Assumiu Manuel Córrego que aos 86 anos venceu o Prémio Literário Nacional João de Araújo Correia

O que começou por ser uma peça de teatro que escreveu na sua juventude, mas nunca saiu do papel diretamente para o palco, tantos anos depois foi adaptada a um conto. “O Porteiro de Rachmaninov” deManuel Pereira da Costa, pseudónimo de Manuel Córrego, venceu a 1ª edição do Prémio Literário Nacional João de Araújo Correia, escritor e considerado por muitos o maior contista português, no valor de 1.500 euros.

A cerimónia de entrega dos prémios realizou-se no dia 8 de dezembro em Peso da Régua.

O concurso, promovido pela Câmara Municipal do Peso da Régua e pela Tertúlia João de Araújo Correia, recebeu 333 candidaturas – equivalentes a 417 contos uma vez que cada autor podia concorrer com um máximo de três contos – oriundas de Portugal, Brasil, Moçambique, Angola, Suíça, Canadá, França, Alemanha, Espanha e Bélgica.

Numa das noites em que ouvia um programa cultural da rádio clássica RDP, Manuel Córrego soube que tinha de escrever sobre Rachmaninov que foi “um grande compositor musical e pianista do seu tempo”. “Inicialmente fiz uma peça de teatro sobre isto porque tem a ver com um tema que sempre gostei que é a música”, recordou Manuel Córrego, bem como a sua passagem pela Banda de Música da Vila de Cucujães dos 11 aos 20 anos por influência do seu pai que chegou a maestro desta associação musical. Aliás, dele também herdou a paixão pelo teatro. “O meu pai abriu-me o caminho para aquilo que viria a ser”, contou o escritor de 86 anos ao labor.

Tantos anos depois a intuição de que devia ter escrito sobre Rachmaninov demonstrou estar certa ao receber esta distinção. Neste ou em qualquer outro concurso “há sempre a expectativa e a esperança de ganhar”, assumiu sem falsas modéstias. Este “reconhecimento” e “valorização” com “palavras de incentivo sabe bem”, “mas ninguém pode pensar que pode escrever por uma questão de afirmação se não tiver bases nem gosto”, considerou o escritor ao labor.

No caso de Manuel Córrego a escrita esteve sempre presente. “Gosto mesmo de escrever. É uma espécie de stress ativo. Não consigo deixar de escrever”, assumiu o escritor, admitindo que “se encontrar uma história, dou as voltas que tiver de dar, mas tem de ser feita”.

A conciliação de uma vida profissional dedicada à advocacia, da vida pessoal e familiar com as paixões pela música, pelo teatro e pela escrita apenas tem sido possível graças à esposa, Ilda Costa, que é “uma companhia que incentiva, apoia e isso faz toda a diferença. Este que foi um “amor à primeira vista” começou a ser vivido há 57 anos, nove de namoro e 48 de casamento, e nunca mais se largaram. “Ela é a melhor coisa que aconteceu na minha vida”, confidenciou Manuel Córrego, dizendo depois que isto não deveria ser dito em voz alta, em jeito de brincadeira, uma vez que a seu lado estava nada mais nada menos do que a sua companhia e companheira, tendo o labor tomado o pequeno almoço com ambos enquanto falámos sobre esta distinção e muito mais.

Novo livro de contos lançado em 2020

Depois de ter lançado o primeiro livro de contos “Diz-me a quem amar e serei salvo”, Manuel Córrego vai lançar o segundo livro de contos, ao que tudo indica, em março de 2020 em Oliveira de Azeméis

 

Obras publicadas

Teatro

O Tinteiro de Ferro, Camiliana

Prémio Garrett, Lello & Irmão, 1990

Um Gira-Discos na Floresta,

Grande Prémio de Teatro Inatel, 1991

Prémio Eça de Queirós, 1992

A Revolução em Directo e Um Milhão de Perguntas, 1996

Um Nó na Cauda e Chuva de Verão, 1997

O Testamento do Rei D. João Segundo

Grande Prémio de Teatro Inatel, 1998

Trilogia Queirosiana, 1999

O General e o Ditador e Sobre um Tema de Rachmaninov, 2002

Saltos Altos e Colarinhos Brancos, Campo das Letras, 2003

O Casamento de D. Manuel Primeiro

Grande Prémio de Teatro Inatel, 2004   

Um Desenho na Face e Anailde, 2001, 2004

A Rainha e o Cardeal, Elegia para Alcácer-Quibir

Grande Prémio de Teatro Inatel, 2006

As Sonatas de Amadeus, Um Fio de Água

Um Terraço sobre a Cidade

Prémio da Escola Superior Artística do Porto, 2007

 

Ficção

Campo de Feno com Papoilas, Romance

Prémio Ler/Fundação do Círculo de Leitores, 1998

Campo das Letras, 2000

Diz-me a Quem Amar e Serei Salvo, contos

Campo das Letras, 2001

Três Horas e um Quarto, Campo das Letras, 2004

Cem Anos sem uma Valsa, Romance Queirosiano

Campo das Letras, 2006

Vento de Pedra, Romance

Prémio da Ordem dos Advogados, 2010

Perpétuas-Roxas e o Lá de Schumann, Camiliana

Prémio Miguel Torga Cidade de Coimbra, 2011

Os Sapatos Vermelhos do Papa, 2016

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