Há muitos adolescentes que não estão interessados em seguir “estudos superiores”, o que não tem mal algum. Daí muitos adolescentes começarem a trabalhar e alguns seguirem profissões de incidência no trabalho manual e saberes mais técnicos que não têm a ver com estudos “superiores”. A própria designação de “superior” é, confesso, ofensiva e desadequada, porque pressupõe, à partida, que um licenciado é “superior” a um não licenciado. Todos são precisos, todos precisam de todos. Não prosseguir estudos não significa estar alheado da tecnologia, da internet ou da arte, cultura ou política. A ideia que só os letrados seriam detentores da verdade ou, pelo menos, os autorizados a debater assuntos sérios já passou à história.

Mas há problemas sérios de empregabilidade e autonomia em que a economia de mercado, quando em crise não poupa ninguém e repercute-se sobretudo nos jovens e mulheres, porque são os elos mais frágeis e também os que são considerados, por vários motivos, os mais descartáveis (inexperiência, tradição de os homens trabalharem e as mulheres não, filhos).

Não se pode comparar situações incomparáveis e, neste aspeto, ainda existem marcadas diferenças entre o mundo rural e o mundo urbano com capacidade de gerir as frustrações, os desejos e as expectativas de um modo diferente.

Obviamente que, na atual situação, quantos mais trunfos melhor. E a escolaridade é um deles como raciocínio subtil, o conhecimento de línguas ou de informática, o desejo de vencer.

O desejo (e a necessidade) de autonomia, que só pode ser entendido em cada caso e em cada ecossistema familiar é uma das traves – mestras das opções por continuar a estudar ou começar a trabalhar.

Certo é que cada qual sabe de si. Só que estudar aumenta o leque de opções. Mas não é uma obrigatoriedade nem as pessoas serão menos por decidirem trabalhar.

É tempo de acabar com estas discriminações burguesas e de novo-riquismo. Todas as pessoas são importantes. E não há “animais mais iguais do que outros”.

Mas, tal como os que decidem prosseguir estudos universitários, há que ponderar o presente e o futuro em termos de profissão, trabalho e emprego.

Se bem que o que importa é que cada pessoa consiga encontrar um trabalho que os sustente e realize.

Mas há trabalho que não é trabalho. A não o ser, há que se ter cuidado. É que contratar adolescentes está a ser lucrativo para uns poucos com prejuízo para muitos adolescentes e para o Estado.

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