Para já, sistema está a ser testado em cerca de 200 habitações
O sistema Pay-As-You-Throw (PAYT) será “lançado no terreno no próximo ano” em S. João da Madeira, depois de ter sido iniciada a entrega de ecopontos com quatro contentores para a separação dos resíduos em 1.600 moradias unifamiliares e a recolha seletiva porta a porta em setembro deste ano, confirmou o Município ao labor à margem do primeiro seminário internacionaldedicado aos sistemas tarifários aplicados aos resíduos que contou com a presença de peritos, no dia 12 de dezembro, na Sanjotec- Parque de Ciência e Tecnologia.
Nesse sentido estão “a decorrer trabalhos de preparação e levantamento, que passam, designadamente, pela pesagem e caracterização de resíduos, abrangendo uma amostra de cerca de duas centenas de habitações”.
“Essas casas fazem parte do conjunto mais alargado que está abrangido pela entrega de contentores domésticos em diferentes pontos da cidade e que chegará a 1.600 famílias sanjoanenses”, acrescentou o Município, explicando que os “novos recipientes já estão preparados para serem usados no âmbito do futuro sistema PAYT, em que a tributação do serviço passará a ser feita em função dos resíduos efetivamente produzidos, deixando de ter como referência o consumo de água”.
O seminário realizado está inserido neste processo de preparação do PAYT, “permitindo aprofundar o conhecimento sobre a forma como tem sido adotado com bons resultados, nomeadamente em Itália, onde tem possibilitado um grande aumento da quantidade de resíduos encaminhados para valorização”, concluiu o Município ao labor.
“Os nossos principais aliados são as crianças e os jovens”
O presidente da câmara, Jorge Sequeira, demonstrou em nome do Município, que “temos muita vontade de implementar o PAYT” e de “mudar a mentalidade das pessoas” através de uma “gestão conscienciosa dos resíduos” numa altura em que estamos a viver sob o alerta de “emergência climática” declarada pelo Parlamento Europeu e acompanhada pela Assembleia da República.

Nesta batalha pela preservação do planeta Terra, “os nossos principais aliados são as crianças e os jovens”, considerou Jorge Sequeira, relembrando, por isso, as ações de sensibilização ambiental que têm sido levadas a cabo nas escolas com o intuito de formar “os polícias e os bombeiros do ambiente”.
O autarca mencionou ainda um conjunto vasto de medidas levadas a cabo pelo Município como a substituição das luminárias ditas normais por leds em vários pontos da cidade, a eliminação da recolha de lixo ao domingo porque a recolha diária também tem “um custo ecológico”, a distribuição de contentores para a separação do lixo em 1.600 habitações, a instalação de bebedouros nas escolas e em edifícios públicos, a distribuição de garrafas de água reutilizáveis junto da comunidade escolar, a transformação dos eventos municipais em eco eventos, a recolha de lancetas e a substituição do papel dito normal por papel reciclável nos serviços públicos.
Em Itália “não estamos numa situação de zero desperdício, mas estamos muito perto”
Entre os oradores previstos para a manhã do evento apenas esteve presente Luca Torresan, especialista em sistemas poluidor-pagador, através de quem ficámos a saber que os italianos começaram a introduzir a recolha porta a porta e o sistema PAYT com “bons resultados há 25 anos” e “agora temos uma média de mais de 50% de lixo recolhido em todo o país”. Neste momento, “não estamos numa situação de zero desperdício, mas estamos muito perto”, adiantou Luca Torresan. Em relação ao caso português, “não digo que Portugal precise de 20 anos” para atingir os níveis de Itália, “mas não será em um ou dois anos”, assegurou o italiano aos presentes.
O seminário internacional contou ainda com Michele Giavini, conferencista especializado na recolha de bio resíduos, Célia Dias Ferreira, responsável pela dinamização da introdução de tarifários PAYT em várias cidades europeias, e de Patrícia Silvério Carreira, técnica sénior de Engenharia do Ambiente na Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).