Neste momento e até ao Hat Weekend Festival, que decorre de 19 a 21 de julho, S. João da Madeira (SJM) acolhe uma exposição ao ar livre composta por oito cartolas de grande dimensão que não passam despercebidas a quem anda na rua.
A ideia partiu do Município, que pretende não só promover o Festival do Chapéu, mas também, e uma vez mais, honrar a história da indústria chapeleira. Para concretizar este projeto pioneiro, foram convidados artistas locais ou com ligações a SJM que – cada um com a expressão plástica de sua preferência (escultura, criações em feltro e objetos 3D, impressões em têxteis, aplicações cerâmicas, pintura ou desenho) – criaram chapéus gigantes que exploram símbolos e histórias únicas da memória chapeleira.
Nesta e nas próximas semanas, o labor dá a conhecer ao leitor cada uma destas obras dignas de contemplação, bem como o que dizem os seus criadores sobre elas e a iniciativa.
“Alice na cidade dos ‘Unhas Negras’”, de José Alberto Rodrigues
Qual é a história do seu “chapéu”? Que mensagem quer passar?
Atualmente estou profundamente ligado ao universo dos livros Pop-Up, um mundo cheio de magia, fantasia e emoção, realizando trabalhos na área e formação, além de ser colecionador deste tipo de livros. Nesse sentido, quando me convidaram para esta participação, sendo o chapéu escolhido no formato de uma cartola, criou-se logo a imagem na minha cabeça da “Alice no País das Maravilhas”, do chapeleiro maluco, do coelho e da fantástica obra de engenharia do papel, no livro Pop-Up com o mesmo nome, criado por Robert Sabuda. Claro, também com a clara ligação à cidade dos “Unhas Negras” e ao ofício dos chapeleiros. Mas a mensagem que pretendia passar era precisamente a do mundo da fantasia, da magia, a do mundo da Alice.
Quanto tempo demorou o processo de construção?
O processo de concretização final, na cartola, não demorou mais do que três dias. No entanto, todo o processo de criação foi sendo imaginado, esboçado e construído ao longo de alguns meses, também na pesquisa das melhores soluções técnicas para o que pretendia realizar.
Que materiais usou?
Esse foi um processo complexo. Em primeiro lugar, o material final dos chapéus é fibra de vidro, o que ajudava. Como são obras de arte urbana, para estar na rua, as tintas utilizadas são esmaltes acrílicos aquosos, de exterior, naturalmente, não havendo risco de se danificar. Outra parte complexa foi a do coelho e principalmente as cartas que são em base de acrílico que depois levaram a impressão de vinil. A colagem também foi um processo complexo para que se conseguisse um resultado agradável e que fixasse bem os materiais.
Que acha desta iniciativa? E do Festival do Chapéu?
É uma fantástica iniciativa e que envolve a cidade e promove o ofício de chapeleiro. A arte urbana tem esse fator de envolver as pessoas, de não ser indiferente. Claro que o Festival do Chapéu será um fator promotor da cidade, da indústria e promoverá, também “fora de portas”, a cidade e as suas iniciativas culturais. E já se sente bem esse impacto muito positivo.
“S/título de Chapéu”, de Francisco Pessegueiro
Qual é a história do seu “chapéu”? Que mensagem quer passar?
Tentei criar um chapéu que criasse uma relação do tempo e o lugar através da cerâmica. A ideia deste chapéu é remeter para o imaginário fantasioso através de cores, texturas e volumes que surgem de um fundo negro de noite e sonhos.
Quanto tempo demorou o processo de construção?
Foram cerca de duas semanas de trabalho sem contar com a recolha dos fragmentos e conformação das pequenas peças de olaria.
Que materiais usou?
Utilizei fragmentos de cerâmica encontrados ao longo de vários anos e recuperados de vários sítios do País e da cidade de S. João da Madeira. Alguns dos fragmentos e peças de cerâmica foram produzidos por mim como experiências de diferentes técnicas e utilizo-os agora para fazer as assemblagens.
Que acha desta iniciativa? E do Festival do Chapéu?
Acho que é uma boa iniciativa, vem trazer dinâmica à cidade. O festival é uma bonita forma de celebrar este legado que nos foi deixado, a indústria dos chapéus. É certamente uma boa altura para as pessoas tirarem os chapéus dos armários e os usarem com naturalidade…