la a passar na rua, pejada de povo de várias nacionalidades, e ouvi uma voz, entre o irónico e o ameaçador, que dizia: “veremos como vão ser distribuídas as rosas”!
Aquilo mexeu comigo, entrou-me no ouvido, alimenta a confiança do coletivo em vésperas de eleições dirigida a todos os protagonistas que por esta altura se empenham nas fainas preparatórias.
Ainda que, se pensarmos bem, a nobre tarefa de distribuir a flor rainha (rosa) sem se ferir com os seus espinhos está essencialmente nas mãos de António Costa.
Quatro anos depois em plena fase de transição de uma crise mais do que aguda e em pleno rescaldo de uma experiência governativa de base parlamentar inédita e arrogantemente votada ao fracasso por todos os opositores, António Costa consegue manter o privilégio de ditar as regras.
Que tipo de protagonismo vai desempenhar?
Com ou sem espaço para futuras lideranças?
Que tipo de campanha vai fazer?
Que tipo de governo vamos ter?
De origem governamental ou parlamentar?
Com quem se coliga se não tiver maioria absoluta?
A que cedências obrigará os partidos à Esquerda?
A que espécie de esquecimento votará os à Direita?
Convenhamos que não são poucos os espinhos desta flor (rosa) bem cheirosa.
E, mal distribuído, é simplesmente uma rosa falhada.
E convenhamos também que o país se parece mesmo com um daqueles episódios de ilusionismo comédia, onde na sala que se esvazia, fica o cómico de serviço, frente ao problema, a coçar a cabeça e sem perceber como ficou sozinho “para distribuir rosas”.
Para o bem do país espera-se que António Costa tenha a serenidade e a lucidez suficiente para nos garantir um pós-eleições que faça sentido, uma boa distribuição de rosas com a mão esquerda, uma vez que a maioria absolutamente é uma miragem.