A vida e a obra do autor d’ Unhas Negras serviram de mote a um evento integrado nas comemorações do 36.º aniversário do Sindicato dos Professores do Norte – SPN (Aveiro Norte) que teve lugar na cidade de S. João da Madeira, esta última sexta-feira à noite, e terminou com bolo e os “parabéns a você”.
Para assinalar a efeméride, o Núcleo de Aposentados do SPN levou a efeito uma visita guiada ao Museu da Chapelaria e, no auditório deste equipamento cultural, promoveu uma conversa sobre João da Silva Correia, “cidadão sanjoanense que deixou uma herança histórica e cultural rica e muito relevante para a cidade, dando nome a um dos seus agrupamentos de escolas”, conforme refere nota informativa enviada ao labor pelo SPN.
Evento contou com a presença de dezenas de pessoas
Participaram na visita algumas dezenas de pessoas com as mais diversas profissões, que assim puderam conhecer a história de uma das componentes essenciais na formação do concelho: a indústria dos chapéus.
Já a conversa decorreu à volta d’ Unhas Negras, obra fundamental para recordar a história, as condições de vida, as lutas daqueles trabalhadores, no início do século XX. Orientado por duas dirigentes do SPN, o debate começou – segundo adianta o texto recebido pelo nosso jornal – com uma intervenção em que se recordaram alguns dos objetivos do sindicalismo docente, desde as suas origens, mesmo antes do 25 de Abril, com a ação dos Grupos de Estudo, para a construção de uma escola democrática e a solidariedade com todos os trabalhadores, independentemente da sua origem e formação: “quebrar com o conceito elitista do intelectual, fundir o seu isolamento relativamente ao mundo do trabalho, dar as mãos a todos os que vivem do seu labor foi uma linha de ação nunca abandonada [Balanço de atividades da direção provisória (abril de 1974 a janeiro de 1976) – Boletim Sindical]”.
Secundária n.º 2 passou a ter como patrono João da Silva Correia por proposta de Renato Figueiredo
A introdução à 3.ª edição d’ Unhas Negras, da autoria de Renato Figueredo, que dedicou uma atenção profunda ao estudo e à revisão da obra de João da Silva Correia, foi a forma usada para a apresentação do livro e, igualmente, motivo para a discussão.
Na ocasião, foi ainda recordado que por proposta daquele, enquanto diretor da biblioteca municipal, a então escola secundária n.º 2 passou a ter como patrono, João da Silva Correia. De acordo com a nota de imprensa remetida ao labor, “a aceitação da proposta pelo conselho pedagógico e o envolvimento dos seus professores permitiram que se assumisse esta nova designação, dignificando-se como instituição educativa e contribuindo para avivar a memória coletiva desta comunidade”.
“A importância da obra de João da Silva Correia, e nomeadamente da que relata a desumanidade da vida dos chapeleiros por volta de 1914, foi vastamente referida pelos presentes na sessão e razão para se afirmar que valeu a pena, vale sempre a pena, estudar, debater, refletir sobre o contributo local para a história mais geral: a história de um povo que, pela força do seu trabalho, da sua luta por um mundo mais igual e menos madrasto para tantos, é afinal o motor que faz andar a história”, sublinha o SPN através de comunicado.