Depois de concluída esta obra, o equipamento gerido pela Associação de Municípios das Terras de Santa Maria passará a ter capacidade para receber cerca de 400 animais 

O problema da sobrelotação existe e existirá enquanto a ampliação do Canil Intermunicipal da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (CIAMTSM), orçada em “400 mil, 500 mil euros”, não sair da gaveta. Mas também, e sobretudo, enquanto não houver uma mudança de mentalidades a sério!

O abandono de cães e gatos nos seis municípios que compõem a Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (AMTSM), assim como no resto do país, continua a ser bem real. E o número de adoções dos animais que se encontram em centros de recolha oficial (CRO) como o que a AMTSM gere desde 2008 e em outras instituições continua a estar aquém do ideal.

Com a entrada em vigor em setembro de 2018 da Lei n.º 27/2016, de 23 de agosto, que proíbe a ocisão – vulgo abate – de animais nos CRO “por motivos de sobrepopulação, de sobrelotação, de incapacidade económica ou outra que impeça a normal detenção pelo seu detentor”, a falta de espaço tornou-se ainda maior ao ponto do canil situado na Serra do Pereiro, no concelho de Oliveira de Azeméis, até deixar de ter lista de espera.

Contando neste momento com 62 celas, o CIAMTSM alberga cerca de 300 canídeos abandonados e só está a aceitar, de forma rotativa, animais entregues por cada município à medida que vão havendo saídas. Esta é “uma situação casuística que vai sendo gerida”, sendo que, “neste caso, os municípios não têm ‘quota’”, digamos assim.

PAM custa cerca de 19 mil euros e poderá vir ser ampliado

Na passada segunda-feira, o presidente da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria, Jorge Sequeira, fez uma visita à obra do Parque de Acolhimento de Matilhas (PAM) que está em curso, precisamente, junto ao edifício central do CIAMTSM. Trata-se – como explicou, na ocasião, o secretário-geral da AMTSM, Joaquim Santos Costa – de “uma pequena obra”, no valor de cerca de 19 mil euros, “face à qual temos a expetativa que seja uma parte da solução”.

Recorde-se que, como o labor noticiou em dezembro de 2019, a AMTSM dava nota na altura que, “em virtude das alterações legais e do crescente abandono de animais”, se verificava “o aparecimento de matilhas de cães” e que este era “fator de preocupação” para a população e para os municípios que a constituem. Assim, e “face às inúmeras solicitações que a AMTSM/CIAMTSM tem recebido no sentido de recolher matilhas”, decidiu-se criar um espaço próprio para realojar este tipo de animais e que se designa por “Parque de Acolhimento de Matilhas”.

Numa primeira fase, o PAM, que está a ser feito por módulos, será constituído por duas áreas de cerca de 250 m2 cada, sendo parcialmente coberto, vedado em todo o seu perímetro e com alojamentos de simples construção e zonas de ensombramento, assim como comedouros e bebedouros. Prevê-se que esteja concluído no final deste mês e que comece a receber animais matilhados a partir de abril.

A propósito, Santos Costa adiantou, também, que “o PAM está a ser construído de forma a ser ampliado, se os municípios assim o entenderem”. “Isto é uma experiência nova, que se funcionar bem terá continuidade”, acrescentou.

Ainda segundo este responsável, este PAM “é para resolver uma situação pontual”, não invalidando, lá está, a necessidade de se aumentar a capacidade de lotação do Canil Intermunicipal. Não nos podemos esquecer que quando o equipamento entrou em funcionamento em 2008 a realidade era uma e agora é outra. Desde então, e isto a título de exemplo, que, por imposição legal, o número de esterilizações/castrações cresceu, levando a AMTSM a fazer “uma adaptação [das instalações] na medida do possível” para passar a dispor de uma sala de esterilização. E nesta só em 2019 o CIAMTSM fez 391 esterilizações, como adiantou Jorge Sequeira, também autarca de S. João da Madeira.

Além disso – e isto conforme disse, por sua vez, Santos Costa -, percebe-se que, mais cedo ou mais tarde, o Canil Intermunicipal “vai ter de dar respostas quer na área social [porque “o equipamento começa a exigir mais funcionários a tempo inteiro”], quer na área do gatil”. Atualmente, “não temos gatos, mas já fazemos esterilização de gatos e, por isso, precisamos de ter área específica para eles”.

Depois de concluído o PAM, o CIAMTSM passará a ter capacidade para acolher cerca de 400 animais, provenientes dos concelhos deS. João da Madeira, Oliveira de Azeméis, Vale de Cambra, Arouca, Santa Maria da Feira e Espinho.

 

Canil Intermunicipal em números

– Desde a entrada em funcionamento do CIAMTSM, em março de 2008, até dezembro de 2019, foram entregues 13.680 animais e adotados 4.402

291 adoções só em 2019

– Desde novembro de 2017 até dezembro de 2019 foram esterilizados 740 animais

391 esterilizações só em 2019

– Neste momento dispõe de 62 celas e acolhe cerca de 300 animais

– PAM terá capacidade para receber cerca de 100 animais matilhados

– Com o PAM, o CIAMTSM passará a ter capacidade para cerca de 400 animais

– Pessoal adstrito: diretor técnico, 1 assistente técnica e assistentes operacionais

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