A nova Praça Luís Ribeiro vai mudar o aspeto, mas mantém o mesmo conceito adotado pelo seu autor, o arquiteto Raúl Lino, que quis construir um espaço onde as pessoas “gostassem de estar, conviver, uma praça fechada, onde as pessoas pudessem socializar”, afirmou Jorge Sequeira, durante a apresentação do anteprojeto de reabilitação e revitalização do centro da cidade, esta segunda-feira, dia 12 de novembro, nos Paços da Cultura.

As “ideias” de Raúl Lino levaram à forma circular da Praça Luís Ribeiro, criando assim um espaço mais “intimista como se se tratasse de uma sala de estar de S. João da Madeira”, relembrou o presidente da câmara.

Os cerca de 11 milhões de euros investidos desde 1985 até então na Praça levaram Jorge Sequeira a destacar a “necessidade de estruturar de forma coerente e fundamentada” uma nova “solução sustentável que estabilize as expectativas dos seus utilizadores”.

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O anteprojeto daquilo que poderá ser a nova Praça prevê uma mancha verde que corresponde à instalação de árvores junto ao Parque América – vasos gigantes com árvores que servirão, ao mesmo tempo, de banco – que se juntam às existentes nas esplanadas dos cafés Colmeia e Concha Doce e que poderão estender-se até uma nova esplanada caso exista uma proposta de instalação de negócio entre a loja Gilmoda e a Farmácia Central.

Este conjunto de árvores formará um círculo verde à volta do “coração da cidade” onde esteve instalado até há bem pouco tempo o Elemento Arquitetónico em homenagem à indústria. Neste espaço, que é o “centro do centro”, está prevista a instalação de um “jogo de água” com água reutilizável e com iluminação que “pode ser ligado e desligado, permitindo a realização de eventos,” e de um pavimento de granito semelhante ao existente na Casa da Criatividade que é “mais durável” e “menos propício a quedas”, adiantou o presidente da câmara.

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A mancha verde de árvores também vai ser adotada desde a Rua da Liberdade até à Praça 25 de Abril junto à Casa da Criatividade, no gaveto entre a Rua Visconde e a Rua do Dourado (em frente ao BPI), no gaveto entre a Rua Dr. Maciel e a Rua Oliveira Júnior (ao lado da Foto Mimi), em toda a Rua Oliveira Júnior e no gaveto entre a Rua Oliveira Júnior e o Largo de Santo António (em frente ao Novo Banco). A circulação de trânsito também vai sofrer alterações em algumas ruas. A começar pela Rua Visconde para onde está prevista apenas a entrada de viaturas para cargas e descargas com inversão de marcha para sair desta rua. O que leva à outra alteração que consiste em acabar com a circulação de trânsito e o estacionamento da Rua Visconde para a Rua do Dourado. Este anteprojeto que prima por “manter a pedonalização e o espaço de convívio”, “poderá não ser o projeto final, podendo sempre sofrer ajustamentos fruto deste debate”, esclareceu Jorge Sequeira ao público que praticamente lotou o auditório.

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As diferenças entre os projetos

O projeto “S. João da Madeira, Cidade Mais Verde” dos arquitetos Vasco Cortez e Nuno Pedrosa, projeto vencedor do concurso de ideias, aprovado unanimemente pelo executivo PSD/CDS-PP e vereadores socialistas no mandato anterior, sofreu alterações com a mudança de executivo agora liderado pelos socialistas e com a coligação PSD/CDS-PP a ocupar os lugares de vereadores da oposição. O projeto anterior previa o atravessamento do trânsito entre a Rua Visconde, passando pela frente do Parque América até à ligação à Rua Oliveira Júnior com um conjunto de árvores a separar a estrada da Praça; a instalação de um parque infantil; três parques de estacionamento e uma área aberta no centro que podia ser adaptada aos diversos eventos.

O presidente da câmara começou por dar algumas explicações entre as diferenças dos projetos. No gaveto entre a Rua Dr. Maciel e a Rua Oliveira Júnior, “onde o outro projeto previa um parque de estacionamento, entendemos que do ponto de vista estético e paisagístico devíamos de reduzir a presença de carros”, disse Jorge Sequeira, assumindo que “também não concordamos com o parque infantil (em frente ao Novo Banco)” porque “as crianças podem brincar no centro” e estes equipamentos não são vistos nas praças. Além disso, os lugares de estacionamento aqui existentes também vão desaparecer. A Rua da Liberdade continua como estava no anterior projeto que previa a retirada dos “chapéus” e a colocação de árvores e de um jardim. Uma outra ideia mantida do projeto anterior é a construção de um parque de estacionamento no terreno entre a Rua Padre Oliveira e a Rua Júlio Dinis. O autarca também reforçou as ideias para a Rua Visconde que é de “acesso limitado para cargas e descargas com inversão de marcha” e para a Rua do Dourado que é “ser pedonal”. Um dos aspetos mais importantes que se mantivessem do projeto anterior para o atual era “a jardinação do centro”, destacou Nuno Pedrosa, explicando que procuraram “voltar a ter a assimetria inicial” da Praça. Relativamente ao “elemento dinamizador do centro, entendemos que não devia de entrar e confronto com outros projetos, o que acontece com o ´jogo de água´”, fundamentou o arquiteto. Este anteprojeto pretende ainda “regularizar as esplanadas para que o conjunto faça um todo”, deu a conhecer Nuno Pedrosa, informando que “vai ser possível haver trânsito, mas sempre de forma condicionada”.

Executivo “trocou uma decisão de unanimidade por uma decisão de maioria”

O anteprojeto apresentado é “bonito visto de cima, mas quando estivermos no meio daquilo vai ser igual ao que temos agora”, começou por dizer Francisco Matos durante o período de debate. Na opinião deste munícipe, as esplanadas deviam ser coladas ainda mais junto aos cafés para que fosse possível voltar a passar trânsito no centro e ainda sobrava espaço para eventos. “Vocês sem o trânsito não conseguem voltar a ter a Praça”, reforçou Francisco Matos. Por sua vez, Artur Nunes, comerciante há 40 anos, 28 dos quais com loja no Parque América, deu “avaliação positiva” tanto a este como ao projeto anterior para a nova Praça. Porém, o comerciante deixou algumas preocupações. A começar pelas árvores junto ao Parque América, esperando que “tenha sido acautelado o seu efeito nas montras”, e pelas árvores junto às esplanadas dos cafés porque tanto as que existem, como, talvez, quaisquer outras, “não sejam adequadas para o local”. Artur Nunes “gostava que o trânsito circulasse num só sentido, mas não se pode ter tudo”. Por isso, o comerciante indicou aquilo que acha que deve ter que é nada mais nada menos do que estacionamento e casas de banho públicas. Já Conceição Leite quis saber como é que a Escola de Condução Ribeiro vai ter o acesso aos seus carros e dos clientes onde está situada na Rua do Dourado.

O engenheiro Jorge Cortez, também deputado na assembleia municipal, viu “nesta solução várias contradições com a memória descritiva” do projeto inicial. “Não sei se ganhariam o concurso se não tivessem colocado o atravessamento do trânsito na Praça” que podia sempre ser cortado sempre que existissem eventos e “não sei se é legítimo a entrega do projeto aos dois projetistas quando o projeto original sofreu uma alteração significativa”, indicou Jorge Cortez, considerando mesmo ter dúvidas sobre “a legitimidade para avançar com esta ideia sem um novo concurso”.

No entender de Ana Freitas, comerciante, “mais uma vez se vão fazer investimentos sem retorno”. “Como é que a plantação de árvores que significa lazer vai trazer dinamismo?”, questionou, respondendo, que esta ideia vai tornar o centro “mais escuro”, com “menos espaço” e a sua manutenção “mais dispendiosa”. A comerciante pediu até para não fazerem “isto ao nosso centro que está a definhar há 20 anos”. Ana Freitas entende que “não se justifica que a Praça seja completamente pedonal porque não temos nenhum monumento para visitar” e sugeriu “estacionamento pago e bem disseminado”. A intervenção de Paulo Cavaleiro, vereador da coligação PSD/CDS-PP, começou com a esperança de que “este seja o primeiro de mais debates” sobre a Praça. Um dos primeiros aspetos mencionados por si foi o atraso com que chegou devido “à dificuldade em estacionar”, indicando a existência de três parques de estacionamento no primeiro projeto e a de apenas um neste. Uma vez que esta obra no valor de 2,4 milhões de euros, financiada em 85% por fundos comunitários, tem o objetivo de “revitalizar o centro e o comércio” e, posteriormente, atrair “o investimento privado”, como é que vai responder a este desafio dos fundos comunitários, questionou o vereador da oposição. Por último, Paulo Cavaleiro quis saber em que é que este projeto vai responder melhor do que outro a este desafio imposto pelos fundos comunitários, relembrando que o atual executivo “trocou uma decisão de unanimidade por uma decisão de maioria”, antecipando assim a posição da coligação PSD/CDS-PP sobre este anteprojeto para a Praça.

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Donos do Colmeia e Concha Doce pedem para que as árvores sejam retiradas

A circulação de trânsito ainda mais reduzida e condicionada e a construção de apenas um parque de estacionamento não convenceu Manuel Figueira, dono do Colmeia, considerando que “se há poucas pessoas a vir ao comércio tradicional”, com estas alterações “vai ter muito menos. As pessoas vão para o centro comercial”. O comerciante discordou ainda da troca do parque infantil pelo espaço verde porque conhece muitas cidades que têm este tipo de equipamento no centro. Quanto às árvores existentes nas esplanadas da Colmeia e da Concha Doce, têm de ser “eliminadas. Elas são um poço de doenças”, apontou Manuel Figueira. Logo a seguir, Manuel Alves, dono da Concha Doce, concordou com “tirar os chapéus, mas é preciso ver as árvores”, pedindo para ser tida em conta a possibilidade de “tirar aquelas árvores” e a procura de “uma solução viável para todos”. O acesso do carro dos bombeiros em caso de incêndio no centro da cidade, a existência de sanitários públicos, a iluminação praticamente inexistente na Praça e as árvores que parecem tapar a fachada do Parque América foram apontadas pela munícipe Susana Costa. O envolvimento da Associação Comercial neste e no anterior projeto foi mencionada pelo seu presidente Paulo Barreira. A Associação Comercial foi envolvida com “muita antecedência” no anterior projeto, “contribuiu com ideias” e integrou o júri que escolheu o projeto vencedor. Até ao momento, a Associação Comercial apenas foi chamada à câmara para ouvir a proposta do novo anteprojeto numa reunião realizada a 8 de novembro. Este novo projeto tem de ser “revisto” porque “a grande maioria dos comerciantes não estão satisfeitos”, afirmou o presidente da Associação Comercial. Paulo Barreira também mencionou a falta de estacionamento, a “cortina de árvores” em frente aos negócios do Parque América e que a Rua Visconde tem de ser “muito revista”. Já o munícipe Luís Machado deve ter sido dos poucos que concordou com “a génese do projeto, em especial com o ´jogo de água´, e com a existência de estacionamento em excesso na Praça”. Contudo, o munícipe pediu a Jorge Sequeira “mais ambição” para o centro da cidade. O munícipe Paulo Bacalhau ficou agradado pelo “jogo de água” e pela zona ampla criada na Praça, mas não tanto em relação a outras medidas, entendendo que a circulação de trânsito deve continuar entre a Rua Visconde e a Rua do Dourado e deve ser feita uma abertura na “cortina de árvores” em frente à entrada do Parque América. A questão sobre qual a estratégia para o centro da cidade foi levantada por mais do que um dos intervenientes que esperavam um anteprojeto mais concreto e com menos dúvidas.

“O objetivo desta sessão era sobretudo ouvir”

Ao fim de todas as intervenções, Jorge Sequeira assumiu que “o objetivo desta sessão era sobretudo ouvir opiniões para que depois possamos refletir e ponderar sobre cada uma delas”. O presidente da câmara assegurou o acesso do carro dos bombeiros em caso de incêndio no centro da cidade, a melhoria da iluminação e a não ocultação dos estabelecimentos comerciais do Parque América pelas árvores. Além disso, “estamos a estudar o acesso à garagem da Escola de Condução Ribeiro”, acrescentou o autarca. Este anteprojeto depois de ter em conta as devidas alterações passará a ser o novo projeto para a Praça Luís Ribeiro que vai ser adjudicado por “ajuste direto nos termos da lei”, afiançou Jorge Sequeira sem adiantar prazos.

Entre as Ruas Padre Oliveira e Júlio Dinis

Praça vai ter parque de estacionamentocom capacidade para 90 carros

Câmara quer colocar em marcha campanha de promoção dos parques subterrâneos

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O parque de estacionamento previsto entre as ruas Padre Oliveira e Júlio Dinis é uma das ideias que transita do projeto anterior para o atual.

O acesso ao parque com carro poderá ser feito pela Rua Júlio Dinis, onde continuará a circular o trânsito. Já o acesso pedonal poderá ser através das duas ruas Padre Oliveira e Júlio Dinis.

“O que vai corresponder à necessidade de estacionamento sentida pelos comerciantes no centro cívico”, considerou Jorge Sequeira.

A única diferença é que este parque de estacionamento, com capacidade para 90 viaturas, estava contemplado no projeto anterior, mas agora será um segundo projeto que pretende ser mantido em paralelo com o primeiro que diz respeito à Praça. Isto é, a câmara municipal quer concessionar o parque de estacionamento a um privado ao mesmo tempo que coloca no terreno a obra de reabilitação e revitalização da Praça. Relativamente ao estacionamento, o presidente Jorge Sequeira destacou ainda a ideia de uma das intervenientes que passa por uma campanha de promoção dos parques subterrâneos existentes na cidade que estão “subutilizados”, demonstrando ter interesse em levar a cabo a mesma.

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