A exposição de fotografia de Dinis Santos “Uma casa não se quer grande” foi inaugurada no dia 25 de novembro, pelas 17h00, nos Paços da Cultura 

 

O Centro de Arte não só produziu esta exposição de fotografia, como também convidou Dinis Santos a desenvolver um trabalho fotográfico em torno de S. João da Madeira.

A “génese de imagens” agrupadas nesta exposição é anterior ao convite e “remonta a um tempo durante o qual voltei a morar aqui, em casa dos meus pais”, explicou Dinis Santos.

“A crise, que celebra este ano o seu décimo aniversário, roubava-me algum sono, e as insónias convertiam-se em esperas numa varanda, a olhar prédios envoltos em montes, ou em deambulações pela paisagem sanjoanense”, relembrou o artista.

“Nessas noites, o real parecia diluir-se plenamente em mercadoria desvalorizada”, continuou Dinis Santos, acrescentando que nessa altura “olhava os prédios como subprodutos da indústria do crédito e as ruas como corredores de armazéns onde se depositam as limalhas da finança” e “ao amanhecer, a social democracia portuguesa parecia arrastar-se, sobrevivente, por mais um dia, entre esses bizarros corredores”.

O título teve por base a frase “Uma casa não se quer grande, quer-se pequena como o ninho” escrita num azulejo que está numa casa devoluta ao lado da loja Malisan, revelou o artista ao labor.

Entre as imagens desta exposição existem paisagens e ambientes que foram fotografados por Dinis Santos pela primeira vez em 2014 e que voltaram a ser captados e eternizados através da fotografia em 2018 depois de ser convidado pelo Centro de Arte para realizar este trabalho.

Um trabalho que provoca a reflexão sobre os efeitos da crise que pode ter sido passageira para muitos, mas continua a assombrar outros tantos em Portugal.

“A paisagem urbana tem sido um dos motivos principais da história da fotografia”, começou por dizer Andreia Magalhães, diretora do Centro de Arte, crendo que “para além de motivos culturais óbvios, talvez seja pelas cidades e as suas paisagens serem elusivas e estarem em permanente mudança que desde o início despertaram o interesse dos fotógrafos”.

“Uma fotografia isola, preserva e apresenta uma imagem num momento”, descreveu Andreia Magalhães, destacando o facto destes registos fotográficos retratarem muito mais do que o que é visível, isto é, “uma camada invisível que é também social e política”. Tal e qual como acontece em “Uma casa não se quer grande” de Dinis Santos.

A exposição fotográfica está patente até ao dia 25 de janeiro de 2019, de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 17h30, e à terça-feira, das 9h00 às 19h30, nos Paços da Cultura.

 

 

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