Assembleia dos “egos”: o meu foguete subiu mais alto do que o teu
De acordo com o relato dos jornais e de alguns testemunhos de munícipes presentes, a última Assembleia Municipal parece ter sido um triste espetáculo, pouco dignificante para os seus protagonistas, principalmente, os deputados da coligação PSD/CDS e do PS. Se relativamente aos primeiros este tipo de ação não me surpreende, já quanto aos segundos devo confessar a minha surpresa.
Senão vejamos: a coligação PSD/CDS mantém-se fiel à sua ideia de cidade, assente em festarolas, comes e bebes. Por isso, é natural que insistam nesta matéria e insistam numa política vazia de conteúdo, que nada diz aos Sanjoanenses, como ficou bem patente na estrondosa derrota que os cidadãos de S. João da Madeira lhes infligiram. E, ao que parece nem a mudança de direção política da sua concelhia fez o PSD mudar de estratégia. Confesso que esperava mais desta nova direção. Esperava, pelo menos, maior rigor na escolha política das suas lutas e maior preocupação com os verdadeiros interesses dos Sanjoanenses, cortando definitivamente com o legado da anterior direção.
Quanto ao PS, lamento que se deixe arrastar para este jogo político e que permita que seja o partido/coligação que perdeu as eleições a estabelecer a agenda política e mediática da cidade. Ao fim de um ano de mandato dá ideia de que o PS ainda não aprendeu a ser a força política que governa, com grande maioria, a cidade.
De resto, a expressiva e inequívoca vitória eleitoral do PS significa, sobretudo, que os Sanjoanenses escolheram o seu programa político e rejeitaram, sem margem a dúvida, o da coligação.
Por isso, espera-se apenas que o PS se mantenha fiel às promessas que fez e se empenhe em cumprir o contrato que estabeleceu com a nossa comunidade. Espera-se que não ceda a pressões e não hesite (e tem-no feito demasiadas vezes). Que não tenha receio de fazer aquilo a que se comprometeu. A cidade agradece.
Em todo o caso, se algum dia decidirem voltar a este assunto, aconselho que o façam analisando a fundo a vertente política e económica e deixando de lado o folclore e o foguetório. Façam um estudo sério sobre os custos e benefícios de tantas festarolas. Qual o impacto económico que tem na cidade? Quantas dormidas e refeições conseguem gerar? Qual o aumento do volume de compras no comércio local? O que fica, para além da mera festa? Enfim, esta seria uma discussão que os Sanjoanenses agradeceriam.
E ainda a propósito deste assunto, o presidente do executivo disse que a coligação fez “espionagem intelectual” e que apostava na eventual inexperiência política do executivo, obstaculizando a boa execução dos eventos em análise.
Eu diria que “espionagem intelectual” é demasiado para classificar aquilo que não passa de um triste “soprar ao ouvido” e que, aqui e ali, é demasiado evidente, designadamente nalguns cronistas “videntes”.
Se, eventualmente, o executivo hesitou até ao último momento em realizar a festa do Gin, fez muito bem e devia orgulhar-se disso, não só porque todos estes gastos com festarolas devem ser bem ponderados, mas também porque estas festinhas não faziam parte do seu programa eleitoral, estando completamente fora daquilo que é a sua proposta e visão de futuro para a cidade.
Já quanto à inexperiência política, eu diria que esta se verifica, principalmente, na forma como entre outras coisas, trata este “soprar ao ouvido”, coisa nunca vista nos executivos do PSD, verdade seja dita.
É fácil perceber que o PSD, durante a sua governação, se rodeou de algumas pessoas da sua confiança que ainda hoje lá estão. E estão lá porque, aparentemente, o PS não fez a devida “limpeza de balneário”, passo a expressão futebolística, sofrendo, por isso, todas estas contrariedades, “sopros de ouvido” e o que mais se seguirá.
É importante que o presidente do executivo não faça jus àquela velha máxima de que “os políticos, entre o correto e o mais fácil, irão sempre optar pelo mais fácil”. Eu quero acreditar que não.