Desafiados pela Assembleia Municipal, em articulação com a câmara, os mais novos participaram em peso no programa comemorativo deste ano
“Estamos a fazer história com a celebração da história da nossa cidade”. A afirmação é de Clara Reis, a presidente da Assembleia Municipal que, em articulação com a câmara, desafiou a comunidade educativa de S. João da Madeira (SJM) a participar nas comemorações do 11 de outubro.
Integrada no Projeto Educativo Municipal do ano letivo 2019/2020, a iniciativa “Celebrar a nossa história” tem como objetivo promover o envolvimento dos alunos sanjoanenses na vida da cidade, tal como já acontece com a Assembleia Municipal Jovem (AMJ), fomentando, neste caso concreto, o interesse das novas gerações pela descoberta da história da sua terra. E o resultado foi bastante apreciado por quem esteve no Fórum Municipal na manhã do feriado em que se comemora a Emancipação Concelhia de SJM.
Após o hastear das bandeiras no átrio do edifício camarário, que contou com a presença da Fanfarra da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de S. João da Madeira, houve uma atuação musical e a “construção do mapa das indústrias sanjoanenses” pelo Centro de Educação Integral (CEI), momento em que também participou a Banda de Música da terra. Minutos depois, foi inaugurada uma exposição sobre artes e ofícios, emigração, história e indústria do concelho.

“É notável que uma pequena povoação [como SJM] tenha tido capacidade de persuadir os decisores nacionais”
Na passada sexta-feira, Jorge Sequeira estava visivelmente orgulhoso do município que gere a nível político. O presidente da câmara encerrou o período das intervenções da sessão solene, tendo feito uma espécie de “viagem no tempo” que durou pouco mais de 17 minutos
O autarca regressou ao passado, mais concretamente a 12 de abril de 1923, altura em que um grupo de jovens sanjoanenses fundou o Grupo Patriótico Sanjoanense. Presidido por António Henriques que, entretanto, tinha regressado do Brasil onde tinha estado emigrado, o Grupo Patriótico Sanjoanense “dedicou-se a várias iniciativas e tarefas de caráter filantrópico e a realizar melhoramentos na nossa cidade”. Mas a autonomia política e administrativa de S. João da Madeira foi desde sempre o seu “propósito maior”, o que veio a acontecer a 11 de outubro de 1926.
Nesse dia, como contou Jorge Sequeira, “os poderes públicos nacionais decretaram a desanexação da freguesia de S. João da Madeira do concelho de Oliveira de Azeméis e constituíram o concelho de S. João da Madeira com uma única freguesia”. Ato que, “por causa do contexto em que acontece [período de transição de regimes], merece um lugar especial na história da autonomia administrativa do país”.
Em seu entender, “é notável que uma pequena povoação [como SJM] tenha tido capacidade de persuadir os decisores nacionais”. E, por isso, conforme adiantou, “havemos de fazer essa história, compreender passo a passo, perceber momento a momento, palavra a palavra, o que foi dito, sugerido, argumentado” tendo em vista a tão ansiada autonomia.
Para já, existe o “elenco de razões” que constam do “diploma legal” que a atesta. De acordo com Jorge Sequeira, tendo por base o documento, “reconhecia-se que S. João da Madeira era o núcleo industrial mais poderoso do distrito”, “um potentado em termos económicos e industriais”. Também se considerava que “o seu potencial económico político não era suficientemente aproveitado se não tivesse uma política administrativa ajustada a essa capacidade de inovação e crescimento”. Além disso, “houve uma outra consideração importante nesse decreto”, nomeadamente “uma nota de inexistência de prejuízo para outrem”, inclusive para o concelho de Oliveira de Azeméis.
Por estas razões e por outras, “é justo recordar os elementos do Grupo Patriótico Sanjoanense, em particular António Henriques, que veio a ser o segundo presidente da câmara de SJM, e Benjamim Araújo, que foi o primeiro presidente da câmara”. Jorge Sequeira lembrou igualmente o antigo edil Manuel Cambra, falecido em junho deste ano, porque “o nosso dever é estar à altura daqueles que forjaram a nossa história”.
Igual gesto teve, ainda, Mariana Coelho que, em nome da AMJ, evocou “a memória de todos aqueles que lutaram para que a nossa cidade se tornasse autónoma e progressiva e que permitiram que esta esteja onde está hoje”.

“S. João da Madeira é um caso de sucesso”
Já de volta ao presente e com os olhos postos no futuro, Jorge Sequeira sublinhou que “S. João da Madeira é um caso de sucesso que demonstra como a solução da autonomia política e administrativa teve bons resultados”. “Somos o concelho mais pequeno do país, pequeno em território, mas muito grande em valor”. E isto, “graças à capacidade de empreendedorismo, de inovação, de criar e de reconverter a indústria”, mas também devido a uma “aposta na dignidade humana”, na “inclusão social”, que “é para levar a sério”.
Para o responsável político, “o trabalho na ação social é decisivo para qualquer sociedade que se queira decente”. Daí todo o trabalho que tem vindo a ser feito nesta área por este executivo, desde a cadeira de dentista, bolsas de estudo para o ensino superior, vacinação gratuita, reabilitação de apartamentos de habitação social, etc..
A cerimónia terminou tal como começou, ao som daquela que com mais de 150 anos é a instituição mais antiga de SJM, a Banda de Música atualmente presidida por Adelino Calhau.
Jorge Sequeira, presidente da câmara

“S. João da Madeira é um território que não desiste, que não se rende; um território inquieto que está sempre à procura de soluções para o seu futuro”.
Clara Reis, presidente da Assembleia Municipal

“Estou particularmente feliz e orgulhosa a celebrar este nosso 11 de outubro. E convido todos aqueles que contribuíram para isso a se juntarem a mim nesta felicidade e neste orgulho: diretores das escolas, professores e alunos que, uma vez mais de forma corajosa e abnegada, responderam ao desafio por nós lançado há um ano. Hoje as crianças e os jovens da nossa cidade sabem porque é feriado”.
Mariana Coelho, representante da Assembleia Municipal Jovem

“Há 93 anos S. João da Madeira [SJM] conseguiu finalmente obter a sua autonomia concelhia. Nesse 11 de outubro, a cidade iniciou uma caminhada que, atravessando todo o século 20 até aos nossos dias, se tem revelado em todos os aspetos positiva. Com o passar dos anos SJM se tem vindo a desenvolver. E hoje o nosso concelho é um dos mais atrativos para se viver em toda a região Norte e mesmo em todo o país, principalmente para os mais jovens. Uma das maiores provas deste facto é a Assembleia Municipal Jovem”.

A inauguração da uma exposição sobre artes e ofícios, emigração, história e indústria do concelho da autoria dos três agrupamentos de escolas da cidade – João da Silva Correia, Oliveira Júnior e Dr. Serafim Leite – e do CEI antecedeu a sessão solene. Esta mostra escolar encontra-se patente ao público no Fórum Municipal até esta sexta-feira, dia 18.

Já no final da manhã voltou-se a celebrar a história do município, tendo por palco o tanque público do Rio do Pedaço, localizado entre o Fórum Municipal e o Tribunal de S. João da Madeira. Neste local tão querido para muitos sanjoanenses teve lugar a reconstituição de época “As lavadeiras”, pelo Agrupamento de Escolas Oliveira Júnior.

O Dia do Município culminou nos Paços da Cultura, às 18h30 e às 21h30, com novos momentos de celebração da história do concelho, através da exibição do filme “A Freima” e da representação da peça de teatro “Histórias de Memórias”, pelo Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite.