Na terceira idade a qualidade de vida deve ser uma preocupação constante e a atividade física pode ser fundamental para uma vida mais saudável nesta faixa etária.

Os benefícios são muitos em todas as idades, mas na população sénior a prática de uma atividade física regular pode ajudar a prevenir e a combater doenças ao mesmo tempo que fortalece o sistema muscular e contribui para a redução das dores.

E nunca é tarde para começar, mesmo que ao longo da vida o exercício físico nunca tenha sido uma preocupação.

S. João da Madeira assume-se como uma cidade amiga do desporto e não tem descurado a prática desportiva na terceira idade. Foi precisamente com essa faixa etária em mente que a autarquia sanjoanense deu início, no passado dia 1 de abril, em a colaboração da Junta de Freguesia, a ACAIS, a Associação “É Bom Viver”, a Santa Casa da Misericórdia e Universidade Sénior, à Semana Sénior Desportiva, iniciativa que encerra amanhã e que conta com um programa diversificado, que inclui hidroginástica, caminhada, boccia, biodanza, dança, ginástica, tai chi, rastreios de saúde e cuidados alimentares.

Ao longo de cinco dias, o desafio lançado à população sénior da cidade, que é o público alvo desta iniciativa, procura, segundo Rosário Gestosa vereadora do Desporto, “uma mudança de atitudes, adquirindo hábitos saudáveis relativamente à atividade física, desportiva e à boa alimentação”.

Contribuir para a manutenção e melhoria na saúde e qualidade de vida da população sénior, mobilizando-a para incorporar a atividade física moderada nas suas rotinas, promovendo um envelhecimento ativo, ao mesmo tempo que também visa a disseminação de informação sobre o papel da alimentação saudável como determinante da saúde pública e sobre o potencial positivo para intervenções de prevenção, é outro dos objetivos deste evento.

“É importante consciencializar a população, independentemente da idade do estatuto socioeconómico, que pode e deve realizar regularmente atividade física adaptada às suas condições de vida e que se pode começar ou recomeçar a prática em qualquer idade”, sublinha Rosário Gestosa, que dá como exemplo “caminhar, subir escadas, fazer corrida ligeira, nadar, andar de bicicleta, jogar… ou apenas levantar e espreguiçar”.

Aos 78 anos Adão Pereira não se imagina sem a atividade física regular que faz parte da sua rotina diária. O atleta da “É Bom Viver” começou a praticar desporto aos 14 anos, em Ermesinde, mas a experiência terminou ao fim de uma época, com a mudança para S. João da Madeira, e o regresso só aconteceu em 2007. “Comecei a frequentar a piscina para desenvolver os músculos e, aos poucos, fui experimentando o boccia, que é um excelente desporto para a juventude mais idosa”, explica Adão Pereira, que, para além dos benefícios físicos, destaca também a importância da componente social, associada à prática desportiva. “Há amizades que se vão criando. O próprio convívio é estimulante”, refere.

Natália Andrade preside à “É Bom Viver”, talvez a única associação de S. João da Madeira que promove exclusivamente a prática desportiva na população sénior, e reconhece a importância da atividade física para o bem-estar na terceira idade. “Mantém-nos ocupados e distraídos ao mesmo tempo que desenvolve as capacidades físicas e fomenta o convívio, que é muito importante nesta fase da vida”, sublinha a responsável pela associação, que disponibiliza as modalidades de ginástica, tai chi, ioga, caminhada e o boccia, às quais se juntam outras de cariz social, como o canto coral, o teatro e as oficinas. “Penso que temos um leque bastante completo e interessante”, refere Natália Andrade, destacando ainda o papel importante que a autarquia tem tido na promoção da atividade física junto da população sénior. “Estamos num concelho que há muito promove e apoia o desporto na terceira idade. A autarquia tem trabalho bastante nesse sentido e se as pessoas não praticam exercício físico não é por falta de iniciativas”, assegura.

Para o Dr. Flores Santos Leite a atividade física faz parte do seu quotidiano. Aos 92 anos, o médico, que todos os dias faz “no mínimo oito mil passos”, esclarece que o exercício físico “não deve ser uma obrigação”, mas fazer parte dos “hábitos diários”. “Qualquer atividade serve. Quando se fala de desporto não tem, necessariamente, que ser futebol, basquetebol ou corrida. Nestas idades, a marcha ou mesmo a jardinagem são suficientes”, explica Flores Santos Leite. “Temos de nos mexer. Movimentar os membros ajuda à circulação do sangue, que chega mais facilmente ao cérebro e as ideias ficam mais límpidas e a nossa mente trabalha melhor”, conta.

Apesar da importância do exercício físico na terceira idade, há cuidados a ter em conta nesta faixa etária e nem todos os desportos são os mais adequados, devendo-se excluir aqueles que, à partida, exigem um esforço físico mais acentuado, nomeadamente se a atividade física não foi uma constante ao longo da vida, mas nunca é tarde para começar.

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