Esperança

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Vai-se tornando um mal nosso, a obsessão da esperança;

Caiu na banalidade, torna-se uma abstração,

Imagem intelectual, um conceito na balança

De pratos imaginários, numa eterna oscilação.

 

Essa confiança em algo, daquilo que se deseja,

Virtude teologal que nos inclina a vontade,

Em confiar na verdade de um Deus que lá esteja,

Para nos satisfazer entre mentira e verdade.

 

Passa-se a vida corrente em convulsos turbilhões,

De mil e uma ansiedades, p’la melhoria da opressão,

Em futuros dúbios, falsos, sem se encontrar soluções,

Que se aguardam e não chegam, porque alguém só diz: Mas não!

 

A esperança tornou-se um vírus, que afeta a Humanidade,

Todos dizem: “é o que nos resta”, num fatalismo de fados,

Enganando a cada instante toda a nossa veleidade,

Ser a única que não morre, vamos vivendo enganados.

 

A esperança é imortal, talvez por ser mais um mito,

Alguém disse que é uma bênção que paira sobre o humano!

A esperança da esperança! Música que soa a maldito,

Pois mantem-nos cá na terra nesse tão pereno engano.

 

Flores Santos Leite

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