Poetas de nós seremos; dos outros? Talvez, não sei;
Desta poesia talvez, algo haverá para ser cantado,
Muito mais existirá, num poeta, pensarei:
A vontade de o ser se na fé estiver firmado…
Inventa o poeta, ai quantas emoções não pessoais,
Consegue tristeza alegre e alegrias travessas,
É um rasgar do seu peito, com os seus próprios punhais,
É palhaço equilibrista que põe o mundo às avessas…
A maioria das vezes a sua querença é triste,
Abre a alma, dá-lhe as asas, o voo da liberdade,
É aquela Excalibur, na postura de um riste,
Quando investe p´ra um Graal a torná-lo realidade;
É fazer da ficção um instrumento capaz,
É fazer daquele além o que estará para aquém de nós,
E o contrário também; (o quanto anda para trás!)
E assim passa à adolescência, com a idade dos avós.
Poeta! Além de vadio, é o arauto displicente,
Que foge da vadiagem, na tentativa de querer
Que tudo que em si contém, será ser inteligente,
Para deixar a mensagem, que anda à solta, e nela crer
Essa mensagem que o arrasta e torna-o judeu errante,
Terá de ter conteúdo, de outro modo enganará;
Quem o ouve e quem o sente, como instrumento falante,
Que fala mais para além daquilo que existirá…

Dr. Flores Santos Leite