A sessão de cinema “Até que o Porno nos Separe” começou com a protagonista Eulália Almeida a deixar uma mensagem a todo o público: “vejam o que é o verdadeiro amor incondicional”.
As luzes apagaram-se para que a história verídica retratada neste filme passasse na tela. Os protagonistas são Eulália Almeida e Sydney Fernandes, mãe e filho, cujo o amor é posto à prova. E isso acontece quando Eulália descobre que o filho, emigrante na Alemanha, tornou-se no primeiro ator porno gay português premiado internacionalmente. Para Eulália, uma mulher de 65 anos, católica e conservadora que cresceu com a ideia que o pai é quem preside a família, a mãe é quem tem a sabedoria da maternidade e os filhos têm de respeitar os pais, de um momento para o outro descobriu que nem tudo nem todos têm de ser e de viver assim.
Entre os altos e baixos desta “história verdadeira de amor e de superação” existiram muitos pensamentos controversos, palavras e atitudes ainda mais. Ora de aceitação, negação, questionação.
“A minha primeira preocupação foi como iria lidar com os outros, com a sociedade. E não com o meu filho. Como mãe aprendi muito. Nós, mães, não sabemos tudo”, admitiu Eulália Almeida na tertúlia, defendendo que é “na família que se começa a dar apoio aos nossos filhos. A sociedade ainda não percebeu que não fazem nada de mal”. Por isso é preciso “não ter medo da sociedade”, salientou esta mãe.
“Nós temos muitas expectativas em relação aos nossos filhos, que quando não são correspondidas ficamos com o coração estilhaçado”, assumiu Eulália Almeida que decidiu “reeducar-se” depois de ter percebido que ela era quem estava no armário e ainda não tinha saído por completo até que “o armário se escancarou por completo”.
“Até que o porno nos separe” é “um filme que tem uma mensagem para as famílias” sobre os filhos, “os nossos filhos, são a luz mais cintilante da nossa vida”, frisou Eulália Almeida, que por esta mesma razão acabou por aceitar o desafio colocado pelo realizador Jorge Pelicano.
Acerca deste filme que tem sido premiado como o Melhor Documentário no Festival Caminhos do Cinema Português e distinguido no Festival de Cinema LGBTQ Roze Filmdagen em Amsterdão, “o importante não é o protagonismo, mas a mensagem. Ela tem passado”, concluiu Eulália Almeida em exclusivo ao labor.
“Um filme forte, de uma realidade que choca e de uma forte vivência à qual não podemos fechar os olhos”
Este é “um filme que é mais do que um filme. Aquilo que acabámos de assistir é uma prova de que existem pessoas que são postas à prova em variadíssimas contrariedades. Umas desistem, outras não”, começou por dizer a vereadora Irene Guimarães, complementando que Eulália Almeida é uma das pessoas que perante uma contrariedade não desiste.
“Até que o porno nos separe” pode ter várias abordagens “educativa, cultural, sociológica” e “caberá a cada um de nós pegar pela forma como está mais confortável”, considerou Irene Guimarães sobre este filme que é acima de tudo “um grande grito contra a discriminação”.
Para a vereadora e presença assídua nestas sessões de cinema português, este é “um filme forte, de uma realidade que choca e de uma forte vivência à qual não podemos fechar os olhos”. Por isso, é “importante que seja olhada como uma realidade e com todo o sentimento é possível superar”, considerou Irene Guimarães que estava acompanhada de Eulália Almeida que é o exemplo de que “o amor de mãe é capaz de superar o que não podemos imaginar”.