A conferência “Thinkspace – Viagens: do lazer à profissão”, organizada pela Associação Cultural Luís Lima, contou com o testemunho de quatro pessoas diferentes que têm em comum uma prioridade no seu percurso de vida que é a de viajar e de explorar o mundo.
Eles são Rui Barbosa Batista, jornalista e líder/cronista de viagens, João Amorim, vencedor do Gap Year Portugal e líder de viagens, André Parente, consultor e bloguer de viagens, e Carla Mota, geógrafa e líder de viagens. Todos eles deram a conhecer um pouco das experiências que têm travado nos mais diversos cantos do mundo, tendo um deles, Rui Barbosa Batista, tido um papel extra, enquanto moderador deste “espaço para pensar” sobre as viagens que podem ir do lazer até à profissão.
Para Rui Barbosa Batista, “viajar é o melhor investimento da vida”. Um investimento que transforma a pessoa que viaja numa pessoa “mais madura, responsável e com capacidade para lidar com os desafios do dia a dia”. Além disso, as ferramentas adquiridas ao longo de cada viagem “contam muito no mercado de trabalho”, indicou o jornalista que já visitou mais de 100 países. Não tendo a menor dúvida de que a entidade empregadora ao analisar os currículos dos candidatos, terá uma maior atenção para aqueles que tiverem um fator diferenciador como o de conhecer ainda que seja uma ínfima parte do mundo.
O testemunho de Rui Barbosa Batista passaria ainda pela pressão da sociedade com que todos nós, em determinada altura da vida, nos deparamos ou ainda viremos a deparar. E aí, nesse momento, cabe a cada um de nós decidir se segue aquilo que quer ou que os outros querem de si. O que levou a um outro tópico não menos importante que está relacionado com a vocação versus a realização até porque a noção de “bem-sucedido” é variável de pessoa para pessoa.
O sanjoanense João Amorim é uma das pessoas que teve a coragem de assumir que tinha muitas questões e poucas respostas sobre si mesmo. As questões começaram a encontrar as respostas depois de viajar. Uma aventura que começou quando venceu o Gap Year Portugal em 2015 e que o levou a viajar, juntamente com a namorada Tamára Brandão, ao longo de oito meses, pelo continente americano. João Amorim hoje é líder de viagens para o Peru, a Guatemala e a Colômbia. Viagens que “mudaram” a sua “forma de ver, pensar e ser”, disse o próprio aos presentes. A viagem à Bolívia pelo facto de as pessoas terem pouco, mas serem felizes. Eles têm “muito menos que nós e podem ser tão ou mais felizes que nós”, afirmou João Amorim com base naquilo que viu, nas pessoas que conheceu e nas histórias que ouviu e sobre as quais refletiu. E a viagem à Cidade Maia de Tikal na Guatemala, onde passou a noite. Uma experiência “inacreditável” principalmente pelo facto de João Amorim poder ter sido o primeiro português que lá passou a noite em mais de 2000 anos de existência.
O importante é cada um saber o que o “faz feliz”
André Parente tinha um emprego estável na área do marketing e de vendas para grandes empresas e com a certeza de uma progressão profissional até ao topo dos topos. Ele tinha todas as condições reunidas para levar uma vida estável e planeada, mas decidiu trocar isso pela aventura das viagens. Uma decisão que levou a que atravessasse um período solitário devido à incompreensão da maior parte das pessoas que o rodeavam. O que agora é uma ferramenta apreciada pelas entidades empregadoras – o ato de parar para viajar – no tempo de André ainda não o era. O que não deixa de ser interessante perceber que o outrora André incompreendido por quase todos, agora é visto como o André à frente do seu tempo. Ele teve a ousadia de decidir que era o seu tempo de viajar. E viajar “mudou-me a mim e à minha vida”, assumiu o próprio aos presentes. André Parente tornou-se num nómada digital e consegue conciliar o seu trabalho, que pode ser feito em qualquer lugar desde que tenha computador e ligação à internet, com as suas viagens pelo mundo.
Já Carla Mota sempre soube que queria ser “uma verdadeira exploradora e conhecer o mundo”. Esta sanjoanense quer “conhecer todos os lugares do mundo”. Para tal, luta todos os dias para conseguir conciliar o trabalho que lhe permite independência financeira para explorar todos os lugares até aos confins do mundo. A questão da segurança pela sua condição de mulher, que já viajou e não tem problemas em viajar sozinha, é “uma falsa questão”, esclareceu Carla Mota, explicando que quando se viaja sozinho deve-se ter determinados cuidados, muitas vezes acrescidos, aos de quando se viaja em grupo. Uma dica que deve de ser aplicada a qualquer viajante.
Ao longo do período de questões colocadas pelo público, André Parente quis esclarecer que quem viaja “não é melhor do que outra pessoa qualquer”. A mensagem que todos os convidados pretenderam transmitir é que o importante é cada um saber o que o “faz feliz. Ao estar bem comigo próprio, só assim estarei bem com os outros”, clarificou André Parente. Por sua vez, Carla Mota salientou a importância de viajar. Para esta sanjoanense “não chega a educação formal, é preciso a educação informal, conhecer o mundo”. Um dos aspetos mencionados pelos convidados esteve relacionado com o “aprender” a viajar de alma e coração porque os conhecimentos adquiridos e as experiências vividas valem muito mais do que uma fotografia.
Esta é terceira edição do “Thinkspace” que foi criado com o intuito de criar “um espaço de reflexão e debate sobre a solidariedade, a cultura e, claro, de tributo ao Luís Lima”, relembrou o presidente da associação Tiago Valente dos Santos.
Quatro viajantes que deve acompanhar pelo mundo
As aventuras destes quatro viajantes podem ser acompanhadas através das suas páginas: Rui Barbosa Batista através de “Born Free” (http://bornfreee.com), João Amorim através de “Follow the Sun” (https://www.instagram.com/Followthesuntravel/), André Parente através de “Tempo de Viajar” (https://www.tempodeviajar.com)e Carla Mota através de “Viajar entre Viagens” (https://www.viajarentreviagens.pt).