42,95% dos sanjoanenses decidiram abster-se de escolher a força política que gostariam de ver a governar o seu país
O Partido Socialista venceu as eleições legislativas com 39,79% dos votos em S. João da Madeira, subindo 5,8% em relação ao mesmo ato eleitoral realizado em 2015.
O segundo partido mais votado foi o PSD com 27,38% dos votos, menos 12,47% do que os 39,85% alcançados em coligação com o CDS-PP nas últimas eleições legislativas; seguido do Bloco de Esquerda (BE) com 11,39%, mais 0,71% do que em 2015; do CDS-PP com 4,65%; do PCP-PEV com 3,93%, menos 1,65% do que no último sufrágio a nível nacional; e do PAN com 3,42%, mais 2,07% do que em 2015 quando concorreu pela primeira vez a eleições legislativas.
A estas forças políticas que continuam a estar representadas nesta legislatura na Assembleia da República, juntam-se os estreantes Iniciativa Liberal (IL), o Livre (L) e o Chega (CH).
A IL foi a sexta força política mais votada em S. João da Madeira com 1,12% dos votos; o sétimo lugar foi ocupado pelo L com 0,66% dos votos; o oitavo pelo RIR (Reagir, Incluir, Reciclar) com 0,64%; o nono pelo CH com 0,57% votos; e o décimo pelo PCTP/MRPP com 0,53% dos votos, menos dos que os 0,78% alcançados em 2015.
Os restantes lugares foram ocupados pela seguinte ordem: Aliança (A) com 0,44% votos;
Nós, Cidadãos! (NC) com 0,25% (0,37% em 2015); PURP com 0,20% (0,19% em 2015); PDR com 0,16% (1,38% em 2015); MPT com 0,15% (0,40% em 2015); PNR com 0,15% (0,56% em 2015); PPM com 0,07% (0,22% em 2015); PTP com 0,07% (0,18% em coligação com o Movimento Alternativa Socialista em 2015); e JPP com 0,05% (0,07% em 2015).
Dos 20.047 sanjoanenses inscritos, 11.436, ou seja, 57,05% quiseram exercer o seu direito de voto e 42,95% decidiram abster-se de escolher a força política que gostariam de ver a governar o seu país.
Em 2015 o número de inscritos foi 20.320, o de votantes 11.876 que representava 58,44% da população e a abstenção atingiu os 41,56%.
Nestas eleições legislativas foram registados 312 votos brancos (2,73%) e 185 votos nulos (1,62%), mais do que os 267 (2,25%) e os 175 (1,47%) de 2015, respetivamente.
Socialistas venceram em todas as mesas de voto
O PS foi a força política mais votada em todas as 18 mesas de voto existentes em S. João da Madeira. Os socialistas receberam um total de 4.550 votos distribuídos da seguinte forma: 260 na mesa um, 248 na mesa dois, 270 na mesa três, 227 na mesa quatro, 224 na mesa cinco, 265 na mesa seis, 237 na mesa sete, 221 na mesa oito, 275 na mesa nove, 252 na mesa 10, 297 na mesa 11, 367 na mesa 12, 340 na mesa 13, 293 na mesa 14, 195 na mesa 15, 185 na mesa 16, 203 na mesa 17 e 191 na mesa 18. Os sociais-democratas foram a segunda força política mais votada em todas as mesas ao receber 162, 188, 204, 156, 151, 165, 156, 198, 234, 170, 178, 164, 173, 191, 162, 173, 159 e 147 em cada uma das 18 mesas, respetivamente.
Por sua vez, o CDS-PP foi a terceira força política mais votada em 12 das 18 mesas de voto. A saber 32, 28, 32 e 36 votos nas primeiras quatro mesas, com 26 votos na mesa sete, com 34 votos nas mesas nove e 10, com 34, 32, 33, 34 e 26 nas mesas 12 a 16. Já a CDU e o PAN conseguiram ser a terceira força política mais votada em três mesas cada um. Os comunistas tiveram as terceiras melhores votações na mesa seis com 27 votos, na mesa 11 com 31 votos e na mesa 17 com 30 votos. O PAN conseguiu o mesmo feito na mesa cinco com 33 votos, na mesa oito com 29 votos e na mesa 18 com 36 votos.
Quatro sanjoanenses entre os 16 deputados eleitos por Aveiro
Os socialistas também venceram no distrito de Aveiro com 34,31% dos votos que permitiram a eleição de sete deputados, mais dois do que em 2015 quando tiveram menos 6,4% de votos.
Tanto o PSD como o CDS-PP perderam deputados com os resultados de 33,55% e 5,69%, respetivamente, depois de terem conseguido 48,14% quando concorreram coligados com o Portugal à Frente (PàF) em 2015. Os sociais-democratas viram o número de deputados eleitos pelo distrito de Aveiro descer de oito para seis e o CDS-PP de dois conseguiu eleger apenas um neste que costuma ser um dos distritos em que o partido consegue ser mais forte.
Os bloquistas arrecadaram mais 0,36% votos do que os 9,60% em 2015, o que lhes permitiu crescer de um para dois deputados eleitos pelo distrito aveirense.
E assim estão eleitos 16 deputados pelo distrito de Aveiro, entre os quais estão quatro sanjoanenses: Pedro Nuno Santos pelo PS, André Neves pelo PSD, João Almeida pelo CDS-PP e Moisés Ferreira pelo BE.
A CDU recebeu 3,05% votos, menos 1,31% do que nas últimas eleições nacionais, e continua sem conseguir eleger o tão pretendido deputado pelo círculo de Aveiro. Os restantes resultados foram: PAN 2,96% (0,97% em 2015); IL 1,02%; RIR 0,78%; CH 0,74% L 0,68%; A 0,62%; PCTP/MRPP 0,54% (0,89% em 2015); MPT 0,20% (0,36% em 2015); PURP 0,20% (0,17% em 2015); PNR 0,20% (0,46% em 2015); NC 0,18% (0,27% em 2015); PDR 0,16% (1,24% em 2015); PTP 0,16% (0,34% em coligação com Movimento Alternativa Socialista); PPM 0,11% (0,35% em 2015); e JPP 0,07 (0,12% em 2015).
O distrito aveirense registou 3,02% votos em branco e 1,81% de votos nulos, ambos superiores aos 2,49% e 1,67% apurados em 2015. Já a abstenção atingiu os 54,55% com apenas 352.179 votantes em 645.665 inscritos. Uma tendência semelhante à de 2015 em que foi registada uma abstenção de 56,31% depois de só 368.071 em 653.597 inscritos terem votado.
“Geringonça 2.0”
O PS venceu as eleições legislativas de domingo passado com 36,65% dos votos, mas sem maioria absoluta, o que o obrigará a mais uma vez ter de contar com o apoio de outros partidos que à partida voltarão a ser o PCP e o BE depois de IL, CH, L e PAN fecharem a porta a uma “Geringonça 2.0”, mas deixando estes dois últimos aberta a porta do diálogo. Relembramos que nas eleições legislativas anteriores, em 2015, a coligação PàF do PSD e do CDS-PP venceu as eleições com 36,83% dos votos sem maioria absoluta, mas o PS com 32,38% dos votos conseguiu o apoio do PCP e do BE que com 8,27% e 10,22%, respetivamente, permitiram a criação da “Geringonça” para governar o país. Desta forma, o partido vencedor das eleições foi destronado pelo “arranjo” de António Costa. Passados quatro anos, os portugueses deram mais votos ao PS, mas não os suficientes para que pudesse governar com maioria e sem precisar do apoio de outros partidos.
O PSD conseguiu 27,90% dos votos, o BE 9,67%, o PCP-PEV 6,46%, o CDS-PP 4,25%, o PAN 3,28%, o CH 1,30%, a IL 1,29% e o L 1,09%.
Se formos a analisar os resultados destas eleições legislativas com as de 2015 percebemos que o PS cresceu 4,27%; o PSD desceu para segunda força política, mas não é possível fazer uma diferença entre as votações por ter concorrido coligado com o CDS; o BE desceu 0,55%; o PCP desceu 1,81%; o CDS desceu para quinta força política; e o PAN cresceu 1,89%.
Nestas eleições legislativas foram apurados 2,54% de votos brancos e 1,74% de votos nulos, mais do que os 2,09% e 1,61% registados em 2015, respetivamente. A abstenção chegou aos 54,50% com 5.092.424 votantes em 9.343.084 inscritos, depois de ter atingido os 57% com 5.380.451 votantes em 9.439.701 inscritos em 2015.
As reações dos eleitos…
Pedro Nuno Santos

“É oficial, o distrito de Aveiro é um distrito de esquerda. O PS venceu as eleições e foi o partido que elegeu mais deputados.
Dos 16 deputados eleitos pelo círculo de Aveiro, sete foram eleitos pelo PS, seis pelo PSD, dois pelo Bloco de Esquerda e um pelo CDS-PP.
A esquerda elegeu nove e a direita sete. Parabéns ao povo do distrito de Aveiro. Continuaremos a trabalhar para fazer do nosso distrito um sítio melhor para se viver, um distrito de trabalho, de justiça e de liberdade. Parabéns e obrigado a todos.”
André Neves

“Tanto em S. João da Madeira (SJM) como no país foi clara a escolha do PS para liderar e do PSD para ser oposição. Em SJM costumamos ser um barómetro do que é o sentimento dos eleitores a nível nacional. E desta vez não foi diferente. No Sul e no interior do distrito de Aveiro temos um PSD muito forte.
Dentro daquilo que é a competência de um deputado vou honrar os compromissos e as prioridades que assumi e vou ser um canal aberto com todos para que possa ser uma voz ativa dos problemas e necessidades do distrito e do concelho.
Nunca entrei na política com a ambição disto ou daquilo. A oportunidade (de ser deputado) apareceu naturalmente. A política é uma paixão através da qual posso contribuir para a melhoria da sociedade.”
João Almeida

“Os resultados foram muito maus a todos os níveis. O resultado nacional foi tão baixo que influenciou proporcionalmente os resultados do distrito de Aveiro e do concelho de S. João da Madeira. Tínhamos o objetivo de manter os dois deputados (eleitos pelo círculo de Aveiro), mas perdemos um. O impacto negativo foi superior ao esperado.
Vou fazer uma moção com ideias sobre o que deve ser o partido e vou levá-la ao congresso. Os deputados eleitos devem de refletir se têm condições para assumir a liderança do partido. Em primeiro vou pensar sobre as ideias para o partido, conversar com as pessoas sobre o que deve ser o partido, criarmos um projeto sólido e só depois escolheremos a melhor pessoa para liderá-lo.”
Moisés Ferreira

“A nível nacional tivemos uma derrota copiosa da direita, o PS a não ter conseguido a maioria absoluta como queria, mas não era desejável para o país, e o BE a ter-se consolidado como terceira força política.
A nível distrital temos a eleição de um segundo deputado pela primeira vez no distrito de Aveiro depois de termos ficado a poucos votos de consegui-lo em 2015.
No concelho crescemos percentualmente e fomos a terceira força política com resultado acima da média nacional.
O nosso compromisso é a partir desta segunda-feira trabalhar para intensificar a nossa participação na Assembleia da República para levar cada vez mais os problemas dos sanjoanenses e do distrito.”
…e dos representantes dos partidos locais
Rodolfo Andrade

“Um grande resultado do PS tanto a nível nacional, distrital onde se conseguiu impor como grande força política num distrito que foi liderado durante muitos anos pelo PSD e a nível concelhio com um resultado brutal em que ganhamos em todas as mesas de voto com uma larga diferença. Desde que assumi a liderança da concelhia o PS só ganhou com bons resultados, primeiro nas autárquicas, depois nas europeias e agora nas legislativas. Estamos satisfeitos com este resultado que é um reconhecimento do nosso trabalho. Aproveito para parabenizar os quatro sanjoanenses eleitos, estando entre eles o socialista Pedro Nuno Santos que será uma peça fundamental no Governo construído nos próximos dias por António Costa. O que é para nós um motivo de orgulho”.
Susana Lamas

“Os resultados do PSD ficaram muito aquém do expectável. Não podemos estar satisfeitos porque perdemos as eleições em toda a linha. Perdemos dois mandatos no distrito e, sem que ainda existam resultados finais a nível nacional, tudo indica que perderemos cerca de dez mandatos na Assembleia da República face às últimas eleições. Um fator de grande preocupação é a abstenção. Não obstante localmente ter registado um valor inferior ao verificado a nível nacional, demonstra a existência de um enorme distanciamento dos eleitores relativamente à política. É muito importante que o partido reflita sobre os resultados obtidos. Apesar de considerar que o programa que apresentamos aos eleitores ser de qualidade, não conseguiu passar a mensagem aos portugueses.”
Eva Braga

“A reação é de contentamento, mas não é um contentamento pleno porque a abstenção continua cada vez mais a aumentar e todos devíamos refletir sobre como travar este acontecimento numa democracia com tantos anos.
Os resultados a nível local foram acima da média nacional, a nível distrital tivemos o objetivo atingido ao eleger o segundo deputado e a nível nacional mantivemos os 19 deputados.
A força do BE está mais consolidada e é a terceira força política.”
Ricardo Mota

“Foi uma derrota em toda a linha. Perdemos deputados, mas para nós é uma vitória mantermos um deputado de S. João da Madeira que será, dos sanjoanenses eleitos, o que está em melhores condições de representar o distrito de Aveiro. Em termos locais estamos em fase de reflexão, reprogramação dos objetivos e alteração da estratégia para enfrentar os desafios que aí vêm como o próximo congresso do partido que deverá ser convocado brevemente a pedido de Assunção Cristas que não voltará a candidatar-se à liderança do partido. Entre os eventuais sucessores está João Almeida. Era um motivo de muito orgulho se ele assim o decidir, mas não faremos qualquer tipo de pressão. Aquilo que ele decidir a concelhia estará de certeza ao seu lado e a apoiá-lo”.
Jorge Cortez

“Alguma quebra significativa da CDU que acaba por ser prejudicada eleitoralmente por apoiar um Governo que de certa forma melhorou o rendimento dos portugueses. Esse partido (PS) é que beneficiou dessa vantagem. A CDU ficou com menos deputados e com menos capacidade para combater os problemas dos portugueses no parlamento. Não nos consideramos derrotados se não já tínhamos desistido há muito tempo. Este foi um resultado que não correspondeu à simpatia sentida ao longo da campanha. E certamente estará relacionado com a campanha difamatória sobre o partido desde que assinaram o acordo para apoiar a governação socialista. Esta terá sido a campanha de difamação, intriga e omissão mais violenta após o 25 de Abril”.