A cooperativa teve, pela primeira vez, duas listas a disputar uma eleição e uma votação expressiva
O pintor José Emídio da Silva, também conhecido como professor Emídio por muitas pessoas em S. João da Madeira, é o novo presidente do Conselho de Administração da Cooperativa de Atividades Artísticas Árvore do Porto.
As eleições ficaram marcadas pela existência, pela primeira vez, de duas listas a disputar a liderança da Árvore em 55 anos de existência e pela votação expressiva em relação a outras.
No caso da primeira estreia, “acho que era interessante até para a própria cooperativa haver alternativas”, afirmou José Emídio da Silva, constatando que este acontecimento levou ao seguinte, isto é, à votação expressiva. Num universo de 224 votos, dos quais 165 na lista “A”, liderada por José Emídio da Silva, 57 na lista “B”, liderada pelo economista António Rocha Moreira, foram contabilizados um voto nulo e um branco.
Apesar de ter a perceção de que “havia um certo sentir das massas”, “o certo é que na vida e neste processo nunca gostei de embandeirar em arco, achar que as coisas se ganham antes de serem ganhas”, esclareceu José Emídio. Contudo, o novo presidente da Árvore admitiu que “tinha alguma convicção de que podia ser possível vencer as eleições com mais ou menos expressão”.
A votação expressiva alcançada nestas eleições é “uma expressão inequívoca e que legitima de algum modo esta direção como nunca do ponto de vista das leituras que se podem fazer em relação à adesão das pessoas seja a um projeto ou a outro”, considerou José Emídio da Silva ao labor.
A sua ligação à Árvore aconteceu quando era estudante de Belas Artes depois de ter sido convidado por uma colega para fazer parte da mesma corria o ano de 1978. O então aluno José Emídio da Silva frequentou o espaço, expôs lá trabalhos e visitava com frequência a Árvore. Até que um dia, em 1989, foi convidado a ser vogal da direção. Na altura, “aceitei naturalmente com muito gosto”, recordou o agora presidente da Árvore. Desde então, José Emídio continuou a pertencer às direções como vogal. Quando o engenheiro Amândio Secca concorreu à presidência, o pintor José Emídio era o vice-presidente dessa lista única. E nesse cargo permaneceu nos últimos três mandatos.
Portanto, neste pequeno historial da sua minha ligação à cooperativa, “acho que se compreende bem que existe uma ordem natural das coisas se é que se pode dizer assim”, constatou o recentemente eleito como sexto presidente da Árvore.
Entretanto, o falecimento do engenheiro Amândio Secca levou a que a direção tivesse de designar um presidente até ao final do mandato. O nomeado foi José Emídio da Silva que concorreu como presidente nas mais recentes eleições e venceu as mesmas.
Entre os grandes projetos para os próximos três anos de mandato está “o grande projeto da Árvore” que é “continuar a sobreviver”, indicou José Emídio da Silva, passando a explicar que “uma casa como a Árvore ou instituições deste tipo que não têm subsídios regulares ou receita garantida seja de que meio for que lhes garanta uma certa estabilidade”. Por isso, “a Árvore como outras instituições deste género tem de esgravatar o futuro, tem de lutar e conquistar essa estabilidade”, destacou o novo presidente ao labor.
“Vamos ver se a Árvore pode fazer algo por S. João da Madeira”
As três grandes áreas de atividade da cooperativa são as salas de exposição, a loja e a galeria permanente; as oficinas e produção de Serigrafia, Litografia, Gravura, Cerâmica, Fotografia e Multimédia; e serviços de dinamização e de ação cultural relacionados com obras de arte, exposições, edições, eventos culturais, formação e serviços de arte.
O pintor José Emídio da Silva encara com “muita honra” este “novo desafio” e até deixa em aberto a possibilidade de criar uma sinergia entre a Árvore e o Município de S. João da Madeira. “Vamos ver se a Árvore pode fazer algo aqui por S. João da Madeira”, assumiu José Emídio da Silva durante a conversa com o labor.
“Embora S. João da Madeira tenha uma dinâmica cultural muito interessante, o Porto é sempre uma montra”, admitiu o novo presidente da Cooperativa Árvore.
“Se for interessante fazer uma extensão de S. João da Madeira no Porto, a Árvore é uma possibilidade de ser uma montra da atividade cultural de S. João da Madeira”, adiantou José Emídio da Silva ao labor.