Regresso do paraíso: no “meio da lua” almoçamos
Mais uma vez usufruímos, na chuvosa quarta-feira,
De um outono ainda ameno, onde na chuva nos molhamos
A roupa ainda seca, de um verão ainda com eira…
Descrever esta amizade, num encontro ainda fortuito
Encontro ora semanal de três mais que maus poetas,
Que na semana se juntam num propagado circuito,
De visitas a locais, onde cantam as suas tretas…
Ora aqui, ora acolá, nunca no mesmo local,
Trocam as informações, os produtos do saber.
Entre sabores regionais, de cozinha ocasional,
Mas com marcas de rigor, p´ra quem gosta de viver…
Locandas as que visitam, baiucas, tascas e tendas;
Os buracos da existência, livre, fora dos contextos,
Argumentos p´ra existirem, na rota de quantas lendas;
As veredas, os atalhos, onde se encontram pretextos…
É assim o semanal, o trajeto de quem ama
A vida como ela é, na simplicidade de um gesto,
Diário do que sobrevive, à espera de quem o chama
Para outra existência alheia a qualquer protesto.
Sim, fruamos o dia a dia, de uma vida em que o horror
Se afasta cada vez mais de um trajeto indefinido,
Onde haverá tanto muro, p´ra cada um uma ponte,
E a caminhada não para, só quando se está perdido…
Dr. Flores Santos Leite