Passei a fronteira além, deixei para trás o que eu era,

Abandonei a matéria de que era feito o que eu sou,

Só passou a alma e a dívida do quanto a todos se espera,

Nas lonjuras do Universo, imenso, para onde vou!

 

Dizem filósofos e teólogos que nossa alma não morre,

Só o invólucro é que se torna em algo reciclável,

Reduzido a pó e cinza, o nada que nos ocorre,

Ao cérebro sempre inquieto, que aposta no variável!

 

Como definir a mente, o cérebro considerado

Na sua função suprema, de trabalho intelectual?

Imaginação, lembrança, o fruto bem trabalhado,

Por ideia e razão, o espírito universal!

O espírito, o pensamento, o princípio, a reflexão

Incorpóreo que anima qualquer ser que raciocina,

Sentimento, felicidade, inteligência, a razão,

Que a tudo quanto somos, sempre preside e domina!

Será uma forma de energia, que não é exclusiva humana;

Vir-nos-á de qualquer fonte, não de geração espontânea

De um gerador talvez divino, de outra causa mais profana,

Que se verteu no planeta de uma forma subitânea?

De novo agora à partida, quando abandona a carcaça,

Regressará às origens que lhe deu proveniência;

Seja qual for a essência no seu trajeto que passa

Vai de saída a Terra numa imortal existência…

Foto de Arquivo Labor

Flores Santos Leite

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