Depois de ter assegurado, em Famalicão, o regresso ao escalão principal do hóquei em patins, a Sanjoanense encerrou a época da melhor forma com a conquista, no último sábado, em Almeirim, do título nacional da 2.ª Divisão.
O feito, o terceiro na história do clube, sendo que o último foi conseguido em 2001, foi assinalado pela Câmara Municipal de S. João da Madeira no dia seguinte (9 de junho) com uma homenagem à equipa alvinegra. Na Sala do Terraço da Oliva Creative Factory, o presidente da autarquia felicitou jogadores, técnicos e dirigentes e relembrou a fundação do clube e a criação da secção da modalidade que considera ser uma “referência na cidade e na sua história”. “Formada em 1924, a Sanjoanense é uma das instituições mais antigas da nossa terra. É mais antiga do que a própria cidade, que ganhou autonomia concelhia face a Oliveira de Azeméis em 1926. O hóquei surgiu em 1948 e vocês (atletas) continuam a desenvolver uma tradição desportiva que se iniciou em 1948”, recordou Jorge Vultos Sequeira, sublinhando que a cidade é conhecida pelo “calçado, pelos chapéus e pelo desporto”. “Mas o que nos faz mais conhecidos em termos desportivos é justamente o hóquei em patins”, frisou o autarca, que atribuiu à equipa alvinegra a responsabilidade de um “feito histórico notável”.
Recordando o ambiente “impressionante” vivido em Famalicão, no jogo que marcou o regresso da Sanjoanense ao convívio entre os grandes do hóquei em patins nacional, Jorge Vultos Sequeira destacou a importância do desporto para a cidade e os valores que a caracterizam como “o rigor, o espírito de sacrifício e de entrega, o trabalho em equipa e a promoção da saúde e bem-estar”. “Vocês, pelo vosso êxito e união que demonstraram, transmitiram esses valores. Nunca desistiram de lutar e isso é algo que é característico dos sanjoanenses”, concluiu.
Para Luís Vargas, este “feito histórico do clube, em particular da seção de hóquei em patins”, demonstra que a sanjoanense “continua viva e empenhada em transmitir os seus valores aos atletas”. Frisando tratar-se do clube “com mais praticantes do distrito e, talvez, o um dos mais ecléticos do país”, o presidente alvinegro destacou o facto de ao longo do último fim de semana, para além do hóquei em patins, também o basquetebol, futebol e andebol terem estado envolvidos na luta por títulos nacionais e distritais. “Isso demonstra que o nosso trabalho está a ser feito com rigor, muito orgulho no passado, estabilidade no presente e sempre a projetar o futuro”, referiu.
A cerimónia, onde cada elemento da equipa recebeu um diploma alusivo à subida de divisão e ao título alcançado, contou ainda com a entrega, por parte da autarquia, do prémio previsto no contrato-programa de desenvolvimento desportivo para distinguir os resultados alcançados pela modalidade. Já o clube retribuiu o gesto com a oferta de uma camisola, alusiva à subida à 1.ª Divisão, a Jorge Vultos Sequeira e a Rosário Gestosa, vereadora do Desporto.
Pedro Ribeiro, responsável pela secção de hóquei em patins
“Subimos de divisão, mas não vamos descaracterizar a equipa”
Pedro Ribeiro é o homem que comanda a secção de hóquei em patins da Associação Desportiva Sanjoanense há vários anos e no último sábado viu a equipa alcançar um objetivo há muito definido. “No ano passado morremos na praia, como se costuma dizer, mas este ano não podíamos falhar”, sublinhou o dirigente, admitindo que o campeonato até começou bem, mas houve uma fase menos positiva que quase fez a equipa “perder o comboio”. “Março foi um mês negro, mas a partir de abril demos a volta e alcançámos o nosso objetivo”, recorda Pedro Ribeiro, que atribuiu parte do sucesso a um plantel estável. “Tínhamos um grupo que vinha do ano anterior, com poucas mexidas. Entretanto pudemos contar com a entrada do Xavier Cardoso que é uma mais valia e que veio ajudar a alcançar esta meta”, refere o dirigente, que admite não ter sido “nada fácil”. “O resultado em S. João da Madeira não reflete a qualidade da equipa dos Tigres. Tivemos alguns minutos a nosso favor, mas em Almeirim aconteceu precisamente o contrário com alguns instantes favoráveis ao adversário, mas conseguimos aguentar a pressão”, explica Pedro Ribeiro, que revelou que irá continuar à frente da secção por mais um mandato e que o plantel para a próxima época “está praticamente fechado”. “Subimos de divisão, mas não vamos descaracterizar a equipa, isso é ponto assente”, frisou o dirigente, garantindo que irá manter a aposta na formação. “Somos um clube bairrista, pelo que a nossa prioridade é sempre a formação, pois são atletas que sentem o símbolo e sabem que é um clube diferente”, conta Pedro Ribeiro, sublinhando que o título foi alcançado com um plantel com “cerca de sete jogadores formados no clube”.
Vítor Pereira, treinador da equipa sénior de hóquei em patins
“O futuro passa por trabalhar com o que o clube tem”
Quando, em 2001, Vítor Pereira festejou o título de campeão nacional da 2.ª Divisão enquanto jogador da Sanjoanense estava longe de pensar que viria a fazer o mesmo como treinador da equipa alvinegra. Mas no último sábado o clube quebrou um jejum de quase duas décadas com o técnico, que em dezembro substituiu Miguel Resende, a dar um importante contributo para a conquista deste feito. “Depois de ter sido campeão há 18 anos, juntamente com o Franklin Silva, agora repetirmos o feito como equipa técnica é muito bom”, recorda Vítor Pereira sublinhando, no entanto, que a “conquista dos objetivos definidos foi o mais importante”. “Trabalhámos com um grupo de jovens fantásticos, que vimos crescer no clube e agora, ver tudo isto acontecer, é muito gratificante”, refere o treinador, recordando a saída em 2016 do comando técnico da Sanjoanense, interrompendo uma ligação de cinco anos. “Quando estive à frente da Sanjoanense fomos concretizando os objetivos que iam sendo estabelecidos, mas sabíamos que havia algo mais a fazer. Por diversos motivos interrompemos esse projeto e, se calhar, isso foi o melhor para todos. Agora, quando regressei, o trabalho estava a ser bem feito, mas com alguns ajustes e a minha experiência de outras vivências, tornou-se tudo mais fácil”, explica Vítor Pereira, admitindo que “houve alguma relutância à mudança exterior ao grupo de trabalho”. “Tudo isso foram obstáculos com os quais não contávamos e que tornaram o desafio ainda mais difícil de superar”, acrescentou o técnico, que admite que a conquista do título “foi um momento de alívio”.
Com a época no fim, mas já a pensar na próxima, Vítor Pereira acredita que “o futuro passa por trabalhar com o que o clube tem” e admite que há ainda algumas situações por definir. “Depois de tantas diferenças que já tivemos e chegamos sempre a consenso, certamente que se o caminho for trabalhar dentro da visão dele (Pedro Ribeiro) ajustada à minha vamos continuar a trabalhar”, assegura o técnico.
Luís Vargas, presidente da AD Sanjoanense
“O presidente da ADS está sujeito a ter títulos distritais e nacionais todos os anos”
Luís Vargas, que há cerca de uma semana foi reeleito para mais um mandato à frente dos destinos da Sanjoanense, confessa que o último fim de semana foi de sofrimento, com o clube a lutar em várias frentes por títulos nacionais e distritais. Para além do hóquei em patins, a Sanjoanense disputou e venceu a Taça de Aveiro de futebol, em juniores, lutou pelo título nacional da 2.ª Divisão de juniores de andebol, onde foi vice-campeã, e viu a equipa sénior feminina de basquetebol conquistar o segundo lugar na Taça Nacional. “Quem for atleta ou dirigente da Sanjoanense tem de estar habituado a sofrer”, refere o dirigente, que vê isso com bons olhos, já que reflete a qualidade das equipas seniores e de formação do clube alvinegro. “Isso demonstra que a Sanjoanense continua a manter o seu ecletismo, não só em quantidade, mas também, e cada vez mais, em qualidade. Neste momento o clube bate-se com qualquer equipa”, frisa Luís Vargas. “Isso demonstra o orgulho que temos no passado, que temos estabilidade e competitividade no presente e vamos projetar o futuro para que, cada vez mais, as equipas subam os vários patamares e tenhamos orgulho na nossa formação e equipas seniores”, explicou o dirigente, admitindo que “o presidente da Sanjoanense está sujeito a ter títulos distritais e nacionais todos os anos”.