Pelo menos até “as pessoas se habituarem a fazer estas coisas”, disse Ana Couto

Após a recolha de lancetas ter sido desenvolvida ao longo de três meses e prolongada até ao fim do ano, o labor foi ao encontro da munícipe Ana Couto que impulsionou o Município a criar este projeto inovador em todo o país (ler texto nesta página).

A iniciativa é “positiva” e “muito importante”, mas “deveria ser mais divulgada” pelo menos até “as pessoas se habituarem a fazer estas coisas”, disse Ana Couto, indicando como “maiores entraves” dois fatores: “as pessoas pensarem que vão ter de pagar por isto (contentor)” e “mudar os hábitos”.

Enquanto conversou com o labor, esta munícipe não teve dúvidas em afirmar que “as pessoas pensam que quando largamos qualquer produto no lixo aquilo desaparece e não desaparece”, considerando que estas ações resultam da “falta de informação sobre o ciclo dos lixos”. Por isso, “deviam investir mais em informação”.

Contudo, Ana Couto não quer com isto dar qualquer tipo de “lição de moral” a ninguém até porque ela própria admitiu que antes de cuidar do seu pai, que é diabético, e de contactar com esta realidade “também não tinha esta sensibilidade de pensar para onde é que isto vai e depois vemos as notícias sobre resíduos que aparecem na praia, mais não sei onde e não pode ser”. Mas o certo é que poderia continuar a “olhar para o lado” e a depositar estes resíduos juntamente com o lixo comum, mas não. Decidiu, antes, pedir ajuda para encontrar uma solução para este problema ambiental e de saúde pública.

O seu pai, José Gonçalves, recebeu o diagnóstico de que tinha diabetes tipo dois quando tinha 70 anos. Passados 16 anos, agora com 86, a sua rotina mudou em termos de alimentação, deixou de beber bebidas alcoólicas e parou de fumar, contou a filha, Ana Couto, relembrando que o tratamento começou com comprimidos e na última década passou a ser feito com recurso à insulina injetável.

“Ele todos os dias tem de fazer a ´picadinha´ num dos dedos para controlar os níveis de açúcar e só depois é que injeta a insulina. Ele teve de aprender a fazer a insulina injetável na barriga sozinho, que, para agora, faz sozinho duas vezes por dia, uma de manhã às 9h00 e uma à noite às 19h00”, contou Ana Couto ao labor.

As palhetas usadas para medir os níveis de açúcar no sangue, a ponta das agulhas usadas para injetar a insulina e as canetas de aplicação de insulina podem ser colocadas nos contentores distribuídos pela câmara.

Mensagem sobre este projeto ser gratuito “ainda não passou” com eficácia

Antes de existirem estes contentores próprios para colocar estes resíduos, “colocava-os numa garrafinha de plástico e quando estivesse cheia levava-a à farmácia. Eles ficavam lá com isso. Ou no Centro de Saúde quando íamos às consultas ou no Hospital” até estas entidades ligadas à área da saúde deixarem de receber os resíduos por volta de 2016, recordou Ana Couto que daí em diante colocava a garrafa com os resíduos no interior do ecoponto indicado.

A consciencialização sobre o local para onde iam estes resíduos e para onde podiam ir ter levou a munícipe a sessões públicas de reunião de câmara e assembleias até que viu o seu problema encontrar uma solução com a ajuda do Município.

Uma vez que considera que a mensagem sobre este projeto ser gratuito “ainda não passou” com eficácia entre as entidades que são responsáveis pela sua divulgação e a população, Ana Couto voltou a usar o seu direito de cidadania e interveio na assembleia de freguesia realizada na semana passada para que este órgão autárquico usasse o projeto “A Picadinha” – realização de rastreios gratuitos à população – para divulgar a recolha de lancetas ali mesmo porque onde passam muitas pessoas com diabetes.

 

1.627 diabéticos acompanhados no CHEDV

 

112 utentes são naturais de S. João da Madeira

 

A consulta dirigida a pessoas com diabetes existe desde a abertura do Hospital S. Sebastião em Santa Maria da Feira no ano de 1999.

Atualmente, 1.627 diabéticos são acompanhados pelo Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga (CHEDV) que integra os hospitais de Santa Maria da Feira, S. João da Madeira e Oliveira de Azeméis.

Desses, 969 são mulheres, 658 são homens e têm uma média de 61 anos de idade. Dos 1.627 utentes com diabetes, 578 são naturais de Santa Maria da Feira, 278 de Oliveira de Azeméis, 112 de S. João da Madeira, 102 de Vale de Cambra, 86 de Ovar, 67 de Arouca, 21 de Castelo de Paiva, 10 de Vila Nova de Gaia e 42 de outros, informou o CHEDV, através do seu gabinete de comunicação, a pedido do labor.

O nosso jornal tentou obter o número de utentes com diabetes acompanhado pelo Centro de Saúde de S. João da Madeira, mas não conseguiu obter essa informação até ao fecho da edição.

 

Município prolonga recolha de lancetas até ao fim do ano

Desde maio até setembro foram levantados 75 contentores 

O projeto-piloto para a recolha de lancetas usadas para a administração de insulina e para o controlo da diabetes, assim como para outros tratamentos, começou a 7 de maio deste ano por iniciativa do Município de S. João da Madeira depois de se ter visto confrontado com as intervenções públicas da munícipe Ana Couto sobre o facto de ter o pai que é diabético e de não saber aonde colocar os resíduos resultantes dos tratamentos da diabetes.

DF

O Município decidiu “alargar o projeto piloto até ao final do ano” depois de uma experiência de três meses sem qualquer custo. O prolongamento deste projeto desde setembro até dezembro poderá custar “cerca de 500 euros” ao Município que irá reunir-se ainda este ano com a empresa parceira, a Ambimed, com o intuito de definirem os moldes e os custos associados à continuidade da recolha de lancetas ao longo de um ano, adiantou o gabinete de comunicação camarário ao labor.

Desde maio até ao final de setembro, foram levantados 75 contentores, sendo que 25 foram, entretanto, devolvidos cheios, apurou o nosso jornal junto do Município.

A execução deste projeto é feita em parceria com a Ambimed que é responsável pela disponibilização dos contentores, pela receção dos contentores cheios e pela incineração dos seus resíduos. O Município também conta com o apoio do Centro de Saúde e das farmácias sanjoanenses na divulgação de informação sobre este projeto, à semelhança do que acontece com o Programa de Vacinação Municipal.

 

Os contentores são gratuitos

Os sanjoanenses que tenham direito a usar estes contentores para lá colocarem os resíduos que resultam dos tratamentos que têm de fazer devido a determinadas doenças, não têm de pagar nada por isso, ou seja, o levantamento, o uso e a entrega do contentor são gratuitos.

O levantamento dos contentores pode ser feito de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 16h30, no espaço dedicado ao atendimento ao público, no piso zero, do Fórum Municipal.

No interior dos contentores devem ser depositados os resíduos resultantes dos tratamentos de diabetes e de outras doenças. Depois de atingirem o seu limite, os munícipes devem de entregar os contentores devidamente fechados ao Município.

Este, por sua vez, será responsável pelo reencaminhamento dos contentores para a Ambimed que procederá à incineração dos resíduos.

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