Paulo de Carvalho está de regresso aos palcos com “Informal”, um espetáculo intimista e de grande interação com o público que a Casa da Criatividade recebe este sábado, pelas 22h00, e no qual o cantor conta “histórias” “que poucos conhecem”. O labor esteve à conversa com este nome incontornável da música portuguesa
Nesta tour apresenta-se de forma “Informal”? Diga-nos o porquê de isso só acontecer agora.
Esta forma a que gosto de chamar “Informal”, ou “Voz e Piano”, sendo uma forma intimista, proporciona-me a possibilidade de cantar e contar histórias da minha vida e das músicas que interpreto.
Neste formato “Informal” temos um Paulo de Carvalho diferente de todos aqueles que temos tido ao longo de mais de 55 anos de carreira? Ou continua a ser o Paulo de Carvalho de sempre?
Continuo o Paulo de sempre. Este formato permite-me, como disse, estar mais perto do público que me quer ouvir e, assim, dar-me a conhecer melhor, até porque há histórias para contar que poucos conhecem.
Em “Informal”, Paulo de Carvalho presta homenagem a Ary dos Santos
Temos conhecimento que em “Informal” apresenta os êxitos de sempre intervalados por histórias inéditas contadas na primeira pessoa. Não nos quer desvendar, pelo menos, uma dessas histórias?
Durante o concerto presto uma homenagem a José Carlos Ary dos Santos. Conto a história, cantando, de alguns dos fados que fizemos para, por exemplo, o Carlos do Carmo.
Como tem corrido a tour? Quantos espetáculos já fez?
Estamos neste momento a meio da tour “Informal” e os concertos têm corrido como já esperava: grande e boa adesão do público.
O que os sanjoanenses podem esperar do espetáculo do dia 2 de fevereiro? É a primeira vez que atua na cidade de S. João da Madeira (SJM)?
Não é a primeira vez que atuo em SJM. Em 56 anos de percurso, este tinha sido “mal feito” se fosse a primeira vez que vinha a S. João da Madeira. Quanto a cantigas para ouvirem, quem tem memória, lembrar-se-á d’ “E Depois do Adeus”, “Os Meninos do Huambo”, “Flor Sem Tempo”, entre outras.
“O balanço [da carreira] é muito, mas mesmo muito positivo”
Qual o balanço deste mais de meio século de carreira? Quais a fase, o disco e a música mais marcantes até hoje? Porquê?
O balanço é muito, mas mesmo muito positivo. A música mais marcante, por razões óbvias, será “E Depois do Adeus”. É difícil identificar a fase mais marcante num percurso de mais de 55 anos, mas gosto muito de trabalhar em estúdio e também gosto de compor, portanto…
Quanto ao disco, podemos falar do “Duetos”, que foi o último álbum que saiu, com produção de AGIR, e que foi Disco de Ouro. O último é sempre o melhor.
Depois de o vermos ‘informalmente’, o que mais podemos esperar de si? Tem mais algum “formato”/trabalho na calha?
Claro que sim. Existe um “formato” de que também gosto muito que se chama “Intemporal”, com praticamente as mesmas cantigas só que arranjadas para banda de sete elementos. Este formato permite-me atuar em todo o tipo de eventos, independentemente da sua dimensão, ideal, nomeadamente, para eventos ao ar livre.
Alguma vez ponderou deixar a música e fazer outra coisa qualquer?
Apesar de todas as dificuldades desta profissão, continuo a adorar o que faço: música.
O nosso país trata bem os músicos?
Não tenho razão de queixa ao fim deste tempo todo de carreira. Penso ter um público que gosta do que faço e da forma como o faço. Deixo a resposta a esta vossa pergunta ao cuidado de quem nos está a ler.
E a cultura em geral?
A única revolução que me interessava que tivesse acontecido era a “Revolução Cultural” e essa, verdadeiramente, nunca aconteceu.
The Black Mamba também na Casa da Criatividade
Depois de Paulo de Carvalho, a Casa da Criatividade volta a abrir as portas no próximo dia 15, pelas 22h00, para receber The Black Mamba. Em S. João da Madeira este trio de grandes músicos vai dar a conhecer “The Mamba King”, o seu terceiro disco, lançado no final de 2018, que, dizem eles, tem a mesma “’vibe’ dos anteriores, sendo meio ‘old school’, ‘blues’ e ‘soul'”, mas estando revestido de uma roupagem mais atual.
Segue-se, a 21 de fevereiro, o espetáculo “Do princípio ao fim” (Teatro das Beiras), construído a partir da revisitação ao acervo dramatúrgico de Eduardo De Filippo, estruturando-se num guião que aborda os géneros comuns ao teatro musical e dramático de grande expressão popular nos teatros de bairro e cafés-teatro na Europa do pós-guerra.
Desta feita nos Paços da Cultura, há cinema português gratuito dia 7, pelas 21h30, com o filme “Ruth” exibido no âmbito do Cine S. João. Já no último domingo do mês, às 17h00, sobe ao palco a Banda de Música de S. João da Madeira para um concerto integrado no projeto camarário “Somos Nós”.
Mais informações podem ser obtidas em www.casadacriatividade.com.