Dia 27 de janeiro
Jorge Sequeira não quis muito “levantar o véu” em relação ao que realmente vai ser feito Escola EB1/Jardim de Infância (JI) de Fundo de Vila no âmbito de uma empreitada para a qual foi aprovado por unanimidade, em sessão extraordinária da Assembleia Municipal (AM), um pedido de empréstimo até 450 mil euros, por um prazo de 12 anos, ao Banco Santander Totta, por parte da câmara.
Deixando todos os pormenores para a apresentação do projeto de requalificação à comunidade educativa no próximo dia 27 de janeiro, o autarca preferiu agora “dar um lamiré”, adiantando que esta “intervenção não vai ser feita apenas para reparar os estragos da intempérie [de outubro de 2018]”. Trata-se de uma obra “profunda, que visa reparar patologias anteriores” e que conta com “a intervenção de uma empresa de design que vai tornar o ambiente interno atraente”.
Além do mais – e isto em resposta a Pedro Gual (PSD/CDS-PP) que antes havia falado na “trapalhada que deu origem a este pedido de empréstimo” -, Jorge Sequeira deixou claro que “a primeira intervenção [ali levada a cabo pelo seu executivo] estava integrada numa ação estratégica” de retirada da cobertura em fibrocimento com amianto, o que aconteceu em 2018 e 2019 em vários equipamentos, um dos quais a Escola de Fundo de Vila.
Só que as palavras do presidente não convenceram Pedro Gual. Para o social-democrata, que visitou o estabelecimento de ensino na altura, foi cometido “um ato de fé e não de engenharia ao se ter removido o telhado na véspera de uma tempestade”, “com todo o recheio no interior a ter ficado danificado”. Aliás, em seu entender, o que ocorreu foi “socialismo no seu estado puro: fazer sem olhar a meios e sem pensar nas consequências”.
Minutos depois viria Jorge Cortez dizer que esteve, igualmente, na Escola de Fundo de Vila aquando da intempérie e que esta “causou danos consideráveis no edifício”, conforme pôde ver com os próprios olhos. Mas isso agora, segundo o elemento da CDU – Coligação Democrática Unitária, “está ultrapassado”, sendo que, daqui para a frente, “o ideal é que a obra corra bem”. Sim, porque “se a obra correr mal, não é por falta de estratégia”. Em seu entender, “o socialismo e a social democracia não podem ser acusados de ineficácia em termos de planeamento”.
“Acho lamentável que queiram passar uma imagem que não corresponde à realidade”
Jorge Sequeira também foi à EB1 e, além disso, acompanhou todo “o processo”. E, por isso mesmo, lamenta que queiram estar a passar uma ideia de “cenário catastrófico quando isso não aconteceu”. “Acho lamentável que queiram passar uma imagem que não corresponde à realidade”, considerou o edil, acrescentando que “as pessoas que trabalham na câmara são responsáveis, cuidadosas. Não fazem as coisas do pé para a mão”.
Jorge Cortez ouviu-o e pediu a palavra para fazer um protesto: “Não disse que houve uma inundação do tamanho de três metros ou que o material andou a boiar. No entanto, houve umas infiltrações que se podia ter evitado”.
“Irresponsabilidade foi o PSD não ter retirado todo o amianto”
Rodolfo Andrade também veio “em defesa da sua dama” – leia-se executivo municipal socialista. Para o líder da bancada do PS, a requalificação da Escola de Fundo de Vila “é uma intervenção dentro de uma estratégia clara” que “não é [somente] para uma ou duas escolas”, mas para a Educação em geral. Isto, na sua ótica, mostra que esta câmara “preocupa-se de uma forma muito diferente daquilo que era habitual”. “Esta é mais uma obra que denota que a preocupação e as prioridades do presidente estão no caminho certo”, reforçou a ideia, defendendo ainda que “a retirada do amianto já há muito devia ter sido feita”.
Alinhando pelo mesmo diapasão, surgiu Leonardo Martins (PS). Este jovem membro da AM “pôs o dedo na ferida”, que é como quem diz falou na retirada tardia do amianto. “Irresponsabilidade foi o PSD não ter retirado todo o amianto” antes, fez questão de recordar.