“A poesia deve ser celebrada não apenas nos livros, mas fundamentalmente fora dos livros”, disse Graça Fonseca, reconhecendo que tal acontece na Poesia à Mesa que é “um extraordinário exemplo para o resto do país”
A ministra da Cultura, Graça Fonseca, celebrou o Dia Mundial da Poesia, 21 de março, com uma visita à Viarco, onde ouviu e declamou poesia.
A Poesia à Mesa é uma iniciativa comissariada por José Fanha e Paulo Condessa que “envolve toda a comunidade” e a presença de Graça Fonseca é “muito importante” e logo no Dia Mundial da Poesia, afirmou o presidente da câmara Jorge Sequeira.
“A Viarco está associada à Poesia à Mesa desde a primeira edição” e essa associação tem “ficado mais profunda desde há uns anos a esta parte”, disse o administrador José Vieira, considerando que sempre que a empresa sanjoanense pára para ouvir e declamar poesia “está a perder dinheiro, mas de certa forma a ganhar valor”.
A escolha de começar este dia em S. João da Madeira esteve precisamente relacionada com “a iniciativa Poesia à Mesa que é um ótimo exemplo, é um maravilhoso exemplo de como celebrar a poesia”, disse Graça Fonseca, considerando que “a poesia deve ser celebrada não apenas nos livros, mas fundamentalmente fora dos livros. A poesia muda a nossa vida, muda a vida de todas as pessoas quando sai dos livros para o nosso dia a dia, para aquilo que fazemos desde que acordamos até que nos deitamos”.
E a Poesia à Mesa simboliza tanto uma coisa como outra. O Município de S. João da Madeira ao longo do mês de março celebra a poesia nos livros e fora deles através de iniciativas que levam a poesia às escolas, aos restaurantes, às fábricas, ao Centro de Saúde com a distribuição de “Receitas Poéticas”, ao autocarro e ao Mercado Municipal.
“Acho que é um extraordinário exemplo para o resto do país. Este é um extraordinário exemplo de que a poesia é importante para as nossas vidas, mas quando ela chega às nossas vidas. Por isso, parabéns a S. João da Madeira e a esta extraordinária iniciativa do festival de Poesia à Mesa”, afirmou a ministra da Cultura.
Este não foi o primeiro contacto de Graça Fonseca com a empresa sanjoanense, relembrando que quando ali esteve pela primeira vez a assistir ao concerto da Orquestra Criativa ficou “impressionada por várias razões, mas há uma principal que é aquela que me fez de facto celebrar aqui hoje este dia e também com um pedido à Viarco”.
A empresa sanjoanense “consegue reunir este extraordinário património secular do saber fazer o lápis, mantendo sempre o processo ancestral, aliando também criatividade, inovação sem nunca perder aquela marca, aquele DNA original que faz desta fábrica algo muito especial em Portugal”, destacou a ministra da Cultura.
“E de facto o que melhor do que celebrar o Dia da Poesia numa fábrica onde se fazem lápis. Não há nada melhor do que pegar num lápis e escrever um poema. Por isso achamos que este era o local perfeito para começar o Dia Mundial da Poesia”, continuou Graça Fonseca, que ficou surpreendida pela declamação de poemas por parte dos trabalhadores. “Havia uma parte que não sabia que é que todos os trabalhadores desta fábrica são poetas, ainda por cima bons poetas, e a capacidade de transformar a história de uma fábrica no passado, presente e projetar o futuro através da poesia e da escrita. E este é um cruzamento muito, muito importante que queremos prosseguir sempre”, revelou a ministra da Cultura, salientando que “não nos podemos esquecer que fábricas como a Viarco têm um património cultural industrial que ele próprio não deixa de ser uma poesia, um poema que foi escrito ao longo de muitos anos, muitas gerações e que queremos que continue no futuro a fazer desta fábrica um poema vivo”.
Museus vendem lápis que prestam homenagem a poetas portugueses
Opoema “Tão Bela Como Qualquer Rapaz” da poetisa Andreia C. Faria foi declamado por Graça Fonseca em cima de uma mesa da Viarco, que momentos antes aquele e outros espaços da empresa foram o palco dos trabalhadores para declamarem poesia. A escolha deste poema e desta poetisa esteve relacionada com o facto de dar voz a uma “nova geração, ou seja, mais jovens” de poetas, explicou a ministra da Cultura.
“Não fomos para os mais clássicos, esses estão aqui nestes lápis que a partir de hoje (21 de março), passarão a estar à venda nas lojas dos museus (nacionais) e também estão disponíveis a nível de circuito comercial”, anunciou Graça Fonseca, agradecendo à Viarco por ter aceite este desafio que foi lançado “muito em cima da hora”, mas que “com a sua flexibilidade industrial conseguiu cumprir”.
Esta iniciativa em que 12 poetas são homenageados nestes lápis da Viarco vai ao encontro daquilo que a ministra da Cultura começou por dizer que “a poesia não fique apenas nos livros, que chegue aquilo que cada um de nós faz todos os dias. E o lápis é o que utilizamos muitas vezes precisamente para escrever e cada vez que pegarmos num lápis destes vamos ler um poema de um autor português”.
A encomenda de mais de 650 kits de 12 lápis presta homenagem aos poetas D. Dinis, Mário de Sá-Carneiro, Francisco de Sá de Miranda, André Falcão de Resende, Soror Violante do Céu, D. Francisco Manuel de Melo, Filinto Elísio, Marquesa de Alorna, João de Deus, Antero de Quental, Gomes Leal e Cesário Verde.