por opção” do anterior Governo
Em S. João da Madeira, Pedro Marques referiu-se tanto à ER227 como a EN223 como “dois investimentos de proximidade realizados no contexto da mobilidade rodoviária”.
Falando aos jornalistas já no final da cerimónia, o governamental afirmou que aquelas “não sendo obras de grande vulto em termos de montante orçamental são possíveis porque temos hoje as contas públicas em condições para as fazer”. E como que a “dar uma alfinetada” ao anterior Governo liderado por Passos Coelho, recordou que ambas “não têm financiamento comunitário” “por opção política” da coligação PSD/CDS-PP que governou o país antes do PS.
Agora que “as contas públicas estão consolidadas” “estamos em condições de fazer investimentos desta natureza”, garantiu o ministro, aludindo ainda ao investimento que está a ser feito em termos de mobilidade ferroviária, de que são exemplos as beneficiações da Linha da Beira Alta e da Linha do Norte.
Aprovados 1.500 milhões de euros de investimento para as empresas do distrito
“Para Aveiro estão aprovados quase 1.500 milhões de euros de investimento para as empresas, apoiados pelos fundos comunitários”, que permitirão criar cerca de sete mil postos de trabalho, fez questão de recordar Pedro Marques, dando nota daquela que foi “a primeira prioridade política deste Governo”.
“Estamos num distrito com forte incidência industrial, económica, e que é um dos distritos com grande fatia de projetos aprovados no âmbito do Portugal 2020”, referiu, prosseguindo: “E portanto há aqui um todo: consolidação das contas públicas, reforço da coesão social e apoio ao investimento privado, nomeadamente com fundos europeus”.
Reabilitação da Linha do Vouga adiada
O “velhinho” tema da reabilitação da Linha do Vale do Vouga voltou a “vir à baila” na última sexta-feira. Primeiro em S. João da Madeira, pela voz de Jorge Sequeira, e depois em Santa Maria da Feira, pelo congénere Emídio Sousa.
O presidente da câmara sanjoanense disse a Pedro Marques que “S. João da Madeira luta desde há muito pela reabilitação da Linha do Vouga”. Trata-se de uma linha “decisiva para a ligação à cidade do Porto”, mas cujo “tempo de duração de viagem” atualmente “é insustentável”, daí o autarca pedir ao Governo que “olhe para a Linha do Vouga” da mesma forma que olhou para a ER227 e a EN223.
Ainda a propósito, Jorge Sequeira adiantou que “a breve trecho” “vamos entregar ao Governo um estudo que está a ser feito por peritos da Universidade do Porto”, a pedido da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria. “Queremos não apenas reivindicar, mas também contribuir para a solução”, deixou claro.
Alinhando pelo mesmo diapasão, o edil feirense defendeu, pouco tempo depois, ser “importantíssimo para esta região a ferrovia”. Não obstante ser “um investimento caro”, “a reabilitação da Linha do Vouga, com bitola ibérica, com eletrificação e resolução dos problemas da velocidade e de correção de traçados e de estações, tem de ser feita”, sublinhou, acrescentando: “Esta região precisa urgentemente de uma ligação ferroviária aos suburbanos do Porto que permita a entrada na Linha do Norte e a ligação direta ao aeroporto através de comboio”.
Sobre esta matéria, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas esclareceu que “o investimento na linha não foi financiado neste quadro comunitário porque os recursos que estavam disponíveis eram limitados”. Mas mesmo assim, conforme assegurou, “temos tido a preocupação de manter condições de circulação na linha”.
Tendo perfeita noção “da importância que a região dá à recuperação da Linha do Vouga”, o representante do Governo referiu que “num contexto de escassez de recursos, naturalmente, teve de se dar prioridade a uma recuperação importantíssima que estava por fazer que era talvez o troço mais importante da Linha do Norte que não estava recuperado (Espinho até Gaia)”. “Lançámos essas obras agora (dezenas de milhões de euros que foram lançados nessa perspetiva) e com certeza que no contexto da discussão do Programa Nacional de Investimentos para a próxima década estaremos muito atentos ao trabalho que a Associação de Municípios está a preparar sobre a Linha do Vouga”, completou.