O que levará a um défice de 60 mil que a Associação vai tentar “minorar ou até suprimir” através da “angariação de fundos junto da câmara e da comunidade”
A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de S. João da Madeira aprovou unanimemente o Orçamento e o Plano de Atividades para 2019 na assembleia geral realizada a 29 de novembro no Quartel Sede.
O Orçamento e Plano de Atividades tem gastos com despesas e investimentos de 999.290 euros e receitas de 939.290 euros, levando à previsão de um défice de 60 mil euros no próximo ano quando tiveram défice zero em 2018.
A Associação Humanitária vai tentar “minorar ou até suprimir este défice” através da “angariação de verbas junto da câmara e da comunidade”, afirmou o presidente Carlos Coelho ao labor.
Este défice é o resultado de uma série de investimentos necessários para o próximo ano à volta de 240 mil euros. Entre esses investimentos estão a compra de duas ambulâncias de socorro para a substituição de outras duas que estão ao serviço desde 2001 e se encontram em fim de vida, um compressor de pressão de ar respirável, um ventilador de pressão positiva para incêndios urbanos, um Desfibrilhador Automático Externo (DAE) para uma ambulância das mais antigas, fardamentos e equipamentos de proteção individual para fogos urbanos e industriais.
Uma das ambulâncias já foi encomendada, vai ser entregue em janeiro do próximo ano aos bombeiros e será paga pela verba ganha pela Associação Humanitária no Orçamento Participativo Municipal 2018. Para a compra da outra ambulância, “teremos de angariar meios próprios”, revelou Carlos Coelho.
O presidente destacou o apoio camarário na compra do compressor de pressão de ar respirável ao atribuir um apoio extraordinário no valor de 20.571 euros, valor do equipamento, e a compra dos fardamentos e dos equipamentos de proteção individual.
Tanto uns como outros são “absolutamente necessários porque os que temos estão em fim de vida e não oferecem garantia de segurança para os nossos bombeiros”, frisou o Carlos Coelho.
O presidente e os restantes elementos dos órgãos sociais continuam com a “ideia base” de “garantir a sustentabilidade da associação e do corpo de bombeiros com o controlo das despesas”, salientando a necessidade de este ano terem de ter “um pouco mais de prudência porque a nível nacional de bombeiros anunciam-se muitas e profundas mudanças que não podemos antever no que vão dar” e encarando os próximos tempos como “tempos de incerteza”.
Por enquanto, uma das certezas da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários sanjoanenses é continuar a cumprir o objetivo de “manter excelência e prontidão na prestação de serviços prestados pelos bombeiros à comunidade e ao município”, assegurou o presidente ao labor.
“Receitas próprias cada vez mais se demonstram insuficientes para manter estas casas de pé”
As receitas da Associação Humanitária rondam os 297.300 euros, as receitas do Estado os 274.900 euros e as receitas previstas por parte da autarquia 155.300 euros em 2019, perfazendo uma receita total de 727.500 euros que equivale aos cerca de 700 mil euros de gastos correntes sem investimentos que rondam o valor habitual da associação, explicou Carlos Coelho. O presidente e restantes dirigentes pretendem levar a cabo “uma grande angariação de fundos” que leve a arrecadar os 211.70 euros que completam o orçamento e ainda assim fica com o défice de 60 mil euros. Perante estes dados, é evidente que “as receitas próprias cada vez mais se demonstram insuficientes para manter estas casas de pé”, frisou Carlos Coelho ao labor.
Por isso mesmo, o presidente pediu à autarquia para “olhar para a associação com outros olhos de ver ou o corpo de bombeiros e a cidade irão perder muito porque não há verbas para manter o corpo de bombeiros ao nível que temos e a responder da forma que responde presentemente”, pondo até à consideração um estudo em que este tipo de associações deviam de ser “suportadas ao mesmo nível pelas três partes (associação, Estado e Município)”.
Presidentes “estão a atrofiar o corpo de bombeiros” com a estagnação dos subsídios
A autarquia sanjoanense atribuiu subsídios no valor total de 212.881,56 euros em 2018 aos bombeiros voluntários. A saber, 102 mil euros para o funcionamento da corporação e suporte de despesas inerentes ao cargo do comando operacional, 36 mil euros que resultam do cumprimento do protocolo para o enquadramento de pessoal destinado a integrar as Equipas de Intervenção Permanente (EIP) em que 50% é suportado pelo município e os outros 50 pelo Estado, 4.677,69 euros para a adaptação de um ambulância, 69.98,16 euros para a compra de um ambulância de socorro através do Orçamento Participativo Municipal e 20.571 euros para a compra de um compressor de alta pressão de ar respirável. Apesar de todos estes apoios, em especial o cumprimento do protocolo das EIP, algo que não era levado a cabo pelo Município desde há algum tempo, “os subsídios da autarquia desde o ano 2000 que não são alterados”, indicou Carlos Coelho.
O presidente da Associação Humanitária apontou o dedo ao “facto aflitivo de os nossos presidentes da câmara ainda não terem compreendido” que com a estagnação dos subsídios “estão a atrofiar o corpo de bombeiros. Não sobra dinheiro para substituir os materiais, os fardamentos, os equipamentos, as viaturas que vão chegando ao fim de vida. Por vezes, poderemos por em risco a vida dos próprios bombeiros porque podem estar a utilizar equipamentos que não têm garantia e estão em fim de vida”. Neste seguimento, Carlos Coelho aproveitou para explicar que “o grande trabalho de angariação de receitas para ir minorando esta situação não deve ser tida como natural” porque “estas atividades foram criadas há 20 anos para termos meios extra para fazermos investimentos. Ao longo dos anos, isso foi subvertido porque estas verbas foram sendo necessárias para o dia a dia”.