O presidente da câmara feirense, Emídio Sousa, esteve reunido no dia 9 de outubro com os grupos parlamentares do PS, PEV e PCP e PSD.
As reuniões tiveram como único objetivo apelar ao voto contra de todos os grupos parlamentares quando for discutido e deliberado o projeto de lei que pede a integração de Milheirós de Poiares em S. João da Madeira, apresentado por deputados do PS e BE, a 28 de setembro na Assembleia da República.
No primeiro contacto estabelecido pelo nosso jornal com Emídio Sousa, depois de ter sido do conhecimento público a apresentação deste projeto de lei, o edil garantiu iria fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para impedir a desanexação de Milheirós de Poiares do concelho de Santa Maria da Feira. O autarca não esteve com meias medidas e solicitou a marcação de reuniões com todos os grupos parlamentares com assento na Assembleia da República. Caso o projeto de lei venha a ser aprovado, Emídio Sousa deixou bem claro que não baixará os braços e usará todos os argumentos possíveis para reverter essa decisão. Uma das hipóteses é procurar que a decisão seja vetada pelo Presidente da República que “ainda é um garante do funcionamento das instituições democráticas do país”, afirmou o autarca feirense.
Voltando às reuniões, Emídio Sousa saiu de lá com algumas certezas. Uma delas é que o grupo parlamentar do PS votará a favor do projeto de lei, até porque alguns dos seus deputados estão entre os proponentes.
No caso de PEV e PCP, o sentido de voto deverá ser contra este projeto porque representa “uma medida inédita, avulso e descontextualizada de uma reforma administrativa do território”, adiantou Emídio Sousa ao labor.
Já o PSD “ainda não analisou o tema”, mas o autarca espera que este grupo parlamentar, que é da mesma força política da câmara feirense, vote contra o projeto de lei de PS e BE.
O presidente da câmara da Feira não conseguiu reunir com CDS-PP, BE e PAN na semana passada, mas esperava conseguir fazê-lo esta semana. Até ao fecho da nossa edição, apenas tinha reunido com o grupo parlamentar do CDS-PP a 16 de outubro. E precisamente quando tentámos contactar Emídio Sousa estava a sair dessa mesma reunião. O grupo parlamentar do CDS-PP “ainda não tem uma decisão final” sobre este assunto, mas demonstrou estar “sensível aos nossos argumentos”, disse Emídio Sousa ao labor.
Entre os argumentos apresentados pelo autarca estão a vitória dada pelos milheiroenses ao PSD para câmara nas últimas eleições autárquicas de 2017 e este projeto de lei representar uma reforma administrativa sobre apenas uma freguesia em vez de uma reforma a nível nacional.
Emídio Sousa revelou que ainda não foi possível agendar a reunião com o PAN e que ainda não recebeu resposta por parte do BE.
Relembramos que entre os deputados sanjoanenses estão Moisés Ferreira (BE), João Almeida (CDS-PP) e Susana Lamas (PSD) eleitos pelo distrito de Aveiro para a Assembleia da República nas últimas eleições legislativas e que poderão de alguma forma influenciar a decisão da sua bancada parlamentar quando for discutido e deliberado este assunto. Até ao momento, apenas Moisés Ferreira assumiu uma posição favorável sobre a integração de Milheirós em S. João da Madeira até porque é um dos deputados proponentes deste projeto de lei. Quanto a João Almeida e a Susana Lamas, decidiram continuar sem prestar declarações, pelo menos para já, sobre este assunto.
“Uma guerra que dispenso”
A apresentação deste projeto de lei voltou a abrir “guerra” entre quem quer e quem não quer que Milheirós saia da Feira e entre em S. João da Madeira. Esta é “uma guerra que dispenso, consome energia e leva a uma defesa de território que magoa pessoas”, reagiu Emídio Sousa quando confrontado, novamente com este assunto, pelo labor.
O Município de Santa Maria da Feira sempre teve “um espírito de colaboração” com todos os demais da região e, por isso, “vejo com muita mágoa tudo isso a ser posto em causa por um não assunto” criado devido aos “interesses mesquinhos de algumas pessoas”, confessou Emídio Sousa ao labor.
A integração de Milheirós de Poiares é “o novo desafio” de S. João da Madeira, disse o autarca Jorge Sequeira durante a sessão solene da Emancipação Concelhia celebrada a 11 de outubro. Nesse mesmo discurso, Jorge Sequeira afirmou aguardar a decisão tomada sobre este assunto pela Assembleia da República, estar disponível para receber Milheirós e manter as excelentes relações com os concelhos vizinhos.
Acerca destas mais recentes declarações de Jorge Sequeira sobre este assunto, “respeito a sua opinião, respeito as pessoas de S. João da Madeira e jamais comprometerei a minha relação com os sanjoanenses”, reagiu Emídio Sousa. “Acho que a vontade política expressa por alguns políticos não se traduz na vontade de S. João da Madeira e dos sanjoanenses que se sentem bem com a sua terra tal como está”, concluiu o autarca feirense ao labor.