ESTAMOS NA FITU PUTO…
No primeiro noticiário matinal do dia em que escrevo fiquei a saber que os juízes iam fazer greve! Ou seja: Os titulares de um dos pilares do Estado – o poder judicial – iam fazer greve às prestações, durante um ano, o que não deixa de ser uma iniciativa com piada. É tipo “greve tracejada” como os traços como uma sinalização horizontal. É estranho. É tão estranho quanto seria ver os deputados a fazer greve. Os que constituem o poder legislativo. Ou os membros de um Governo qualquer, porque são o poder executivo. E o Presidente da República a fazer greve? Então isso é que era… Mas com o desenrolar da notícia percebi que os juízes – tirando o facto de serem um órgão de soberania – têm as suas fundamentadas razões. E se bem ouvi, o representante da sua associação sindical (???) terá dito que o subsídio ou ajuda de custo que recebem (para lá do ordenado) se mantém inalterado desde 89 (deve ser 1989) apesar de em 2003 ter havido um compromisso de o atualizar. Tantos anos depois ainda é, segundo percebi, qualquer coisa como 600 euros! Qualquer coisa como o salário mínimo que virá em 2019! Pasme-se! Têm toda a razão. Então não lhes atualizaram desde então esse subsídio? Nem que fosse à taxa da inflação! É um escândalo. Se eu estivesse há tantos anos sem ter esse subsídio atualizado também ficava chateado. Mas ainda bem que não tenho esse subsídio… Como aprendi com a minha querida sogra, “estamos na fitu puto”!
Balha-me Deus…
COLISEU ROMANO
Quando era miúdo e o único canal de TV a preto e branco era a mais recente novidade tecnológica, nas tardes de domingo lá tínhamos que aturar a tourada. A menos que tivéssemos parceiros para uma futebolada de rua ou para fazer outras asneiras próprias da época como atirar pedras até um vidro de um dos vizinhos se partir. Era assim a nossa infância. Mas se tivesse mesmo que ver a tourada por ausência de alternativa eu estava sempre do lado do touro. Gostava de o ver atirar aqueles tipos de chapéu esquisito ao ar e passar por cima deles sem os aleijar. Sim, porque nessas coisas os touros foram sempre muito meiguinhos tirando aquela história que um deles fez ao coitado do Pedrito de Portugal. (Quem não souber o que foi pode pesquisar na net)! E até há alguns dias nem me lembrava das touradas. Até que começaram a falar do IVA para cima, IVA para baixo e depois apareceu o Manuel Alegre – o dos poemas de que gosto muito… – a falar do assunto e a defender que essa coisa das touradas e espetar ferros no animal eram uma questão de cultura. Não queria comentar muito o assunto, mas lembrei-me dos espetáculos sanguinários que aconteciam no tempo dos romanos como diversão social, nos coliseus, que acabavam quase sempre com mais mortos do que um atentado terrorista, com decapitações e tudo. E pensei no que teríamos hoje se essa coisa que na época era civilizacional e cultural não tivesse terminado. Suponho que o Poeta não se queria referir ao assunto nesses termos. Mas quero eu.
Balha-me Deus!
ESPLANADAS COM CARROS A PASSAR
A propósito da discussão sobre o futuro do centro cívico, vulgarmente designado de “a Praça”, recordava há dias com uns amigos os tempos em que íamos beber um fino e comer um pires de tremoços à esplanada da Colmeia que ocupava praticamente todo o passeio de então. Se estendessemos as pernas era quase certo que os peões não passavam e quase que conseguíamos colocar os tacões dos sapatos no para-choques dos carros que aí estacionavam “em espinha”. Nessa época não nos importávamos com o cheiro dos escapes nem com o ensurdecedor barulho das motoretas ou com a música e anúncios da cabine de som do Mário da Eco! Do tipo: “Café Império! O império do café” e outras pérolas! Eram outros tempos, com muito menor grau de exigência do que hoje. Exigência ou exigir eram palavras que nem constavam do nosso vocabulário. Quem exigisse tinha destino assegurado. Não era como hoje em que toda a gente exige tudo e mais qualquer coisa, de preferência com retroativos… Mas vamos ao que interessa. Hoje temos uma apetência natural e justificada por mais qualidade de vida. Não gostamos de estar numa esplanada com carros a passar. Ninguém gosta. E nisso tenho que dar razão ao vereador Paulo Cavaleiro que o afirmou na reunião de câmara desta semana, a propósito do que se pretende fazer na Praça. Esplanadas sem carros. Concordo perfeitamente e apoio. Ninguém gosta de estar numa esplanada com carros a passar. O que não acontecia no projeto aprovado pela Câmara anterior…
Balha-me Deus!
IR À PRAÇA!
“Ir à Praça” era uma expressão que na época dos pires com tremoços na esplanada significava algo de muito apelativo. As pessoas aperaltavam-se para “ir à Praça”. Desde “ir” só para ver quem lá estava ou chegava na camioneta da carreira até “ir” para comprar qualquer coisa. Bugiganga, peça de roupa, jornal, meia-dúzia de pastéis, um rolo de fotografias, cortar a barba ou o cabelo (os homens), fazer uma “permanente” (as senhoras) … Sei lá mais por que razão! Qualquer coisa era motivo para “ir”. E era um “ir” a pé até porque carro era coisa de gente rica! Esse “ir à Praça” deixou de ter encanto não só porque a cidade ganhou outras centralidades, mas também porque muitos dos seus agentes económicos não estiveram atentos a essa mudança. Mas são eles e o poder púbico que têm a obrigação de inverter a situação. Uns diferenciando-se das grandes superfícies criando comércio de rua que seja atrativo e interessante – como alguns que já lá existem – e os outros criando amenidades positivas no centro para potenciar a sua frequência pelos locais e visitantes. Cada uma das partes saberá como o fazer. E se não souber devem procurar conselho junto de quem sabe e, principalmente, de quem já o fez. Não acredito que um ou mil “abaixo-assinados” resolva o que quer que seja!
Balha-me Deus!