Fábrica da Igreja presidida pelo Padre António Maria de Almeida e Pinho mandou-a demolir em 1934
“Não há memória de quem mandou construir” a primeira Capela de Santo António. Apenas se sabe que foi edificada em 1680 e que, passados cerca de 255 anos, foi demolida “por não ter já condições de culto”. Precisamente em 1934, foi a Fábrica da Igreja de então, presidida pelo Padre António Maria de Almeida e Pinho (na foto), que “a mandou pôr abaixo” e que no antigo lugar do Souto, hoje Largo de Santo António, deu ordens no sentido da construção daquela que ainda hoje existe.
Esta capela tem a particularidade de no seu interior estarem gravados os nomes daqueles que contribuíram para a sua construção, destacando-se, de entre estes, o do Conde Dias Garcia. Depois da igreja, é tida como “o monumento paroquial mais rico de significado etnográfico e social”.

Da autoria do arquiteto João Queirós e inaugurada a 13 de outubro de 1935, a Capela de Santo António é presentemente um dos cinco templos de oração de S. João da Madeira (SJM), onde, entre outras celebrações religiosas, se celebra a missa dominical. Depois desta remodelação de que está a ser alvo e “pela sua proximidade com a paróquia”, a própria paróquia pretende que seja ainda mais frequentada, pensando, por exemplo, em ali expor o Santíssimo Sacramento.
Há dias, o Padre António Augusto Borges de Pinho Alves, ou Padre Borges como a maioria lhe chama, abriu-nos gentilmente as portas da sua casa, na Rua de Fundo de Vila, onde “se respira” história em praticamente todos os compartimentos. Foi através deste afilhado do Padre António Maria de Almeida e Pinho, de 78 anos, que o labor ficou a saber que junto à atual capela, construída por um empreiteiro de Escapães (Santa Maria da Feira) de seu nome Henrique Alves Ferreira de Resende, “havia na altura um cruzeiro, do lado direito, que tinha quatro degraus e uma cruz, tudo em pedra, onde, como diz o Padre António textualmente nos Anais da freguesia, os operários vinham descansar nas noites de verão e certamente aos domingos vinham também os namorados e as famílias”.
Esse cruzeiro pertence agora ao passado, assim como um coreto, onde atuou a Banda de Música da terra e que serviu de palco a outros eventos culturais. Também reza a história que ali havia um fontanário. Dizia-se “naquele tempo que quem bebesse da água desse fontanário [sobretudo peregrinos e outras gentes de outras paragens] tinha de voltar para beber novamente e que até podia ficar a morar em S. João da Madeira. Por isso, muita gente veio e fixou-se aqui”, afirmou ao nosso jornal o Padre Borges.
Este sacerdote sanjoanense, já reformado, contou ainda ao labor que“o Santo António teve em tempos idos a denominação de ‘Santo António de Arrifana’” e que foram precisos quatro homens para pôr a estátua do santo onde ela está presentemente. Trata-se de uma escultura de cerca de quatro toneladas e meia que ali foi colocada, “durante três dias e com utensílios próprios daquele tempo”, por José Bernardo Soares, Henrique Alves Ferreira Resende, Fausto José Resende Soares e Armando Ferreira Soares Resende.
Padre António Maria de Almeida e Pinho “aliava as atividades pastorais às atividades culturais”

Não há, pois, dúvidas que o Padre António Maria de Almeida e Pinho foi o responsável pela construção da Capela de Santo António. Aliás, além desta, também a edificação da Capela de Nossas Senhora dos Milagres e a reconstrução da igreja têm a sua mão.
Nascido em 1885 em SJM, no lugar das Vendas, em frente à que é hoje a Farmácia Laranjeira, na Rua Oliveira Júnior, andou nos seminários dos Carvalhos e da Sé do Porto.
Nesta última ordenou-se sacerdote em 1905. Foi nomeado pároco da Lomba (Gondomar) onde esteve até 1910 e, depois, veio para Mosteirô (Santa Maria da Feira) onde permaneceu até 1917. Foi neste ano que regressou a S. João da Madeira, sua terra natal que paroquiou até 1951.
O Padre António Maria de Almeida e Pinho “aliava as atividades pastorais às atividades culturais”, tendo ficado conhecido por ser um grande teólogo, historiador, violinista, etc.. Fundou o Grupo Musical Sanjoanense em janeiro de 1914, foi professor de Música no Colégio Castilho e um dos primeiros mesários da Santa Casa da Misericórdia. Além disso, foi também quem mandou construir o Patronato de SJM.