O Estado da Nação

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É este o título do debate que teremos no parlamento, na próxima sexta-feira, dia 13. Não sendo dado a superstições, não faço qualquer piada fácil com o facto de se discutir a situação do país numa sexta-feira 13. O debate é sério e importante e deve merecer a atenção de todos.

Previsivelmente, de um lado teremos o governo, e o PS, com enorme soberba e cada vez maior distância da realidade. Só para dar um exemplo, este é o governo do Ministro da Saúde que se considerou o melhor ministro da pasta, numa altura em que por todo o lado o Serviço Nacional de Saúde dá sinais de ruptura. Do outro lado, estarão todos os outros partidos. Sim, todos os outros. Os que apoiam o governo e os que não o apoiam. Este é um dado muito significativo. Mesmo os partidos que votaram todos os orçamentos (PCP e BE) ensaiam uma oposição ao governo. É certo que se trata de uma oposição tão estridente quanto incoerente. Se agora se revelam os problemas resultantes da governação socialista, essa só nos trouxe aqui devido ao especial contributo do PCP e do BE, que viabilizaram este governo e o apoiaram em todos os momentos críticos. Não só nos orçamentos, mas também quando o CDS teve a frontalidade de apresentar uma moção de censura. Mas é ao PSD e ao CDS, que sempre estiveram na oposição a este governo, que se exige mais.

Este debate do estado da nação é o momento para que quem não acredita no caminho deste governo demonstre os erros e apresente as alternativas. Estamos a um ano de eleições e quem quer ser alternativa tem que ser capaz de demonstrar que merece sê-lo. Assim, é fundamental ficar claro no debate que o suposto “milagre económico” deste governo é o resultado de uma “boleia” que Portugal apanhou da conjuntura internacional. É necessário lembrar que o nosso crescimento ficou muito aquém do que tiveram em igual período os nossos principais concorrentes. É imperioso demonstrar que a redução do défice assentou em impostos indirectos abusivos e cativações centralistas. Ou seja, o que correu bem não é sustentável. Pior, este governo não fez nada para resolver os principais problemas estruturais do país: o envelhecimento da população; o despovoamento do interior e o centralismo. Esta ausência de capacidade reformista também tem que ser demonstrada. Feita esta análise retrospectiva, quem faz oposição tem que propor alternativas. Mostrar como podemos ter mais crescimento económico, como devemos reformar os serviços públicos e ter políticas públicas que respondam aos maiores desafios dos próximos anos.

Este é um momento clarificador. Quem não concorda com o caminho do governo, não pode viabilizar os seus orçamentos. Quem é oposição tem a obrigação de gerar uma alternativa credível. Acredito que essa alternativa será evidente no debate do estado da nação.

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