Aos 104 anos, feitos no passado domingo, Maximiano Correia “ainda está para as curvas”, fazendo ver a muitos mais novos do que ele, e garante que assim se vai manter até quando Deus quiser. “Tudo o que tenho vem lá de cima da roda, da roda grande [- entenda-se do Céu]”, disse o próprio apontando o dedo para cima.
Esta última segunda-feira, o labor foi convidado para a festa nas instalações do Lar de Idosos Dr.ª Leonilda que o Complexo Social de Fajões da Santa Casa da Misericórdia (SCM) de S. João da Madeira, onde o aniversariante é utente do Apoio Domiciliário há 16 anos mas também participa, sempre que possível, nas atividades do Centro de Dia, lhe preparou com “muito carinho”.
Não obstante tamanha longevidade, só por si digna de registo, Maximiano continua a ser um dos idosos mais ativos que frequentam a instituição, sendo, por isso, “um exemplo” – como lhe chamou a diretora responsável pela terceira idade, Natália Loureiro – que a SCM fez questão de homenagear. Uma homenagem na qual marcaram presença, para além da nossa reportagem, alguns dos seus familiares e amigos, utentes das várias respostas sociais, representantes da SCM, entre os quais Fátima Roldão, e “Os Madrigais, ficando a cargo deste último a animação musical.
Além da atuação deste grupo da Universidade Sénior de Oliveira de Azeméis, o programa festivo contou ainda com a celebração de uma missa de ação de graças, pelo pároco de Fajões, Padre José Barros, a visualização de um vídeo sobre o percurso de Maximiano na instituição e também um lanche de “comer e chorar por mais” ao qual não faltou o bolo de aniversário.
“Não consigo ter a genica nem o prazer de viver que ele tem”
Com apenas 62 anos, Maria José Correia Ribeiro admitiu ao nosso jornal que “não consigo ter a genica nem o prazer de viver que ele [o pai] tem”. Acompanhada pelo marido Alberto Ribeiro, a filha mais velha de Maximiano falou do “muito orgulho” que toda a família tem ao vê-lo chegar aos 104 anos “perfeitinho de juízo”. “Se estivesse na cama não me dizia nada, mas estar assim, de pé e a falar, tão ativo, faz-nos sentir orgulhosos”, completou.
Maximiano nasceu no lugar de Cabanelas, na freguesia de Macieira de Cambra, a 24 de fevereiro de 1915. Não sabe ler nem escrever, tendo sido agricultor toda a vida.
Aliás, talvez seja o contacto permanente com a natureza, que ainda hoje faz questão de ter, um dos segredos da sua “eterna juventude”. “Gosta de estar cá fora, porque dentro de casa diz que intoxica”, revelou Maria José, acrescentando que ainda “no ano passado (o pai) podou videiras e apanhou uvas”.
Continua a viver “na casinha dele” com a esposa
Maximiano é casado com Laurinda Soares Amorim, 20 anos mais nova do que ele. O casal tem quatro filhos – um rapaz, José Manuel, e três raparigas, Maria José, Rosa Maria e Maria Isabel – e ainda 11 netos e 11 bisnetos.
Atualmente vive “na casinha dele”, com a esposa, no Beco Sr.ª das Dores, em Paços (Fajões), e, apesar de alguns problemas de saúde recentes, sente-se “bem e feliz”.
“Nos tempos livres, faço aquilo que me vier à ideia” e “sempre de cara alegre”, revelou às jornalistas, o que depois a filha e o genro acabaram por confirmar ao labor: “Ele faz tudo: levanta-se de manhã, toma a medicação, prepara o pequeno almoço, faz a barba e a sua higiene toda, dá uma voltinha a pé”.
Isto já para não falar nas “mil e uma atividades” em que tem participado ao longo destes 16 anos em que é utente do agora Complexo Social de Fajões da SCM, antigo Centro Social Dr.ª Leonilda Aurora da Silva Matos, desde os bailes de Carnaval intergeracionais, Tarde de Talentos, idas à praia, concursos de dança, torneios de sueca e dominó, etc.. “Este utente sempre esteve muito dinâmico e sempre disponível para participar nas atividades de animação propostas”, afirmou a animadora sociocultural Vera Almeida, chamando a atenção ainda para que, muitas vezes, é o Maximiano que faz os adereços com que aparece nas apresentações em público.
No último domingo, dia do seu aniversário, Maximiano “teve toda a família a comer em casa dele”. “Foi uma alegria para ele”, referiu a filha Maria José, desejando, “do fundo do coração, que daqui a um ano estejamos novamente juntos”.