“Não existem dados sobre a incidência de autismo, mas estimamos que sejam uma em cada 100 crianças”, havendo “aproximadamente 2.500 (diagnosticadas e não diagnosticadas)”, adiantou ao labor Joe Santos.
O cofundador da Vencer Autismo esteve em S. João da Madeira (SJM), na última semana, no âmbito de um dos projetos levados a cabo por esta associação sedeada no Porto que desde 2010 tem ajudado famílias com crianças com autismo em Portugal, mas também além-fronteiras. Acompanhado pela fundadora Susana Silva, o empreendedor social deu a conhecer às muitas pessoas que quase encheram o auditório dos Paços da Cultura o “Autism Rocks!”, com o qual pretendem capacitar a comunidade em geral em termos de compreensão e aceitação das características próprias do autismo. E isto através de eventos, como a palestra “Entender Autismo” do passado dia 6 e workshops como o que vai ter lugar também em SJM a 8 e 9 de março (ver caixa), que promovem a partilha de técnicas e estratégias específicas entre todos aqueles que contactam direta e indiretamente com crianças com PEA (Perturbação do Espectro do Autismo).
Contando com o apoio do “Portugal 2020 [Portugal Inovação Social], de alguns investidores sociais como Mindera, WAAT Studio e outros parceiros e, claro, o tempo, a energia e o amor duma equipa e voluntários incríveis”, como referiu Joe Santos ao nosso jornal, o “Autism Rocks!” tem vindo a ser desenvolvido na Área Metropolitana do Porto (AMP) desde 25 de junho de 2017. Ao longo dos três anos de duração do projeto, a ideia é levar,pelo menos,uma palestra, um workshop de dois dias e mentoria a cada um dos17municípiosda AMP.
A Vencer Autismo escolheu a AMP para desenvolver o “Autism Rocks!” “para poder mudar a forma de ver o autismo numa região definida”. Tal, segundo Joe Santos, vai permitir “medir o impacto do projeto nesta região que se supõe representar cerca 15% da população portuguesa”.
Município de S. João da Madeira associa-se à causa
Contactado pela Vencer Autismo, o Município foi, entretanto, articulando o envolvimento de S. João da Madeira na iniciativa, num processo que envolveu também contactos entre a Divisão de Educação e a Área Metropolitana do Porto. O apoio camarário consubstancia-se na divulgação do evento e cedência do espaço para a palestra eworkshop. E o Município fez-se representar na palestra “Entender Autismo” pela vereadora da Divisão de Educação, Irene Guimarães.
“Não se pode amar a criança e odiar o seu autismo”
O que é o autismo?Trata-se – segundo explica a Vencer Autismo no seu site – de uma condição de espectro: alguns autistas têm dificuldades na aprendizagem, outros na escrita, na fala ou na socialização.
As pessoas com autismo veem, ouvem e sentem o mundo de uma forma diferente, podendo, por exemplo, experimentar excesso ou falta de sensibilidade a sons, ao toque, paladar, a cheiros, luz, cores, temperaturas ou dor. Também podem querer ir sempre pelo mesmo caminho para a escola, viajar sempre da mesma forma para o trabalho ou comer exatamente a mesma comida às refeições.
A causa do autismo está ainda a ser investigada, mas tudo indica que existirá uma combinação de fatores – genéticos e ambientais – que podem ser responsáveis pelas diferenças de desenvolvimento. O autismo não é causado pela educação de uma pessoa nem são as circunstâncias sociais a causa da condição do individuo.
Não há uma “cura” para o autismo como se de um comprimido se tratasse, chama a atenção a Vencer Autismo. No entanto, há uma série de estratégias e abordagens – métodos que viabilizam a aprendizagem e o desenvolvimento – e que os pais, profissionais e outros cuidadores podem encontrar para ajudar no desenvolvimento da criança.
Em SJM, Joe Santos deixou claro que “não se pode amar a criança e odiar o seu autismo”. “Pessoas com autismo não estão doentes, simplesmente têm uma visão diferente do mundo”, também esclareceu o responsável, defendendo que “os cuidadores são tão importantes como o próprio autista”.
Vencer Autismo dá workshop em S. João da Madeira
Depois da palestra “Entender Autismo”, da qual tiveram “um feedback espetacular” e onde “até tivemos a presença de Miguel Paiva [presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga] e da vereadora da Educação”, os fundadores da Vencer Autismo, Susana Silva e Joe Santos, vão voltar a S. João da Madeira para um workshop que decorrerá durante dois dias. Esta nova iniciativa também levada a efeito no âmbito do projeto “Autism Rocks!” tem lugar no edifício da Torre da Oliva a 8 (15h00-19h00) e 9 de março (10h00-19h00).
Segundo Joe Santos, “o workshop explica o modelo ‘Autism Rocks!’ de forma muito prática e usando os casos reais dos assistentes para ensinar as técnicas e estratégias que irão ajudar todos os cuidadores de alguém com autismo a compreender (e resolver) desafios e também a ajudar as pessoas que acompanham a se desenvolverem positivamente”.
Mais informações podem ser obtidas em http://vencerautismo.org/autism-rocks/.
Associação de Apoio à Criança Hiperativaacompanha 26 crianças
Sedeada no terceiro andar da Casa das Associações, na Avenida Dr. Renato Araújo, em S. João da Madeira (SJM), a Associação de Apoio à Criança Hiperativa (AACH) tem como missão o apoio social e informativo a pais, crianças e jovens com perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA) e a promoção e dinamização de ações que contribuam para o pleno desenvolvimento e inclusão dessa mesma população. São vários os serviços disponibilizados por profissionais qualificados, nomeadamente palestras, workshops e formações, consultas de avaliação e acompanhamento em Psicologia, Nutrição, Terapia da Fala, Intervenção Precoce, Acompanhamento Pedagógico, consultas online de Psicologia e Projeto Entre Pais, tal como o labor já havia divulgado em setembro do ano passado.
Novamente interpelada pelo nosso jornal por altura da palestra “Entender Autismo”, onde esteve presente, a presidente Teresa Melo adiantou que a AACH conta, neste momento, com 38 associados. Já as crianças que acompanha, em diferentes valências, são 26, sendo que“12 estão ainda em seguimento por mais do que uma área de intervenção” e “apenas três estão com diagnóstico simultâneo de autismo e PHDA”.
A responsável disse ainda que a AACH só tem dados de SJM “quanto aos casos de crianças nas escolas do primeiro ciclo com diagnóstico ou pedidos de avaliação de PHDA”. Este são “cerca de 60”, conforme referiu Teresa Melo, acrescentando que até à data ainda não foi feito um “levantamento total, nem através das consultas de desenvolvimento, nem pelas escolas”.
Os interessados em saber mais sobre a AACH podem fazê-lo através do telemóvel n.º 918 691 972 ou da página do Facebook (Associação de Apoio à Criança Hiperativa).