“Não sou mainstream. Nunca serei”, confirmou a artista, arrancando uma salva de palmas do público e um enorme “obrigado” por parte de um dos presentes
A atuação de “38 Degrees of Jazz” na sala de entrada,seguida do concerto do projeto Maria João Ogre (Trio) no palco da Casa da Criatividade abriu na sexta-feira passada o ciclo do Novembro Jazz.
O poder de Maria João transformar a sua voz em cada uma das canções marcadas pela união do jazz à eletrónica é de tal forma extraordinário que qualquer descrição do mesmo é redutora.
A cantora, acompanhada de João Farinha (piano e teclados), André Nascimento (eletrónica) e Silvan Strauss (bateria), cantou pela primeira vez “Too Many Acute Angles”, o primeiro single do terceiro disco do “Ogre Eletric”, que conta com a parceria do Silvan Strauss com o núcleo duro deste projeto constituído por Maria João, João Farinha e André Nascimento, e que sairá no início de 2020.
O projeto completa uma década este ano e já gravou dois discos, “Electrodoméstico” em 2012 e “Plástico” em 2015.
Ao longo do concerto, Maria João agradeceu aos “companheiros incríveis” que “escrevem músicas maravilhosas” para este projeto em que o jazz e a eletrónica estão de “mãos dadas”. “Adoro música, mas de eletrónica não percebo nada”, admitiu a cantora. Uma das músicas cantadas foi “Arigato” (Obrigado) que é uma espécie de homenagem de Maria João ao seu pai, uma pessoa de uma enorme educação, talvez a de maior educação que conheceu. Em tempos a cantora viajou até à Colômbia e nunca mais esqueceu o jantar em casa de um amigo que tinha um vizinho japonês muito mal-encarado e que não tolerava qualquer tipo de barulho. Então a educação é a melhor maneira de combater estes “maus feitos”. Maria João também cantou duas músicas dos três discos que gravou com poemas do poeta brasileiro Aldir Blanc e muitas mais.
Quem conhece Maria João associa-a sempre à sua voz e ao seu estilo que são únicos, ímpares, irrepetíveis e ainda bem. A cantora assumiu ser “muito feliz assim” como alguém que “vive da arte da música”. E a propósito da “sua” música, uma pessoa disse-lhe: “ela não é mainstream (uma tendência ou uma moda)”. Uma afirmação à qual ela respondeu: “Eu não sou mainstream. Nunca serei”, confirmou Maria João durante o concerto na Casa da Criatividade, arrancando uma salva de palmas do público e um enorme “obrigado” por parte de um dos presentes.
Shirley King atua amanhã
O Município de S. João da Madeira dá continuidade, ao longo deste mês, ao Festival Novembro Jazz que nesta sua segunda edição fica marcado pela aposta no feminino. A próxima convidada é a cantora americana Shirley King, filha da lenda do blues B.B. King (1925-2015), que sobe amanhã, dia 15 de março, pelas 22h00, ao palco da Casa da Criatividade. O ingresso custa entre cinco e 10 euros e pode ser adquirido nos locais habituais (Casa da Criatividade, Paços da Cultura e Torre da Oliva) e em casadacriatividade.bol.pt.
A programação do Novembro Jazz continua com o trio Joana Machado, Marta Hugon e Mariana Norton a apresentar o projeto “Elas e o Jazz” no dia 22 de novembro e com a atuação de Jacinta no dia 29. Todos os concertos estão marcados para as 22h00.
Labor oferece dois bilhetes duplos
À semelhança da edição anterior, o labor oferece dois bilhetes duplos para assistir aos concertos do Festival Novembro Jazz cedidos pelos Município de S. João da Madeira. Os bilhetes serão atribuídos aos primeiros dois leitores que ligarem para o 256 202 600.
Maria João em declarações exclusivas ao labor
“A minha opção é sempre pela arte e aventura que há na música”
“Não penso muito. Penso na música. Na realidade quando disse que não me sinto mainstream nunca fiz coisas mainstream, o que não é bem assim, claro que já fiz algumas, queria dizer que a minha opção é sempre pela arte que há na música, pela aventura que há na música. Esse sempre foi o meu caminho, a minha procura e a minha ambição. Fico feliz pelas pessoas que vão aos meus concertos, compram os meus discos e me permitem viver com esta felicidade toda que é viver com a aventura da música. Claro que uma pessoa sofre sempre um pouco mais de pressão para ser comercial, mas sou forte, sou muito forte na realidade. Tenho este amor na minha cabeça pela música, tenho esta ambição, e, portanto, tenho me mantido ´direitinha´ no que quero fazer. Não foi a primeira vez que cantei em S. João da Madeira. A última vez foi com o Budda Power Blues há um ano. Aí já é um outro tipo de música. Amei estar na Casa da Criatividade. É um lugar fantástico, tem muitas condições, as pessoas são muito queridas, calorosas e recebem sempre muito bem. Foi uma total felicidade poder vir e espero poder voltar mais vezes. Acho que sim, acho mesmo que sim. Isto é um caso de afeto entre eu e o público, nós e o público, que vive em S. João da Madeira”, disse Maria João, à margem do concerto, em exclusivo ao labor.