São precisos cerca de 400 mil euros  

“A ampliação é, neste momento, uma miragem”, porque simplesmente não há dinheiro. Mas também se houvesse e se a Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (AMTSM) avançasse no imediato para o aumento da capacidade do Centro de Recolha Oficial/Canil Intermunicipal, que gere desde 2008, os animais errantes não iriam desaparecer das ruas dos seis municípios que agora a compõem. Que se desenganem aqueles que pensam que sim!

Segundo Joaquim Santos Costa, “precisa-se de outra postura perante os animais”. O problema do abandono de cães e gatos em Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira (SJM), Vale de Cambra, Arouca, Santa Maria da Feira e Espinho, assim como no resto do país, passará “por mais pedagogia social no sentido de evitar o abandono e menos IVA sobre despesas veterinárias e alimentação de animais domésticos”.

Acompanhado pela colega Susana Silva, o secretário-geral da AMTSM esteve à conversa com o labor dias antes da entrada em vigor, no passado domingo, da Lei n.º 27/2016, de 23 de agosto, que proíbe a ocisão – vulgo abate – de animais nos centros de recolha oficial (CRO) “por motivos de sobrepopulação, de sobrelotação, de incapacidade económica ou outra que impeça a normal detenção pelo seu detentor”. Algo que, curiosamente, já era posto em prática no canil situado na Serra do Pereiro, no concelho de Oliveira de Azeméis, onde mesmo antes da lei “se notava entre os médicos veterinários municipais [dos seis municípios da AMTSM] alguma resistência em abater um animal sadio”.

Só que “com esta lei a coisa ainda se agravou mais”, ao ponto de “a sobrelotação começar a ser um facto” e de o Canil Intermunicipal Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (CIAMTSM) já nem ter lista de espera. Neste momento, “está a aceitar, de forma rotativa, três cães de cada município à medida que vão havendo saídas”, conforme explicou ao jornal a engenheira Susana Silva. “É uma gota no oceano. Mas é o possível que podemos fazer neste momento”, acrescentou Joaquim Santos Costa.

Presentemente, o CIAMTSM representa para a AMTSM um custo de cerca de 60 mil euros por ano, suportado pelos municípios que a constituem consoante o número de entregas de animais. Mas esta despesa vai aumentar porque, “como não podemos abater, entrando um animal, este tanto pode estar no canil cinco dias, como um mês, como vários anos”, alertaram os dois engenheiros.

“Sete cães a um osso”

Perante tal cenário, a ampliação do atual equipamento, embora não sendo a solução ideal, apresenta-se, no entender de Joaquim Santos Costa, como a “mais razoável a médio prazo”. Já há projeto, contemplando o aumento do número de celas (mais 47 para além das 51 existentes), um gatil, uma área social, etc.. Só que são precisos cerca de 400 mil euros, valor de que as câmaras que financiam o CIAMTSM não dispõem atualmente nem sabem onde poderão ir buscar.

Há cerca de meio ano, a AMTSM ainda apresentou uma candidatura ao programa estatal de incentivos financeiros para construção e modernização de centros de recolha oficial de animais de companhia. Mas, passados meses, tudo continua igual.

A AMTSM não sabe se a candidatura vai ser aprovada e mesmo que seja o máximo que poderá receber são 30 mil euros, porque “o Estado só tem um milhão de euros reservado para este tipo de obras, a distribuir pelo país todo”.

É caso para dizer – como disse José Pinheiro, presidente da câmara de Vale de Cambra, que se encontrava presente na sede da AMTSM, em S. João da Madeira, aquando da entrevista do labor- “são sete cães a um osso”, a propósito das verbas “escassas e diminutas” da candidatura, como depois lhes chamou Joaquim Santos Costa.

GN

CIAMTSM acolhe, neste momento, cerca de 220 cães

Bem lá no alto da Serra do Pereiro, onde já foi um aterro sanitário, encontramos o Canil Intermunicipal da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria. É ali que, neste momento, estão cerca de 220 cães, à espera de uma nova casa, podendo os interessados em adotar entrar em contacto com o CIAMTSM através dos números de telefone 256 408 147 ou de telemóvel 925 846 350, email [email protected]  ou, então, pessoalmente, de terça a sexta-feira (14h30-17h00) e ao sábado (9h00-12h00). Mais informações em www.amtsm.pt/pt/canil-intermunicipal/sobre-o-ciamtsm-1/.

De acordo com dados facultados ao labor pela AMTSM, desde a entrada em funcionamento do CIAMTSM até agosto de 2018, foram entregues 13.060 animais e adotados 4.046.

Além disso, também importa salientar que foram esterilizados 260. Com vista à implementação da Lei n.º 27, o Canil Intermunicipal passou a esterilizar todos os seus animais para, posteriormente, serem disponibilizados para adoção. Mas nem assim o número de adoções subiu.

A título de curiosidade, note-se que em termos de número de entregas de canídeos no CIAMTSM Santa Maria da Feira e Oliveira de Azeméis são os municípios que entregam mais e SJM o que entrega menos (ver caixa).

GN

N.º de cães entregues pelo Município de SJM

2008 16
2009 60
2010 85
2011 53
2012 45
2013 27
2014 52
2015 48
2016 39
2017 25

 

 

 

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