Depois de ter sido professora e diretora de dois agrupamentos de escolas, é vereadora desde novembro de 2017. Como tem sido desempenhar esta nova função em que entre outras áreas continua a estar ligada à Educação?
Esta função de vereadora é uma missão que tento viver no dia a dia com a maior intensidade e com o maior envolvimento possível no pressuposto de que nada é eterno, de que isto é transitório e de que enquanto aqui estou tenho de dar o meu melhor. E é para isso que me esforço todos os dias. Nem tudo corre bem. Claro que não. É óbvio que este é um processo complexo, que não depende só de mim e que há necessidade de o articular com várias pessoas, várias divisões. Mas acho que, essencialmente, me sinto bem, gosto daquilo que faço, gosto muito da equipa com a qual estou a trabalhar, admiro muito o nosso presidente. Acho que S. João da Madeira, e isto digo-o muito sinceramente, tem muita sorte em ter um presidente como o Dr. Jorge Sequeira que é uma pessoa humana, que está sempre muito do lado dos mais frágeis, que tem uma visão holística daquilo que é a cidade e que tem muita vontade e muita determinação de fazer com que as coisas corram bem. Portanto, retomando aquilo que é aqui a minha missão como vereadora, acho que durante a minha carreira sempre me tentei sentir bem com aquilo que estava a fazer e consegui felizmente. Acho que tive sorte nesse aspeto, mas também sou uma pessoa que me entrego. Portanto, agora estou aqui, é isto que estou a fazer a tempo inteiro. Enquanto estive como diretora quer na Serafim Leite, quer na Oliveira Júnior foi também isso que tentei, ou seja, dar o meu melhor sempre e também como professora na sala de aula. Independentemente do contexto onde me encontro, acho que é minha obrigação dar sempre o melhor.
“Nunca senti dificuldade pelo facto de ser independente”
Apoiou a candidatura de Ricardo Figueiredo pela coligação PSD/CDS-PP em 2016 e de Jorge Sequeira pelo PS em 2017. Durante a campanha eleitoral e depois de ter sido eleita sentiu alguma dificuldade pelo facto de ser independente?
Não. Nunca senti dificuldade pelo facto de ser independente. Aliás, acho que comigo isso sempre funcionou como uma mais-valia, como uma liberdade de ação porque sou vereadora não por pertencer a um partido político mas sim porque, se calhar, reconheceram em mim determinadas competências que acharam que seria uma mais-valia para o desempenho desta função. É óbvio que tenho de estar muito agradecida por isso e todos os dias luto para que essas pessoas não fiquem defraudadas com essa opção. É certo que apoiei a lista do senhor presidente Dr. Ricardo Figueiredo como independente e suplente. Fi-lo na convicção de que a minha posição, os meus conhecimentos, todo o meu historial de vida poderiam significar algo de positivo. É óbvio que quando o Dr. Jorge Sequeira falou comigo no início fiquei muito surpreendida. Depois, independentemente de achar que não sabia se seria boa ideia ou não porque eram situações partidárias diferenciadas, já aí percebi o grande poder de argumentação do Dr. Jorge Sequeira e a capacidade imensa que ele tem de colocar as coisas no devido sítio. E convenceu-me. Percebi que estava a falar com um homem de palavra, um homem de valor e foi precisamente isso que me convenceu.
Então apoia pessoas, não partidos?
Sim, exatamente. Eu apoio causas, apoio pessoas embora, neste momento, aquilo que tenho a dizer é que estou extraordinariamente bem agradada com aquilo que tem sido a atuação do Partido Socialista. Identifico-me em absoluto com tudo aquilo que têm sido as linhas programáticas do partido e com aquilo que é um programa com que de certa maneira me sinto envolvida e se não fosse assim não estaria aqui.
Passados quase dois anos, continua a acreditar na pessoa e no programa que decidiu apoiar?
Sim. Continuo a acreditar tanto na pessoa como no programa que estou a acompanhar quer a nível autárquico, quer muito particularmente a nível nacional.
Continua como independente?
Sim.
Nunca a desafiaram a filiar-se num partido?
Não. Nunca me desafiaram a filiar-me. Isso é um assunto que nunca se colocou.
De todas as áreas pelas quais é responsável – Educação, Saúde, Defesa do Consumidor e Cooperação Externa – qual é a que tem sido a mais desafiante?
A Educação, obviamente, porque é a minha área de eleição. Sou professora há mais de 30 anos, estou muito, muito ligada à Educação. Foi a minha única profissão, foi opção minha. Acho que aquilo que acontece neste momento, aqui como vereadora, é que tenho a oportunidade de lidar na mesma com essas vertentes todas ligadas à Educação e isso acaba por ser uma mais-valia para mim porque acabo por me sentir como “um peixinho na água” (risos).
“Defender aqueles que são os consumidores mais vulneráveis”
Quais as principais medidas que têm sido implementadas na Defesa do Consumidor e na Cooperação Externa, uma vez que acabam por ser as áreas que passam mais despercebidas?
No que diz respeito à área da Defesa do Consumidor tenho tentado trabalhar no sentido de desenvolver atividades que vão ao encontro de um maior esclarecimento, de uma maior sensibilização para aquilo que é o ato do consumo, implementar estratégias que vão no sentido de defender aqueles que são os consumidores mais vulneráveis e que têm inclusivamente problemas sérios para resolver. Neste momento, temos uma parceria com a junta de freguesia que tem a ver com apoio que está a ser prestado pelo Tribunal Arbitral do Porto. Inclusivamente fizemos ações de sensibilização que vamos repetir no próximo ano e que estão no nosso Projeto Educativo Municipal. À semelhança do ano anterior, vamos fazer esse trabalho de sensibilização, esclarecimento e apoio. Gostaria de estender este pelouro. Já falei disso ao senhor presidente. Há ideias, projetos embrionários. Não gostaria de falar muito sobre eles porque isto carece, obviamente, de uma discussão interna. Mas poderão significar uma mais-valia para os sanjoanenses. Atualmente, temos a parceria com a junta de freguesia e temos na Habitar também o acolhimento destes casos que depois serão por nós encaminhados para o Tribunal Arbitral do Porto.
E em relação ao pelouro da Saúde?
É uma área que também me agrada imenso. Aí sinto-me já com algum trabalho realizado, nomeadamente com o programa da vacinação. Articulo muito com o senhor diretor do ACeS, o Dr. Miguel Portela. Ainda ontem estivemos aqui reunidos a preparar aquilo que poderá ser a descentralização de competências na área da Saúde. Tivemos também a aquisição da cadeira de dentista com a implementação daquele programa de saúde oral. Portanto, tudo isso tem contribuído para que os sanjoanenses sintam que estão a ser devidamente acompanhados pela autarquia nessa área. Temos também outras ideias, mas ainda estão na fase embrionária.
Quantas pessoas pediram a vacina contra o rotavírus?
O número de crianças que usufruíram do programa de vacinação infantil foram 74 em 2018 e 70 até agosto deste ano.
Para quando inauguração oficial da cadeira de dentista?
Como sabe neste momento temos um constrangimento que é aquele que se prende com as eleições. Portanto, antes das eleições não será.
“Tenho muita esperança que a muito breve prazo a Serafim Leite tenha direito Àquilo que é já reivindicado por várias direções há dezenas de anos”
Depois de um novo concurso público ter sido lançado e do contrato de colaboração entre o Governo e o Município ter sido assinado, em julho, existe alguma novidade em relação à obra de requalificação da Serafim Leite?
Aquilo que está a acontecer é que estamos em fase de procedimento concursal. Neste preciso momento acho que estamos naquela fase de conhecer os erros e omissões que são levantados pelas pessoas que podem estar interessadas no processo de candidatura deste concurso. Tenho muita esperança que a muito breve prazo as coisas comecem a correr por aquilo que é a melhor via e que a Serafim Leite tenha direito àquilo que é já reivindicado por várias direções há dezenas de anos. É obviamente reconhecido como mais do que um direito, uma necessidade imperiosa não só para a comunidade educativa Serafim Leite, mas também para os sanjoanenses.
Uma das escolas que também não é intervencionada há muitos anos é a EB2,3. Existe alguma oportunidade de financiamento em vista?
Não. Temos articulado muito com o diretor Mota Garcia, fizemos muitas visitas mas, como sabe, essas instalações não são da nossa responsabilidade direta. As coisas têm de ser feitas de forma faseada, com serenidade e com fundamento. Neste momento estamos a fazer a intervenção de uma escola que também não depende diretamente da autarquia, mas estamos a fazer as obras. Aquilo que vai acontecer à EB2,3 com certeza que será objeto de um estudo, de uma negociação, auscultação da comunidade educativa, das pessoas que são diretamente responsáveis neste momento e aquelas que serão no futuro. Portanto, isto é um processo que ainda está numa fase muito de início. Neste momento sabemos que independentemente da existência de algumas condições que não são as melhores, a escola funciona, tem tido sucesso educativo, é muito proativa nas atividades, tem bons professores, portanto, há serenidade. Acho que a seu tempo aquela escola deverá ser efetivamente intervencionada.
Neste momento, todas as escolas sanjoanenses estão livres das coberturas com fibrocimento com amianto?
Ainda nos falta uma parte das escolas dos Ribeiros e do Parque. Já fizemos a intervenção na escola de Fundo de Vila, na Travessas. Este ano na Devesa e também em Casaldelo. Fizemos também no Parrinho. E acho que é só do nosso parque escolar. É uma situação que queremos terminar até ao final do mandato.
“Espero que o mais tardar as obras comecem em outubro (na escola de Fundo de Vila)”
Quando é que começam as obras na EB1/JI de Fundo de Vila?
O mais rapidamente possível. Queremos que aquela escola seja uma escola de elite, queremos mudar o paradigma de uma escola de bairro para uma escola desejada. Não quer dizer que o facto de ser uma escola de bairro não seja uma escola desejada, mas sabíamos que aquela escola precisava de obras. Foi sujeita aquando da retirada do amianto a determinadas realidades que não foram muito positivas para a comunidade educativa que nos preocuparam imenso. Reconhecemos que houve situações que ultrapassaram aquilo que deveria de ser o ideal, que não aconteceram com outras escolas, nomeadamente com Parrinho e Travessas. Ali houve uma sucessão de azares, de circunstâncias que de certa maneira culminaram naquilo que aconteceu. A escola foi inundada e depois, com a ajuda dos encarregados de educação e da Associação de Pais que foram extraordinários neste processo, a escola foi limpa. Tornou–se mais acolhedora com algumas das intervenções que a câmara foi fazendo. O que vai ser ali feito com certeza que vai ser do agrado de todos. Vão ter oportunidade de ver. Vai nascer uma nova escola acolhedora, que vai ser desejada e que de certa maneira vai fazer com que as pessoas se sintam agradadas, gostem da escola, e vai ter um paradigma completamente diferente. Para além dos ótimos arquitetos que temos aqui na autarquia, contratámos uma empresa de design de interiores que vai fazer maravilhas naquela escola. O que queremos é que as crianças que lá estão e que para lá vão no futuro se sintam bem. Vamos trabalhar para isso. Espero que o mais tardar as obras comecem em outubro.
Para onde vão ser deslocadas as crianças, funcionários e professores de Fundo de Vila neste ano letivo?
Os dois grupos do pré-escolar e os seis grupos do 1º ciclo vão ser “alojados” nas antigas instalações da João da Silva Correia. Desde julho que os serviços da câmara municipal estão a trabalhar nessas mesmas instalações no sentido de criar as melhores condições para acolher essas crianças. A “escolinha” de Fundo de Vila não vai sequer abrir neste ano letivo, só vai abrir a escola nova. As refeições também vão ser lá servidas. Nesta altura a melhor opção que encontramos foi fazer as refeições na Devesa Velha e vão ser transportadas para as antigas instalações da João da Silva Correia de forma a que as crianças possam ver assegurada a refeição que lhe é devida.
A câmara municipal disse que ia instalar o sistema de videoporteiro em todas as escolas de 1.º ciclo que não o tivessem durante o ano letivo 2018/2019. Conseguiu fazê-lo?
Sim. Apenas existe duas escolas – Parrinho e Carquejido – onde o videoporteiro não está a funcionar plenamente, mas cuja situação estará resolvida ainda este mês.
Uma outra medida deste executivo era a criação de um balcão de troca de manuais escolares. Já existe e funciona?
Não. Neste momento, depois de vários estudos e de várias abordagens diretamente com os diretores dos agrupamentos, achamos melhor não avançar com esse projeto porque não é um projeto ou algo que diga diretamente respeito às autarquias. O que acontece é que a troca de manuais escolares está a ser feita e assegurada pelos próprios agrupamentos, ou seja, chegámos à conclusão que a intervenção da câmara iria ser algo que iria complicar e não facilitar o processo. Apoiamos de outra forma. Apoiamos as fichas aos alunos do 1º e 2º ciclo e as medidas da ação social.
“Gostaríamos muito de avançar com um processo de aquisição de senha pré-paga”
Para além do envio das faturas das refeições escolares via eletrónica por parte do Município para os encarregados de educação desde dezembro de 2018, que outras medidas do Simplex estão previstas para a Educação?
Neste momento, sem certezas do que pode acontecer já a curto prazo, gostaríamos muito de avançar com um processo de aquisição de senha pré-paga por parte de todos os alunos do concelho de S. João da Madeira, nomeadamente por parte do 1º ciclo para evitar aquelas situações que temos vindo a notar que são um número crescente das dívidas das famílias. Sabemos que por trás de cada caso de dívidas das famílias está um caso social complicado. O que temos vindo a fazer é um contacto direto com todas essas famílias que passa, primeiro, pelo envio de uma fatura, um telefonema, uma abordagem direta do coordenador escolar, por vezes do diretor do próprio estabelecimento, e depois uma abordagem por parte da Divisão de Educação. Eu própria já fiz reuniões no sentido de tentar ajudar essas famílias. Chegámos à conclusão que, muitas vezes, famílias que têm direito a apoio não o reivindicam.
Será por falta de informação?
Não sei se será por falta de informação. Não queria usar o termo negligência, mas facilitismo. E para bem das nossas crianças, para a sua proteção, obviamente que temos de trabalhar com estas famílias.
Temos uma coisa muito importante neste processo que é o projeto “Mais Sucesso Escolar – Intervir, Convergir e Construir” que é financiado, implementado desde 2017, no âmbito da Área Metropolitana do Porto, que considero do melhor que aconteceu a nível da Educação aqui em S. João da Madeira. Estão contratadas duas técnicas superiores, uma de Ação Social e uma psicóloga, que trabalham em estreita colaboração com a Divisão de Educação, nomeadamente mais duas psicólogas, e há aqui uma abordagem direta às famílias muito importante. E é também por aí que nos temos apercebido destes casos que têm urgência em serem tratados. O que está a acontecer neste projeto é que as crianças são identificadas como necessitando de apoio, são encaminhadas para a equipa, a equipa faz uma pré-abordagem ao encarregado de educação, à família, que assume que há um acompanhamento e autoriza esse mesmo acompanhamento. Depois há sessões de trabalho semanais com cada uma dessas crianças, com a própria família juntamente com os próprios professores. Há aqui uma trilogia fantástica. Está aqui tudo que penso que pode levar ao sucesso educativo das crianças que é o trabalho da autarquia, das escolas e das famílias.
Têm resultados?
Sim. Tenho aqui números que foram apresentados no último Conselho Municipal de Educação, onde estiveram o grupo de psicólogas que fizeram uma apresentação. Há resultados que são importantíssimos e convém que sejam tidos em conta no sentido de ver que este é um trabalho que está a ser desenvolvido por pessoas altamente qualificadas e que se tem refletido no terreno como uma extraordinária mais-valia para as nossas crianças.
O programa terá continuidade sem financiamento?
Acho que o financiamento do projeto terminará em 2021 e sinceramente essa é uma questão que me preocupa, porque acho que S. João da Madeira irá ficar a perder se esse projeto não avançar. É uma das situações que estamos a estudar no sentido de ver e de continuar com este projeto ainda que com outros moldes, estrutura, mas que é uma mais-valia para o nosso sistema educativo, é.
“Ultrapassámos as 400 inscrições (nas Jornadas da Educação)”
As Jornadas da Educação realizam-se pela primeira vez na Casa da Criatividade. O que levou a esta mudança?
Já queríamos fazer isso no ano passado mas depois, por uma questão de agenda, não conseguimos. Aquilo que nos levou a fazer essa mudança foi precisamente a constatação de que a Casa da Criatividade teria melhores condições para acolher todas aquelas inscrições que esperaríamos que acontecessem nas X Jornadas da Educação. E foi isso que se veio a mostrar. Neste momento já ultrapassámos as 400 inscrições. Isto se acontecesse nos Paços da Cultura seria impossível. E temos um programa fantástico. Acho que vamos conseguir ir ao encontro das expectativas de todos que se inscreveram nas Jornadas. Todos nós nos vamos esforçar para que sejam as melhores jornadas de sempre.
O Projeto Educativo Municipal quando é que vai ser apresentado?
Estamos a ultimar o Projeto Educativo Municipal. Neste momento está prontinho para sair. Para além do Projeto Educativo Municipal que tem 84 páginas, vamos fazer uma agenda, tal como no ano passado, que vai ser entregue durante a sua apresentação que gostaria que acontecesse na segunda semana de setembro. Vai ao encontro do que foi feito nos anos anteriores, mas tem iniciativas inovadoras iniciadas por este executivo e ainda outras que queremos lançar como novidades.
“Vamos oferecer fruta duas vezes por semana às crianças do 1º ciclo”
Por exemplo?
Um Programa de Fruta Escolar que queremos lançar este ano letivo. Vamos oferecer fruta duas vezes por semana às crianças do 1º ciclo com a supervisão dos professores titulares de turma e também com a ajuda preciosa do Centro de Saúde, que vai dar umas palestras juntamente com a nossa nutricionista que vai fazer um trabalho que acho que vai ser muito importante. Embora aí reconheça que vamos precisar muito da ajuda dos professores titulares de turma, da paciência e perseverança deles de forma a que este programa dê certo porque não é fácil dar fruta lavadinha a crianças do 1º ciclo. Há uns que gostam, outros que não gostam tanto. Desde já agradeço imenso aos professores titulares de turma que estejam dispostos a abraçar este projeto porque acho que é muito importante para a saúde das nossas crianças.
Qual o balanço destes quase dois anos como vereadora?
Acho que posso resumir isso numa frase: tem sido um desafio constante. Aquilo que posso dizer é que isto é um tipo de trabalho que é, ou eu penso assim, uma missão. Há imprevistos, muitas vezes ideologias, sonhos, que não podem ser coniventes com a realidade porque não permite em termos estruturais, financeiros, orçamentais que haja a aplicação e a concretização daquilo que sonhamos como ideal. Então este equilíbrio entre aquilo que desejamos que seja e aquilo que pode ser é efetivamente o grande desafio. Quando chego a este gabinete nunca sei o que vai acontecer. Tenho de estar pronta para aquilo que é a minha obrigação, que é representar o Município, ajudar o senhor presidente e a minha equipa. Todos os dias tento ser melhor. Não sei se consigo, mas todos os dias tento.
Lei sobre a identidade de género
“Um direito para os jovens que estão a passar por esse processo”
“Acho que relativamente a esse assunto muita coisa se tem escrito, muita coisa se tem dito. Acho que muitas vezes está associado a determinado tipo de intervenções, não queria utilizar o termo maldade porque se calhar é forte, mas acho que se tem extrapolado o que ao fim e ao cabo considero um direito. Um direito quer para os jovens que estão a passar por esse processo, quer para os pais que têm esses filhos. Portanto, aquilo que tenho para dizer relativamente a este despacho que decorre das medidas administrativas que se pretende que sejam implementadas decorrendo da lei 38/2018 que saiu já o ano passado, isto é não é mais que criar condições para que não existam situações quer de bullying, quer de abuso que muitas vezes acontecem nas escolas e é preciso salvaguardar isso. Tenho fé que muitas das escolas – e isso já tem sido dado prova em conversas que tenho tido com os diretores dos agrupamentos – sabem lidar muito bem com essas situações. Aquilo que aqui está em causa ao fim e ao cabo é um conjunto de 200 jovens a nível nacional que são diferentes. E por serem diferentes têm também necessidades diferenciadas e essas necessidades diferenciadas são direitos que precisam de ser salvaguardados. Aquilo que as escolas têm de fazer é acautelar situações no sentido em que essas crianças, esses jovens, tenham a melhor qualidade de vida possível em função das suas especificidades. Acho que isto não é difícil porque é mesmo uma questão de estar atento aquilo que é o conjunto de necessidades desses jovens, negociar com os pais e os encarregados de educação o que é melhor para esses jovens depois de os ouvir e em conjunto definirem as melhores circunstâncias para acautelar situações quer de bullying, quer de outro tipo de violências que obviamente essas sim são de evitar a todo o custo. Tenho fé que isto vai correr bem, que as escolas estejam efetivamente preparadas para dar respostas que se exigem a este tipo de situações da melhor forma possível como sempre fizeram até aqui e agora aquilo que acontece é que isso está determinado numa lei e num despacho”.