Na semana passada, 36 alunos das escolas do concelho tomaram posse como membros eleitos da Assembleia Municipal Jovem no ano letivo 2019/2020
Com 20 votos, Alexandre Sanjuan Gomes, do 11º F da Escola Básica e Secundária (EBS) Oliveira Júnior, foi eleito representante da Assembleia Municipal Jovem (AMJ) de S. João da Madeira (SJM) ao longo deste ano letivo, sucedendo a Mariana Coelho e a Ana Francisca Cunha, que desempenharam o cargo nas segunda e primeira edições, respetivamente. Em declarações ao labor, o estudante disse-se “bastante orgulhoso e honrado” por esta eleição, assegurando ainda que tanto os colegas como quem promove a AMJ podem esperar dele “dedicação e trabalho”.
Alexandre Sanjuan Gomes é o novo porta-voz dos três agrupamentos de escolas do concelho (Dr. Serafim Leite, Oliveira Júnior e João da Silva Correia) e do Centro de Educação Integral (CEI) que fazem parte deste projeto lançado em 2018 pela Assembleia Municipal (AM) em articulação com a câmara e as escolas do município. E é também um dos 36 jovens deputados que, no passado dia 15 de janeiro, tomaram posse no Fórum Municipal e que, depois, participaram na primeira sessão da AMJ. Foi, aliás, nesta reunião que o escolheram, para além de, no período da ordem do dia, cada “bancada” ter apresentado as suas propostas para SJM subordinadas ao tema deste ano “S. João da Madeira – Cidade sustentável e amiga” (ver caixa).
O debate e a votação de todas as medidas, na presença do autarca Jorge Sequeira e dos restantes membros do executivo municipal, bem como da líder da AM, Clara Reis, têm lugar novamente no Fórum Municipal a 25 de março, data da próxima sessão da AMJ.
Projeto leva a “perceber a importância e o valor da ação contra a abstenção e alienação”
Por falar em Clara Reis, “foi com enorme orgulho e satisfação” que presidiu a mais uma reunião da Assembleia Municipal Jovem. Na ocasião, segundo a presidente da AM e da AMJ referiu ao nosso jornal, “foi dada a oportunidade aos jovens eleitos nas diferentes escolas de praticar a democracia, da mesma forma que os seus parceiros mais velhos o fazem”.
Para Clara Reis, “a prática da democracia e a participação ativa nos destinos da sua cidade são a melhor forma de motivar os nossos jovens a perceber a importância e o valor da ação contra a abstenção e alienação. Porque, para além das suas propostas, aplicadas quando possível, mas sempre valorizadas, os jovens deputados podem questionar o presidente da câmara sobre questões que os preocupam no seu dia a dia”.
“Assim se ensina aprendendo e se aprende ensinando que a intolerância e o caminho pela perseguição de interesses pessoais não conduzem à felicidade que procuramos e que será apenas alcançada quando partilhada com aqueles com quem convivemos”, defendeu esta responsável política, agradecendo ainda, através do labor, “aos nossos jovens e aos seus educadores por me darem a oportunidade de fazer parte deste projeto”.
Este ano, haverá propostas que também serão executadas pela câmara
À semelhança das edições anteriores em que “houve propostas concretas apresentadas neste âmbito que foram efetivamente executadas pela câmara municipal”, “o mesmo acontecerá este ano, na sequência do debate democrático e da partilha de opiniões que decorrerá nas diferentes sessões”, garantiu Jorge Sequeira, para quem “o que é dito na AMJ é escutado com muita atenção e levado muito a sério pela câmara”.
Em seu entender, a Assembleia Municipal Jovem, para além de pretender “divulgar a democracia participativa junto dos jovens da nossa cidade e contribuir para que eles conquistem espírito crítico, capacidade reivindicativa e irreverência”, “tem também como objetivo envolver os estudantes das nossas escolas na vida do Município e recolher os seus contributos para a construção de S. João da Madeira”.
A propósito, o edil deixou ainda “uma palavra de agradecimento e incentivo a todos os jovens participantes, assim como um reconhecimento muito especial aos professores que, também nesta iniciativa, têm um papel de grande importância”.
Visita à Assembleia da República e a outros locais emblemáticos da democracia
Tal como o nosso jornal noticiou em edições anteriores, a Assembleia Municipal Jovem é direcionada a todos os alunos da cidade, do 4º ao 12º ano de escolaridade, com vista à promoção do seu papel cívico e da sua intervenção social. Trata-se de um espaço de reflexão e debate sobre temas direcionados aos mais novos, valorizando os seus interesses, opiniões e vontades, possibilitando a exposição das suas ideias, a partilha das suas preocupações e o encontro de soluções comuns.
No final de cada edição, os eleitos para este órgão têm a oportunidade de visitar a Assembleia da República, onde são recebidos por deputados de diversas bancadas parlamentares. Do roteiro destas deslocações tem feito parte também a Presidência do Conselho de Ministros
A passagem por edifícios marcantes na história da conquista da democracia no nosso país é igualmente incontornável, com os jovens deputados de S. João da Madeira a conhecerem o Museu do Aljube, dedicado ao reconhecimento da resistência em prol da liberdade e da democracia, e o Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, recentemente criado no Forte de Peniche, antiga prisão política do Estado Novo.
Os representantes das quatro “bancadas”
Alexandre Sanjuan Gomes, Agrupamento de Escolas Oliveira Júnior
“Apesar de já no ano letivo passado ter concorrido, esta é a primeira vez que faço parte da Assembleia Municipal Jovem. Trata-se de um projeto que é, de facto, muito interessante e importante, porque, sendo nós a maioria menores, podemos nos fazer ouvir perante os nossos representantes. Se bem que não é visto com muito entusiasmo pelos jovens em geral devido à falta de interesse pela política e sociedade.”
Beatriz Belo, Agrupamento de Escolas João da Silva Correia
“Embora já no ano letivo transato tenha participado no projeto, fazendo parte de uma lista que acabou por não ser eleita, este é o primeiro ano em que participo ativamente como representante da lista do Agrupamento de Escolas João da Silva Correia e que tenho oportunidade de poder debater as minhas ideias e opiniões com outros jovens da minha idade.
Na minha opinião, este projeto é uma mais-valia para todas as crianças e jovens da cidade, pois permite-nos defender e lutar por o que acreditamos, zelando pela sustentabilidade do nosso planeta e garantindo que podemos e devemos fazer tudo ao nosso alcance para tornar a nossa cidade num lugar melhor. É com enorme prazer que participo nesta iniciativa, pois são este tipo de projetos que dão mais motivação aos alunos para intervirem nos problemas do quotidiano e discutirem possíveis soluções de uma forma mais prática e eficaz.”
Manuel Ferreira, Centro de Educação Integral
“Esta é a segunda vez que participo na Assembleia Municipal Jovem, uma vez que estive presente na primeira edição enquanto aluno do 9º ano do Centro de Educação Integral, tendo sido secretário na primeira sessão, e agora, dois anos depois, nesta terceira edição, volto como representante do CEI. E agora, neste papel, a responsabilidade é maior, fazendo-me sentir o projeto de mais perto.
Vejo a AMJ como uma iniciativa muito enriquecedora para nós, jovens e alunos, bem como para S. João da Madeira e para os e as sanjoanenses, que só ganham com ideias inovadoras e pertinentes vindas dos mais novos. Mas, sobretudo, penso que este projeto permite-nos a nós, jovens, encontrar uma forma de expressar a nossa opinião, de ter uma voz ativa e nos sensibiliza para o fazer, pois voz ativa nós temos, mas a nossa grande dificuldade é descobrir como a fazer chegar a quem de direito.
Na minha opinião, a AMJ é um caminho mais fácil e direto para sermos ouvidos, por isso tenho a agradecer à Assembleia Municipal de S. João da Madeira e a todos os que também estiveram relacionados com a implementação de tal iniciativa por darem voz aos jovens sanjoanenses.”
Sofia Paiva, Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite
“Este é o primeiro ano em que participo na Assembleia Municipal Jovem. Os meus amigos e a minha professora falavam-me deste projeto ainda antes de eu fazer parte do mesmo e este, realmente, interessou-me. Interessou-me porque é uma iniciativa onde a política não é inalcançável e as vozes juvenis podem ser ouvidas mais facilmente. Ainda não tenho uma opinião muito definida, já que esta edição da AMJ está ainda a começar, mas tenho a certeza de que será uma experiência enriquecedora.
De qualquer modo, considero esta iniciativa bastante importante para uma comunidade mais preocupada com o local onde vive e/ou trabalha. Espero que juntos, nós, jovens sanjoanenses, consigamos passar uma mensagem inovadora e melhorar a nossa cidade!”
As propostas desta edição da Assembleia Municipal Jovem
Vão ser postas à discussão e votação no próximo dia 25 de março
Agrupamento de Escolas Oliveira Júnior
1.Melhorar as condições de mobilidade, através da colocação de paragens de autocarros e de indicadores dos respetivos horários
2.Criação de um gatil municipal
3.Melhorar o tratamento do património arbóreo da cidade
Agrupamento de Escolas João da Silva Correia
1.Colocação de Bicicletas elétricas e da respetiva ciclovia pela cidade
2.Dinamização do “Dia do Estudante” no Parque do Rio Ul
3.Colocação de postos de carregamento de aparelhos eletrónicos, alimentados por energia solar, pela cidade
Centro de Educação Integral
1.Dar incentivos fiscais e económicos a empresas sanjoanenses que adotem uma economia circular, ou seja, conceder subsídios ou reduzir impostos às empresas que colaborem em termos de aproveitamento de recursos
2.Pontos de luz inteligentes com lâmpadas led, a serem colocados em toda a cidade de S. João da Madeira. Estes postos funcionam da seguinte forma: menor luz durante grande parte do tempo, aumentando a intensidade da luz com o movimento do trânsito
3.Aderir à ideia “Exterior Living Walls” (How green is your Wall?) em edifícios recentes, de modo a purificar, oxigenar o ar citadino e equilibrar termicamente os edifícios onde se aplicar esta ideia
Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite
1.Implementação, na cidade, de um mecanismo de recolha e reciclagem de plásticos, o “Plastic Recycle Machine”, que funcionaria segundo um sistema de recompensas dirigidas ao consumidor, de modo a preservar o ambiente sanjoanense
2.Criação de um Banco de Horas Amigas, ao dispor da comunidade sanjoanense, estruturado em polos de ação distintos, focado no acompanhamento gratuito a idosos, crianças, pessoas de baixa iliteracia, incluindo a informática, e adultos de outras nacionalidades. O mesmo seria regido por um sistema de voluntariado, levado a cabo, sobretudo, por jovens que enriqueceriam, assim, o seu curriculum vitae
3.Instalação, em locais estratégicos da cidade, de postos de aluguer de bicicletas e de trotinetes, atendendo à escolha atual dos jovens, no que diz respeito ao seu modo de deslocação, ajudando, sobremaneira, o meio ambiente e a saúde dos cidadãos