Comunidade educativa do Jardim de Infância das Travessas adotou-o há dias e já não consegue viver sem ele
Foi amor à primeira vista e, pelo que a nossa reportagem viu e sentiu in loco, será para a vida toda. Não há mesmo quem lhe resista, seja miúdo ou graúdo. Em poucos dias, o Teddy (nome escolhido pelas crianças) conquistou o coração da comunidade educativa do Jardim de Infância (JI) das Travessas e uma “casa” onde não lhe faltam cuidados e mimo. Muito, muito mimo!
Se os 50 alunos já gostavam do JI, agora – com a adoção deste “cachorrinho”, que mais parece um ursinho de pelúcia do que um cão – “ainda gostam mais”. E os pais e outros familiares vão pelo mesmo caminho, também “se derretendo” sempre que estão com o Teddy, de olhos azuis e pelo fofinho cujas cores tanto fazem lembrar um husky como um dálmata.
“Até agora tem sido uma maravilha para todos e, realmente, o cão é um espetáculo!”
“Até agora tem sido uma maravilha para todos e, realmente, o cão é um espetáculo!”, afirmaram ao labor as educadoras de infância do JI. No início deste mês, depois da visita da veterinária municipal acompanhada pelo agora Teddy, no âmbito do programa camarário “Os animais e a saúde pública” que faz parte do Projeto Educativo Municipal, e perante a “loucura” da pequenada que pedia insistentemente “para ficarmos com ele”, Ana Teixeira e Clotilde Saraiva não hesitaram em tudo fazer para que a adoção fosse realmente possível.
Obtida autorização por parte da direção do Agrupamento de Escolas Oliveira Júnior, ao qual pertence este estabelecimento de ensino de S. João da Madeira, e contando com o apoio quer da câmara, quer da Associação de Pais, as duas responsáveis trataram, então, de acolher o cão como se fosse mais um “membro” da “família” do JI das Travessas. E o resultado está à vista: todos estão, de facto, mais felizes e empenhados em cuidar o melhor possível do novo “amiguinho de quatro patas”.
Quanto ao Teddy, “saiu-lhe a sorte grande”. Não fosse um dos muitos cães do Canil Intermunicipal da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (CIAMTSM) à espera de ser adotado. Já veio para o JI desparasitado e vacinado e ainda vai ter sessões de treino. Tudo isto a cargo do CIAMTSM.
Hoje em dia, durante a semana, o Teddy vive no JI das Travessas onde “as crianças estão a aprender a dar-lhe de comer e a tratar dele”. Ao fim de semana, vai para casa de uma família. Aliás, “já há uma escala de adoção de fim de semana”, gerida pelos próprios pais, que o levam à sexta-feira e trazem-no à segunda.
JI tem “um ‘plano B’” para o caso de haver “algum tipo de constrangimento”
Além disso, visto tratar-se de “uma experiência”, “há um ‘plano B’” se houver “algum tipo de constrangimento” como, por exemplo, “crianças alérgicas a cães”. Nesse caso, “há uma pessoa da escola que o leva para sua casa”, conforme garantiram Ana Teixeira e Clotilde Saraiva ao nosso jornal.
As educadoras de infância disseram não ter dúvidas que “são mais as vantagens do que as desvantagens”, tendo por base “n artigos” que confirmam isso mesmo. “É evidente que tem de haver cuidados”, contudo, “está provado que em termos de imunização não há melhor do que o contacto com os animais”.
Atualmente, em seu entender, “temos crianças metidas em redomas”, coisa que Ana Teixeira e Clotilde Saraiva não querem que aconteça com as do JI das Travessas e, por isso, “temos aqui um espaço onde elas brincam com a terra, temos uma horta e agora temos o Teddy, precisamente, para não termos ‘florzinhas de estufa’”.
Ainda a propósito do Teddy, as duas profissionais de educação chamaram a atenção para que “para muitos meninos esta é mesmo a única oportunidade de contactarem com um animal, pois vivem em apartamentos”.
“Colaboração da AP será a todos os níveis total”
O labor interpelou igualmente Daniela Azevedo sobre o assunto. Esta mãe é “completamente a favor” do acolhimento do Teddy por parte do JI das Travessas, considerando-a uma “iniciativa muito interessante, quer para as crianças, quer para o cão”. Defendeu que, entre outros aspetos positivos, a adoção “vai criar regras de respeito pelos animais, os meninos vão saber tomar conta de cães e alguns vão poder ter na escola o que não podem ter em casa, por falta de condições”.
Ricardo Figueiró alinhou pelo mesmo diapasão. Na qualidade de pai, falou que se trata de “uma medida muito positiva para a escola, que reforça a componente pedagógica e social em tão tenra idade” e que “promove a interação de todos e o respeito pelos animais”.
O progenitor fez ver que estamos perante “uma experiência ainda em fase inicial”. De qualquer modo, até à data “o feedback tem sido bastante positivo, com as pessoas a mostrarem-se muito interessadas, até em levar o Teddy para casa aos fins de semana”. E mesmo aqueles que se mostraram receosos ao início estão a ficar, pouco a pouco, convencidos relativamente aos benefícios da vinda do cão para o JI.
Em declarações ao labor, Ricardo Figueiró também deu a sua opinião enquanto presidente do conselho fiscal da AP. “A colaboração da Associação de Pais será a todos os níveis total”, assegurou, lembrando que “nos disponibilizámos a colaborar desde o primeiro momento”. Há pais que, inclusive, têm feito vários donativos, desde comida, brinquedos, toalhetes, etc..
Está, assim, plantada mais uma “sementinha” para que os meninos do JI das Travessas sejam bons adultos com princípios e valores, respeitadores da Natureza e de tudo que a envolve. Quem sabe se outros JI e escolas lhe seguirão o exemplo e haverá mais adoções como a do Teddy? Todos sairiam a ganhar, com toda a certeza!
Programa sensibiliza para cuidados com animais de estimação
Organizado pelo Município de S. João da Madeira em parceria com o Canil Intermunicipal da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria CIAMTSM, o programa “Os animais e a saúde pública” visa educar para os cuidados com os animais de estimação. Destina-se a todos os níveis de ensino, mas “são os [níveis] mais inferiores que se inscrevem”, conforme adiantou ao labor a veterinária municipal, Vera Marques.
Entre os objetivos principais, está a sensibilização para evitar o abandono e os maus tratos, bem como para a importância de ter um animal de companhia. Este programa camarário, que consta do Projeto Educativo Municipal, pretende igualmente divulgar o CIAMTSM.
Vera Marques já o vinha desenvolvendo há algum tempo mas em outro “formato”, digamos assim. Em vez de ser ela a ir aos estabelecimentos de ensino acompanhada por um cão, como está a fazer ao longo deste ano letivo, “eram os miúdos que iam ao Canil Intermunicipal”. Acontece que, por vezes, “havia o problema do transporte” para a Serra do Pereiro, no concelho de Oliveira de Azeméis, onde se situa o CIAMTSM, e, por isso, a responsável decidiu mudar o “modus operandi”.
“Quando há vontade tudo se consegue”
Para além do Jardim de Infância das Travessas, cuja comunidade educativa foi a primeira a adotar um cão no âmbito do PEM, Vera Marques já visitou as Escolas EB1 Condes e do Parrinho e o JI do Parque, tendo contactado com mais de 150 alunos. E tem outras visitas agendadas para o terceiro período escolar, nomeadamente à EB1/JI de Fundo de Vila, EBS Dr. Serafim Leite, Centro de Educação Integral (CEI), Núcleo Ensino Estrela Guia, etc..
Na sua opinião, o facto de o JI das Travessas ter adotado o Teddy “é muito bom porque há crianças que por viverem em apartamentos não têm possibilidade de ter cães”. Outras há que, precisamente pela impossibilidade de poderem contactar com cães, “têm muitos traumas” sempre que veem um.
Assim, “se não houver casos de alergias e se os pais estiverem de acordo”, esta é, pois, uma iniciativa positiva. Aliás, de acordo com a médica veterinária da câmara, para quem “quando há vontade tudo se consegue”, “está provado cientificamente que o contacto com animais ajuda a criação de defesas”.