Qual o balanço de cinco meses à frente da esquadra sanjoanense?
Uma adaptação e uma atualização de procedimentos, porque uma coisa é comandar uma esquadra como Subcomissário e outra é comandar como Comissário. Agora é um desafio mais duro porque a responsabilidade é outra. A PSP está a passar por uma fase de reestruturação, de rejuvenescimento da própria polícia e esta esquadra e demais esquadras complexas da PSP são lideradas por um Adjunto e um Comissário.
A esquadra não tem um adjunto?
Neste momento não tem a tempo inteiro um adjunto. Obviamente que tenho o apoio do chefe das brigadas de investigação criminal, mas estamos a falar de elementos que trabalham por turnos, e que é um precioso auxílio na parte administrativa desta esquadra. Tudo a seu tempo. Acredito que brevemente irei ser reforçado nesse sentido.
“O efetivo da patrulha é a base de sustentabilidade de qualquer esquadra”
Que serviços estão sedeados em S. João da Madeira (SJM)?
Há uns anos não havia a tempo inteiro o MIPP – Movimento Integrado de Policiamento de Proximidade – e eram elementos adstritos à patrulha que tinham essa complementaridade de bem servir da população de SJM. Eles predispunham-se a ir e ficar junto das escolas. Essa esquadra tem serviços administrativos e operacionais diversos, a começar pela força motriz de uma esquadra que é o efetivo da patrulha com cinco grupos coesos de patrulha que é a base de sustentabilidade de qualquer esquadra. A partir daí temos uma brigada de investigação criminal, uma brigada de fiscalização policial que dá apoio consoante está de serviço à patrulha que a população conhece como “a brigada da carrinha”, depois temos o precioso MIPP constituído agora por quatro agentes. Temos também a secção de armas que acarreta recursos financeiros e humanos em que é fundamental este serviço estar aberto em horário de expediente durante a semana que, ao fim e ao cabo, é uma fonte de receita para a PSP, mas não é isso que interessa, a nossa função é legalizar as armas. Temos a secretaria e a secretaria do trânsito que preferi juntar numa só para tentar rentabilizar os recursos humanos que tenho, não querendo descuidar a parte do trânsito.
O Programa Escola Segura é o mais popular, mas há outros…
Os quatro elementos acumulam esses diversos programas. A tempo inteiro temos o rosto do MIPP da esquadra de SJM que é o Agente Rodrigues, o “Tonecas”, e o Celestino Rodrigues. Em tempos de acalmia do programa escolar dão apoio ao Comércio Seguro e às vítimas, sejam crianças, adultos ou idosos, do Gabinete de Apoio à Vítima. Os agentes Louro e Sílvia estão nos bastidores e fazem a ligação com todas as vítimas. Achei que três elementos não eram suficientes para uma população de cerca de 23 mil pessoas e reforcei com mais um.
“Quero que venham falar comigo, conhecer o efetivo, a esquadra e contribuir para o auxílio e prevenção”
Que imagem é que as pessoas têm da esquadra e da PSP?
Creio que é uma imagem positiva porque denoto respeito e consideração para com essa esquadra e efetivo. Há aqui elementos com quase 30 anos de serviço nessa esquadra. As pessoas não podem exigir que os meus agentes sejam “robocops”. Eles são pessoas de carne e osso com coração. Quero, de certa forma, abrir ainda mais as portas à população. As pessoas têm algum não sei se é receio, desconhecimento ou se acham que não vale a pena. Quero contrariar esse discurso de que não vale a pena porque vale sempre a pena. A PSP e os meus elementos trabalham com informação. Se SJM tem quase 23 mil pessoas e se nem de perto nem de longe chego a 23 mil pessoas, têm de comunicar com a polícia. Não devem ter receio de falar com o polícia, muito pelo contrário, é benéfico. Ainda para mais é das poucas esquadras na divisão de Espinho que têm capacidade de alojar o próprio efetivo. Ainda esse fim de semana durante uma patrulha apeada com o meu agente coordenador notei as pessoas a virem falar connosco, a desejar boa noite, como estão as coisas, vi isto. Quero que venham falar comigo, conhecer o efetivo, a esquadra, e contribuir para o auxílio e para a prevenção.
S. João da Madeira é uma cidade segura?
Afirmo que é uma cidade segura.
O estacionamento continua a ser fiscalizado pela PSP?
Sim. Não há dúvidas. Aliás, independentemente de haver essa requisição de serviço da PSP por parte da Câmara Municipal de S. João da Madeira, não tenho o efetivo ideal para a tempo inteiro fiscalizar em ordinário o estacionamento irregular, incluindo o parquímetro. Olho para o estacionamento irregular de igual, mas não tenho capacidade para atuar de igual. É uma hierarquia. Sempre em primeiro lugar a ordem pública e só depois o trânsito. Obviamente não irei descurar o trânsito porque tenho no meu sangue seis anos na divisão de trânsito. Se hoje, por exemplo, terminasse a prestação de serviços em remunerado, iria fazer exatamente a mesma coisa.
As pessoas pagam o estacionamento ou continuam a facilitar?
Sou franco. Há uma clara melhoria daquilo que vejo. Diminuiu para mais de metade o número de infrações. Não gosto de falar em média nestas situações, mas é um facto que estávamos a falar entre quatro, cinco dezenas de viaturas em infração em quatro horas.
Esse número reduziu para metade?
Sim, reduziu para metade. Quando o efetivo vai agora para o terreno, as infrações não chegam às duas dezenas.
“A PSP continuará em serviço remunerado e não só a fiscalizar” o estacionamento
Até quando vão fiscalizar?
Não há prazo. A PSP continuará em serviço remunerado e não só a fiscalizar.
Se a câmara decidir cessar o serviço de fiscalização com a PSP, deixam de fiscalizar o estacionamento?
Jamais. Agora é me mais difícil como gestor de homens ter um carro patrulha para a ordem pública e um outro carro patrulha para o trânsito. É possível. Estou a ter alguma dificuldade, mas quero acreditar que no fim desse ciclo de renovação, até 2020, irá haver uma estabilização de meios e recursos humanos. Aí será uma missão mais fácil para o Comissário da esquadra de SJM.
Uma das suas preocupações é a inexistência de um Plano Municipal de Segurança…
Está em estudo. Não é fácil. Há uma zona em que queremos que a cidade tenha diversão noturna, mas não de qualquer maneira. É uma preocupação da câmara. Estamos em sintonia. Há troca de informação entre a câmara e a PSP nunca descurando a autoridade judicial. Não guardo nada para mim. Não tenho interesse em guardar informação só para mim porque não consigo nem pretendo levar SJM às costas. Já foi transmitida essa necessidade de regulamentar um pouco mais os estabelecimentos que existem em SJM. Ainda este fim de semana fui ao encontro dos proprietários dos estabelecimentos, fui bem-recebido de forma cordial, com simpatia e troca de informação. Também quero que haja essa proximidade porque eles não são nenhum “bicho papão”. Agora são focos de concentração de pessoas e muitas delas não estão no seu estado natural. Temos consciência disso e os proprietários têm consciência disso.
“Não houve mais nenhuma ocorrência de importunação sexual naquela zona e demais locais”
Qual o ponto da situação das queixas de existência de predadores sexuais, em julho, junto às piscinas municipais?
Foi um caso isolado. Ainda bem. O policiamento foi reajustado. As piscinas municipais têm um efetivo empenhado naquela zona e nos arredores. Nos tempos seguintes à ocorrência houve uma diversidade de policiamento em que houve um reforço em ordinário, em patrulhamento à civil, em reforço do efetivo padronizado e chegou-se à conclusão de que foi um caso isolado. Está em investigação e apraz-me dizer que foi um caso isolado. Desde então não houve mais nenhuma ocorrência de importunação sexual naquela zona e demais locais.
A esquadra era destacada e dirigida por um Subcomissário, passou a ser esquadra complexa e dirigida por um Comissário recentemente. O número de agentes e de viaturas é suficiente?
Não posso dizer o número exato, o número de agentes cumpre o rácio polícia/cidadão, mas efetivamente está envelhecido. Obviamente não está em causa a capacidade operacional desta esquadra. Vamos receber durante o mês de setembro três estagiários. Eles não são órgãos de polícia criminal, mas vêm cá beber informação aos órgãos de policia criminal que estão a trabalhar em SJM. Eles escolheram vir para SJM. Também vou receber para breve, durante um mês, um cadete do segundo ano na sua área de residência e é um orgulho ter o pai desse cadete a trabalhar nessa esquadra. Temos uma frota automóvel considerável que serve na plenitude a população de SJM e não há qualquer risco de rutura em termos de parque automóvel.
Qual o estado do edifício da esquadra?
A esquadra está a precisar de intervenções, está. Não vou ser hipócrita, mas atendendo ao panorama dessa divisão é um luxo ter uma esquadra com essa capacidade. Não tenho falta de espaço, muito pelo contrário.
Portanto, desde já um agradecimento à população de SJM que dotou a cidade de uma esquadra com essa capacidade. Uma esquadra com 24 anos que ainda se mantém atual a nível de estrutura e de albergar serviços que antes não existiam e agora existem.
O maior desafio será “modernizar esta esquadra”
Quais os seus planos para esta esquadra?
Modernizar esta esquadra. Não quero outra esquadra que não esta. É a esquadra que comando e que tenho orgulho em trabalhar, mas há situações que requerem atenção ao nível de eletricidade, canalização, estética, reestruturação interna de gabinetes, reaproveitar espaços, reutilizar espaços, dar dignidade a alguns serviços.
Chego aqui à esquadra que tem espaço para receber a população, mas falta o calor de acolhimento. Não sou obrigado a isso, mas creio que é uma dívida que tenho para com a sociedade. Se ela deu tanto para esquadra, tenho de a acolher. Há regras. Estou dependente do comandante de divisão, ele de Aveiro, ele do nacional e ele do Ministério da Administração Interna. Vamos ver o que é exequível e eficiente propor à minha hierarquia. A câmara já deu muito à PSP e aproveito para agradecer o empenho de dotar essa esquadra de viatura para a Escola Segura. É de frisar que foi pioneira porque o mesmo modelo de viatura foi bem aceite pela população de SJM e também será por Santa Maria da Feira e Espinho. Ovar desconheço. Algo de bom se fez em SJM para ser replicado.
Não posso simplesmente bater à porta sempre da mesma pessoa. Não quero ser pessoa de exageros, quero trabalhar com pouco, mas que venha com coração e com aval da estrutura.
Não é o Comissário Hélder Andrade que quer, é a PSP que anseia sempre o melhor e o melhor é servir a população condignamente.
A existência de amianto na cobertura da esquadra é uma preocupação?
O amianto está identificado, reportado e em fase de resolução. Não é motivo de alarme.
O que acha da “sua cidade”?
Será a minha cidade enquanto aqui estiver. Gosto de deixar raízes onde fico e por onde passo. O ser humano é feito de ligações. Sempre quis ser polícia. Quando soube de vaga em SJM soube que tinha de arriscar.
Vai ficar cá quanto tempo?
Não sei. Obviamente que quero ficar o máximo de tempo que for possível.
Hélder Andrade
O Comissário da esquadra da PSP de S. João da Madeira tem 33 anos e é natural da Ilha de S. Miguel, Açores.
Hélder Andrade ingressou, ao mesmo tempo, na Universidade dos Açores e no Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna (ISCPSI), acabando por abdicar do primeiro em prol do segundo. A primeira esquadra onde trabalhou foi na Vila de Rabo de Peixe. Hélder Andrade esteve na Divisão de Trânsito do Porto antes de ser colocado no Comando Distrital Policial de Aveiro. É Comissário da esquadra da Polícia de Segurança Pública (PSP) S. João da Madeira desde março de 2018.
Rosa Maria Gomes está à frente da esquadra de Ovar
A Comissária Rosa Maria Gomes esteve durante cinco anos à frente da esquadra da PSP de S. João da Madeira.
Um cargo que suspendeu em março deste ano para embarcar, durante um ano, numa Missão da Organização das Nações Unidas (ONU) na República-Centro Africana. Rosa Maria Gomes acabou por regressar antes do previsto por questões de saúde, mas estaria de regresso para completar a missão.
E foi precisamente durante a entrevista ao seu sucessor Hélder Andrade, na esquadra sanjoanense, quando deu “um voto de agradecimento a tudo que fez por SJM” que ficámos a saber que Rosa Maria Gomes está a liderar a esquadra de Ovar.
A colocação de Rosa Maria Gomes à frente de outra esquadra aconteceu devido a “uma restruturação normal” na PSP, afirmou Hélder Andrade, confirmando que ela já veio da missão que acabaria em março de 2019. “Ela esteve cá cinco anos e não é fácil ficar tantos anos no mesmo sítio”, declarou o Comissário da PSP de SJM ao labor.