Maria João Paixão é treinadora de ginástica na Associação Desportiva Sanjoanense e há quase quatro anos decidiu experimentar a Biodanza. Nunca mais deixou. Os benefícios levaram a docente a render-se à atividade que é definida como “um sistema que estimula o desenvolvimento humano através de vivências integrativas induzidas pela música e pela dança”. Face às melhorias pessoais sentidas, e como resposta a algumas situações de “indisciplina” na modalidade que leciona, em setembro de 2018 Maria João Paixão introduzia a Biodanza como complemento da ginástica no clube alvinegro. Quase um ano depois a treinadora reconhece que “a diferença é abismal”. “São adolescentes rebeldes, mas tinham uma fraca autoestima e não estavam focadas. Como já praticava Biodanza com a Teresa, falámos e decidimos avançar com este projeto, que é único a nível mundial”, explica Maria João Paixão, recordando que o ponto de partida foi no dia anterior à edição de 2018 do Sarau de Ginástica. “Fizemos uma aula experimental, direcionada para o relaxamento, e no dia do evento as ginastas estavam completamente descontraídas. A partir daí começamos a implementar esta atividade nos treinos e hoje, quase um ano depois, a diferença é enorme”, acrescenta a treinadora, que aponta melhorias não só no aspeto desportivo, mas também pessoal. “Estão mais focadas e melhoraram as notas na escola. A disciplina e a relação entre elas é totalmente diferente. São mais unidas”, garante a treinadora. Aspetos que também afetam, segundo a docente, o comportamento coletivo e o desempenho desportivo, já que nas exibições “as atletas estão serenas”.
Para a facilitadora (designação que se dá a quem dá aulas de Biodanza) Teresa Margarida Brandão a implementação do projeto na modalidade de ginástica “foi fácil” e o resultado é “bastante positivo”. “São jovens que estão muito recetivas e que alinham muito bem no que lhes é proposto”, refere, apontando também melhorias em todas as atletas desde que a Biodanza começou a fazer parte das rotinas das ginastas. “São melhores atletas, não só no aspeto físico, mas em todos os outros. Hoje, entram numa exibição com uma atitude e postura completamente diferente. Os próprios pais reconhecem que estão mais carinhosas, afáveis e mais próximas”, assegura Teresa Margarida Brandão, explicando que trabalha com as jovens “o respeito por si, pelo grupo e por quem as está a ver”. “Procuro trazer todo o aporte da Biodanza, para o contacto, o toque, a carícia, a ternura, o companheirismo, a dinâmica de grupo”, explica a facilitadora, que apesar de reconhecer que a recetividade das jovens, à integração da atividade nos treinos de ginástica, foi “excelente”, admite que na fase inicial os pais mostraram alguma “relutância”. “No início foi feita uma reunião e a recetividade foi q.b., mas à medida que foram sentindo as diferenças as pessoas foram aderindo”, conta.
Quase um ano depois, Maria João Paixão refere que tem sido um “desafio muito giro”, e reconhece também mudanças em termos pessoais. “Até eu estou diferente. Vamos crescendo com elas”, refere a treinadora, que confessa que gostaria de ver a Biodanza implementada noutras modalidades. E esse parecer ser o “sonho”, de Teresa Margarida Brandão, mas a facilitadora reconhece que a “abertura das mentes e da consciência” parece ser a grande barreira. “Há 20 anos não se falava de Física Quântica e hoje é uma realidade. Tudo está a evoluir, mas precisamos de ter uma mente aberta para perceber que há realidades novas sempre a chegar e que a evolução é um processo que nunca para. É preciso ter a abertura para perceber que isto pode ser algo que nos permite estar no desporto de forma diferente e sermos melhores”, esclarece Teresa Margarida Brandão, reconhecendo, no entanto, que “há ainda um longo caminho a percorrer”.
“Antes tinha muita vergonha de falar com as pessoas e andava na rua de cabeça baixa. Sinto que desde que comecei a fazer Biodanza tenho-me tornado uma pessoa mais aberta e perdido muita timidez que tinha”, explica Mafalda Pinho, que aponta também melhorias no desempenho escolar e em termos desportivos. “Consigo estar mais concentrada nas aulas e na ginástica melhorei a minha prestação”, acrescenta.
Já Eva Resende garante que “o grupo está mais coeso e unido e que tudo se desenrola melhor”. Em termos pessoais a atleta partilha da mesma opinião e assegura que as melhorias são notórias “ao nível pessoal, escolar e desportivo”, e garante que a presença da facilitadora nos treinos passou a ser “essencial”.
Lara Terra reforça a ideia das colegas e assegura que a “Biodanza é fundamental tanto para o grupo como em termos individuais”. “As notas melhoraram e estou mais aberta e menos tímida”, assegura.