Depois do Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva, a exposição da Coleção Treger/Saint Silvestre apresentada no Núcleo de Arte da Oliva
“Lusofolia: A Beleza Insensata”, com curadoria de António Saint Silvestre, vai estar patente de 21 de março a 12 de maio na sala de exposições temporárias do Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva, que organiza a mesma em parceria com o Núcleo de Arte da Oliva, onde a Coleção de Arte Bruta Treger/Saint Silvestre se encontra em depósito.
“Oconceito de Arte Bruta, estabelecido em 1945 pelo artista francês Jean Dubuffet, evoluiu ou dispersou-se. O britânico Roger Cardinal batizou este movimento de Outsider Art, mas esta expressão do mundo anglo-saxónico engloba todos os movimentos de artes marginais ou espontâneas como a Arte Popular, a Arte Naïve, a Arte Singular, a Nova Invenção, a Arte Espírita e a Arte Bruta”, refere António Saint Silvestre no texto de apresentação de “Lusofolia: A Beleza Insensata” a que teve acesso o labor.
Os colecionadores aceitam “a ideia de Jean Dubuffet e, sobretudo, as do galerista e conferencista Christian Berst, que coloca num mesmo grupo a Arte Bruta e a Arte Espírita”, mas discordam da “ideia de que os criadores de Arte Bruta sejam culturalmente ´virgens´”. Segundo Treger e Saint Silvestre, “toda a gente, por muito isolada que esteja, folheou uma revista, viu um anúncio, a capa de um livro e, obrigatoriamente, captou sinais do mundo que os rodeia. E para o demonstrar referem uma das descobertas de Jean Dubuffet: a ´artista´ suíça Aloïse Corbaz, professora na corte do Imperador Guilherme ll, uma das mais conhecidas artistas ´Brutas´”.
Para António Saint Silvestre, “a Arte Bruta é a última descoberta artística do século XXI, a coqueluche das bienais, museus e feiras de arte internacionais, mas ainda não é popular em Portugal”, suportando a sua opinião com o argumento de que “os criadores de Arte Bruta portugueses, à exceção de Jaime Fernandes, ainda vivem numa ´terra incógnita´ e, por esta razão, (os colecionadores) decidiram nesta mostra reunir duas dezenas de artistas ´Brutos´ do mundo lusófono, pondo em paralelo Portugal, Brasil e Angola que pela primeira vez vão ser apresentados em coletivo”.
A exposição “Lusofolia: A Beleza Insensata” vai apresentar obras dos portugueses Artur Moreira, Carlos Victor Martins, Jaime Fernandes, José Ribeiro, Manuel Bonifácio (que reside em Londres), os irmãos Manuel e Ana Carrondo, Rui Lourenço, Serafim Barbosa, Ti Guilhermina; dos brasileiros Albino Braz, Camilo Raimundo, Evaristo Rodrigues, Jesuys Crystiano, José Teófilo Resende e Marilena Pelosi, e preciosos desenhos de anónimos angolanos.
O Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva acolhe pela terceira vez a Arte Bruta da Coleção Treger/Saint Silvestre do Núcleo de Arte Oliva, o único que alberga uma coleção deste campo artístico na Península Ibérica. A acompanhar a exposição estará o catálogo com textos de Stefanie Gil Franco e António Saint Silvestre e a exibição do filme “Arte Bruta: Eternity has no door of Escape | Encounters with Outsider Art”, do realizador Arthur Borgnis, no auditório do museu.
A “Lusofolia: A Beleza Insensata” estará em exposição, em setembro deste ano, no Núcleo de Arte Oliva.