À memória vem sempre alguém que seja poderoso. Essa criatura grita como um galo canta ou olha e cala-se como um puma (leão da montanha)? Os pumas não gritam, é certo, mas cuidado com eles. Têm, isso têm, a aura da força e do poder.
Observam em silêncio. Unicamente os poderosos, sejam pumas, homens e mulheres, simplesmente respondem a um ataque verbal com silêncio. Além disso, quem dispensa o que tem para dizer raramente se arrependerá por magoar alguém com palavras duras e impensadas. Por isso, o primeiro e mais óbvio sinal de poder sobre si mesmo é o silêncio em momentos críticos. Se em silêncio olharmos bem para o problema, expomos à vista estar a pensar sem tempo para discussões fúteis.
Se for uma discussão que já deixou o terreno da razão, quem silencia mostra que já venceu, mesmo quando o outro puma insiste em gritar, devendo escolher qual desses momentos é correto, mesmo que tenhamos de nos esforçar para isso.
Por alguma razão, provavelmente cultural, somos acostumados para a (falsa) ideia que somos obrigados a responder a todas as perguntas e a reagir a todos os ataques. Não é verdade! Só respondemos ao que queremos e reagimos apenas ao que queremos reagir.
Nem sequer somos obrigados, tão pouco nos obrigam a atender o telefone. Falar é uma escolha, não é uma exigência, por mais que possa parecer. Podemos sim, podemos escolher o silêncio. Além disso, não teremos que nos arrepender por coisas ditas em determinados momentos impensados.
Arrependo-me sim, se me arrependo, de coisas que disse, mas nunca já mais em tempo algum do meu silêncio. Respondamos com o silêncio quando necessário. Sempre com sorrisos, não ironia amarga, mas verdadeiros. Sem receios usemos o olhar ou qualquer outra coisa para não responder em certas ocasiões. É assim que o silêncio também é resposta, que pode ser poderosa.