Em nota de imprensa enviada ao labor, a Mercadona anunciou a abertura de uma loja em S. João da Madeira no segundo semestre de 2019, sem, no entanto, desvendar a localização exata.
Questionada sobre o assunto pelo jornal, a cadeia de retalho espanhola apenas adiantou que “será perto do 8ª Avenida”. Mas, entretanto, conforme o labor avançou em primeira mão na sua última edição, sabe-se que o novo supermercado abrirá portas na Avenida Dr. Renato Araújo, concretamente, entre a loja New Store (onde era o antigo Hibiki – Retail Park) e o edifício no qual funciona o ginásio FreeStyle, junto ao Lidl de S. João da Madeira.
De acordo com o que o autarca sanjoanense adiantou na última Assembleia Municipal (AM), a cadeia de retalho espanhola apenas ainda “contactou a câmara municipal com vontade de ocupar S. João da Madeira”, não tendo até àquela data (28 de setembro) entrado qualquer “pedido de licenciamento”. “Se entrar será apreciado a seu tempo”, referiu Jorge Sequeira.
Também na AM e sobre o mesmo assunto interveio Jorge Cortez, para quem “não deviam de ser autorizadas mais novas superfícies”. Na sessão da passada sexta-feira, o deputado municipal da CDU – Coligação Democrática Unitária ainda fez saber que vindo a Mercadona para a Avenida Dr. Renato Araújo “será um duplo erro porque vai promover excessivo trânsito naquela avenida” e “o depauperado comércio tradicional” “ficará pior”.
A autarquia “tem a obrigação de gerir o edificado”. E, assim sendo, o comunista não entende como é que aquela “vai permitir que se gaste solo com mais esta mercearia, quando precisamos de espaços para outras atividades diversificadas da economia”.
Contas feitas, a concretizar-se a instalação da Mercadona, passam a ser oito as superfícies comerciais (duas Continente, duas Minipreço, duas Pingo Doce, uma Lidl e uma Mercadona) existentes neste concelho de só 8km2. E, ao que o labor conseguiu apurar, houve já “demonstrações de intenções”, “contactos informais”, junto quer deste executivo quer do anterior, de outros “interessados” em “investir na cidade”, curiosamente também na Avenida Dr. Renato Araújo, num terreno que ali há situado do lado esquerdo, quem vem da rotunda do Hospital de S. João da Madeira, entre a Mr. Pizza e a churrasqueira “Os Laranjeiras”.
Associação Comercial contra a abertura de mais supermercados
Interpelado acerca desta matéria, o presidente da direção da Associação Comercial de S. João da Madeira defendeu que “mais uma superfície não beneficia o comércio de rua”.
Segundo Paulo Barreira, “a cidade já está ‘sobrecarregada’ de supermercados, sendo que mais um só vem prejudicar o comércio local”. Este, na sua ótica, “não consegue suportar esta concorrência desleal”.
Relativamente ao tema “Mercadona”, o Município informou, em declarações ao labor dadas já depois da AM, que “entrou na câmara o pedido de informação prévia sobre a instalação da superfície comercial em causa, que será apreciado pelos serviços técnicos”. “Após os respetivos pareceres, o presidente da câmara tomará posição. [No entanto] Sem prejuízo de uma análise posterior do processo, a entrada do pedido de informação prévia é reveladora da capacidade de atração e do dinamismo da cidade”, completou.
Diana Familiar com Gisélia Nunes
VOX POP
Augusta Silva, 44 anos
“É uma boa ideia haver mais superfície comerciais. Porque, apesar de serem oito, não dão para tantos consumidores. É impossível andar no Continente, seja a que hora for. Não sei se foi o 8ª Avenida que trouxe mais pessoas. No caso do Pingo Doce não tem uma boa organização em termos de disposição dos produtos. A Mercadona já conheço de outros locais, onde existe, e acho que é competitiva.
Por isso, vejo com bons olhos este número de supermercados”.
Maria Olívia da Silva, 61 anos
“É bom, porque quanto mais concorrência houver melhor para o consumidor. Os preços baixam”.
Idalina Girão (proprietária da Casa Fumadinho), 65 anos
“Não há palavras. Ainda hoje foi um dia para esquecer [em termos de negócio]. E aqui [na Rua Visconde], além da concorrência das superfícies comerciais, temos o problema da falta de estacionamento. A câmara devia ‘pôr travão’ nisto. Mas, pronto, limitamo-nos a estar aqui até quando Deus quiser”.
Lurdes Terra, 54 anos
“Não temos poder de compra para tantos supermercados, apesar de vir muita gente de fora de S. João da Madeira fazer compras cá. A vinda para cá da Mercadona ou outros vai ‘abafar’ os ‘pequenos’ [comércio de rua]”.
Ana Ria Lobo, 39 anos
“Pode trazer vantagens para o consumidor em termos de promoções. Mas acho que são muitos supermercados para uma cidade tão pequena. Cada vez mais vai ser pior para o comércio de rua”.
Rui Lestre, 47 anos
“São demasiados supermercados para a massa populacional de S. João da Madeira. A Mercadona é mais um, que não vem acrescentar nada. Só vem ‘atrapalhar’ a vida dos comerciantes de rua”.