À frente da direção da Associação de Jovens Ecos Urbanos (AJEU) há três anos, Rita Pereira ainda não sabe se se vai recandidatar em 2019. Apenas tem uma certeza e partilhou-a com o labor: a de que este é “o desafio mais apaixonante e enriquecedor que tive e tenho na vida”

 

A Rita Pereira é presidente há três anos. Mas a sua ligação à AJEU é mais antiga.

A minha relação com a associação começou em 2012/2013, não consigo precisar, quando me tornei voluntária do Banco Local de Voluntariado. Entretanto, em 2014, após concluir a licenciatura, iniciei estágio profissional nos Ecos Urbanos, onde estive 12 meses.

Costumo dizer, várias vezes, que quem conhece esta organização e, sobretudo, as pessoas que diariamente lá trabalham, dificilmente não se apaixona. É realmente uma equipa fantástica, de pessoas com um coração gigante, que fazem coisas que são realmente importantes na vida de quem diariamente recorre à associação, independentemente do motivo.

Sabia que a minha ligação aos Ecos nunca se iria perder e por isso fiz-me sócia. A ideia de presidir a AJEU surgiu em conversa com outras pessoas que constituem a atual direção. Inicialmente sabíamos que queríamos dar um novo impulso a este projeto, mas não definimos lugares a ocupar na lista. Aliás, ainda hoje acho que esses lugares só existem porque os estatutos o exigem. Trabalhamos todos (e trabalhamos muito) e de igual forma para que esta máquina funcione como vocês a conhecem. Mas a equipa convenceu-me a abraçar o cargo de presidente da direção e eu, com algum receio face ao que poderia ser o meu futuro, já que estava desempregada e sem saber onde a vida me iria levar, aceitei. Aqui, a minha família teve o papel mais importante nesta decisão. Acho que acreditaram sempre mais em mim do que eu própria.

Como é ser presidente desta associação de jovens de S. João da Madeira?

É o desafio mais apaixonante e enriquecedor que tive e tenho na vida. Mas também é muito exigente e responsabilizante. Gosto mesmo muito deste projeto e das pessoas que dele fazem parte. Somos como uma família!

 

AJEU acompanha diariamente cerca de 300 pessoas

Que projetos desenvolve a AJEU? Que serviços presta à comunidade?

Os projetos são muitos, quer culturais quer sociais, que se cruzam. Se tiver de destacar, acho que o projeto Habitus, os Bichos do Mato, o Ecos Rock, o Jantar de Solidariedade, a Semana da Juventude e os nossos campos de férias são aqueles que mais rapidamente nos identificam. Mas o trabalho que realizamos diariamente com 294 pessoas que acompanhamos, das mais diversas maneiras, é o nosso ex-libris, ainda que seja aquele com que menos nos identificam.

Na AJEU, trabalham diariamente nove pessoas e somos 11 dirigentes (entre direção, assembleia-geral e conselho fiscal), aos quais se juntam os voluntários, que nos enriquecem o trabalho e a quem devemos muito.

Quanto às receitas, são maioritariamente provenientes da Segurança Social, câmara municipal e Instituto de Emprego e Formação Profissional (através do aluguer de espaços para formação).

Se precisávamos de mais? Precisávamos! Sobretudo de mais elementos para a equipa técnica. Queremos muito crescer e aumentar o nosso eco, mas não podemos dar passos maiores do que as pernas e a sustentabilidade financeira da associação é uma preocupação constante.

Desde que tomou posse, o que foi feito e o que falta fazer?

Tomámos posse a 12 de abril de 2016 e julgo que já fizemos mais do que aquilo a que nos tínhamos autoproposto. No entanto, queremos sempre mais e estamos sempre abertos a novos desafios e projetos, embora estejamos cientes das nossas limitações, sobretudo, ao nível dos recursos humanos de que dispomos. Aliás, temos os melhores colaboradores de todos, porque vestem esta camisola como só eles são capazes. Estamos-lhes muito gratos!

 

Projetos Labirinto Sensorial e Bichos do Mato destacados pela “irreverência”

De tudo o que foi feito, o que destaca?

Destaco aquilo que não é visível: o investimento nos nossos recursos humanos. Não em número, mas em qualidade. Ou eles mentem muito bem, ou estão realmente mais felizes e motivados. Julgo que sentem que da parte da direção há uma grande dedicação, o que os motiva e compromete.

Mas destaco também a irreverência dos projetos que trouxemos à comunidade, como o Labirinto Sensorial e os Bichos do Mato.

O que representou para vocês a demolição do Elemento Arquitetónico?

Esse dia foi estranho! Era ali “O Sítio”. Foi ali que a associação soltou o primeiro suspiro. Foi ali que a nossa casa foi casa de muita gente. Aquele era o nosso sítio e toda a gente sabia que era lá que nos encontrava; era um ponto de paragem para muitos jovens. A demolição do “Pirilau” (para nós vai ser sempre este o nome) fez com que tivéssemos de estudar novas abordagens ao público mais jovem.

Mas nós continuamos lá, bem no centro, porque quando demoliram o “Pirilau” não demoliram a parede de fotografias que dizia “Ecos Urbanos”. Mas estamos lá porque, independentemente de onde estejamos sedeados, vamos sempre levar a juventude ao centro da cidade. Aquele é “O sítio que fica na história da gente!”.

A mudança de executivo municipal veio trazer algo de novo à AJEU?

Honestamente, acho que a cidade gosta de nós e reconhece o nosso trabalho. Qualquer executivo municipal percebe isso, também porque demonstramos qualidade naquilo que fazemos.

Ainda nos estamos a adaptar às novas metodologias de trabalho com a câmara, mas não que isso seja bom ou mau, é só diferente.

Apoios institucionais “nunca são suficientes”

Os apoios institucionais são suficientes?

Somos eternos jovens, logo irrequietos e inquietos. Queremos sempre mais e melhor, por isso nunca são suficientes.

Estamos a dar passos grandes na relação que estabelecemos com as empresas locais, mas ainda há muito a fazer nesse campo.

Pensa em recandidatar-te em outubro de 2019?

Eu gosto muito desta casa e independentemente do futuro estarei sempre vinculada a esta organização. Mas essa é uma questão à qual não sei responder, porque ainda falta um ano e ainda há tanta vida por acontecer, e porque é um assunto que quero abordar com a minha equipa. Quero sentar-me com eles, fazer o balanço e só depois pensar o futuro.

Passados 21 anos após a sua criação, o que é a Ecos Urbanos para S. João da Madeira?

Somos um marco de animação, criatividade e cultura na nossa cidade. Mas somos também promotores de uma cidade mais igualitária, mais tolerante, mais social e sempre, sempre mais jovem.

Ganhamos a maturidade que nos era exigida mas sem perdermos esta inquietude típica da nossa eterna juventude.

E estamos muito gratos a todos os que lado a lado connosco, nos permitem continuar a trabalhar para a comunidade. Juntos temos mais Eco!

 

 

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