Hoje em dia parece que é chique chegar atrasado.
Estranho até pode parecer, mas não é. Senão, vejamos: alguma vez passou pela cabeça de alguém chegar cedo ou a horas a qualquer evento social? É o chegas, era o que mais faltava serem os primeiros a aparecer num casamento, reunião, sessão política ou até vejam lá, num funeral, lá se ia o olhar! Passariam por autênticos saloios, que olham e obedecem ao relógio que não pensa por conta própria e sem vontade. Tudo mudou.
Chegar tarde é socialmente correto, sendo, sobretudo, privilégio dos ricos e dos poderosos, dos exibicionistas e vaidosos, dos que precisam muita atenção, deslumbramento ou simplesmente encenação. Hoje chegar tarde (o que não é para todos) é exigir com falta de bom senso permitido que os aguardem com certa expectativa, ansiedade.
É, sem dúvida, oferecer espectáculo aos que não têm bens materiais, mas vivem do seu trabalho com toda a dignidade.
É mostrar a diferença, é mostrar quem é quem, como quem diz cá estou eu, cheguei. Não chegar a horas é escolher a vida mais fácil para lembrar que são mesmo importantes. É assim que vai a nossa sociedade, certa sociedade.
Chegar em último “grita” modernidade, civismo, cultura …
Até há quem abrace o atraso como solidariedade, justiça ou esperança, que para alguns até fica bem que ande de chapéu na mão, mas estão lá, esperam, nem que a sopa arrefeça . É chiquérrimo chegar atrasado. Os que acham que é natural não chegar a horas um dia acabam por perder o comboio.
Enfim o que havemos de fazer? É chique … !