“O que anunciámos no início é que o Laboratório Germano de Sousa teria no total uma capacidade instalada para fazer 400 testes dia, não para este centro”, esclareceu o diretor-geral do Norte, Manuel Magalhães, ao labor
O Centro de Teste Covid-19 está em funcionamento desde o dia 21 de março no Europarque, em Santa Maria da Feira, cujos testes são assegurados pelo Laboratório Germano de Sousa em parceria com a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N).
Desde então que, pelo menos, dois momentos causaram polémica em torno do funcionamento deste equipamento. A começar por uma falha técnica que levou ao seu encerramento no dia 29 de março, a partir das 13h00. “O encerramento do Centro de Teste estava previsto e fazia parte de um plano de desinfeção do local, a mudança de equipamento técnico e a ativação de maior capacidade das redes de internet e atendimento telefónico”, disse Manuel Magalhães, diretor-geral do Norte do Grupo Germano de Sousa ao labor.
O segundo momento aconteceu quando foi anunciado o encerramento do equipamento nos dias 10, 11 e 12 de abril, quando, aquando da sua abertura, foi divulgado que estaria aberto de segunda-feira a domingo, das 8h00 às 18h00. “O encerramento respeitou um plano anteriormente comunicado à ARS-N, apenas estava previsto o funcionamento no sábado, sendo que seguindo as indicações da DGS (Direção-Geral da Saúde) estes dias deveriam ser de recolhimento máximo de circulação de pessoas”, afirmou Manuel Magalhães.
O anúncio do encerramento deste centro ao longo dos dias anteriormente referidos foi recebido com “indignação” por parte de Emídio Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, “sentimento que manifestou publicamente e que originou a reconsideração da decisão anteriormente tomada”, lê-se na página do Município feirense na página da rede social Facebook.
Já o Grupo Germano de Sousa não partilha da mesma conclusão e considera, através do seu diretor-geral do Norte, que “a comunicação do sr. Presidente (Emídio Sousa) peca por falta de informação fidedigna e que deveria antes de a fazer confirmar junto do nosso laboratório”. “Não orientamos as nossas decisões por agenda política nem por comunicações com apoio de partidos sensacionalistas, a saúde das populações está acima de protagonismos sem sentido muito menos num momento destes. Apenas estamos centrados em seguir as orientações da DGS e ARS-N e servir dentro das limitações o país”, acrescentou Manuel Magalhães, considerando que “só quem não tem o mínimo de noção do que é gerir crises em saúde pública e nas condições limitantes que são públicas, pode fazer declarações leoninas, mas as declarações valem o que o valem e ficam com quem as faz para história futura”.
Para o diretor-geral do Norte Grupo Germano de Sousa, “o mais importante é que continuamos a dar o nosso melhor, a trabalhar 24 horas sobre 24 horas e a responder com o número de testes por centro articulados com a ARS-N”.
“Já estamos a assegurar cerca de 800 testes dia e no decorrer dos próximos dias passaremos a ter uma capacidade de 1.000 testes dia”
O Centro de Teste instalado no Europarque tem “dois turnos de quatro técnicos, que se vão revezando diariamente” e desde que abriu já realizou “1.552” testes, sendo “o centro em que fizemos mais testes até agora”, revelou Manuel Magalhães ao labor.
Desde a abertura do Centro de Teste que o horário de funcionamento foi reduzido, passando das 8h00 às 18h00 para das 9h00 às 17h00. “Ajustámos o horário pois verificámos que seria o mais adequado. Pelos primeiros dias de funcionamento verificámos que os utentes começavam a chegar sempre após as 9h00, quanto à hora de encerramento também verificamos que a partir dessa hora os utentes referenciados pelo ACES era praticamente nulo”, justificou o diretor-geral do Norte do Grupo Germano de Sousa.
Aquando da abertura deste Centro de Teste foi anunciado que teria capacidade para fazer 400 testes por dia, mas pelos vistos não é bem assim. “Este é mais um equívoco que foi afirmado pelo sr. presidente (Emídio de Sousa). O que nós anunciámos no início é que o Laboratório Germano de Sousa teria no total uma capacidade instalada para fazer 400 testes dia, não para este centro como é óbvio”, esclareceu Manuel Magalhães, acrescentando que “neste momento já estamos a assegurar cerca de 800 testes dia e no decorrer dos próximos dias passaremos a ter uma capacidade de 1.000 testes dia”.
O diretor-geral do Norte do Grupo Germano de Sousa nega ainda que este Centro de Teste está a funcionar apenas com 20% da sua capacidade. “O que nós disponibilizamos para este centro de rastreio é a capacidade definida e articulada com a ARS-N. Não podemos esquecer que temos a nosso cargo 12 centros de recolha de forma a, por amostragem, alargar a deteção de focos em vários municípios, e nesta fase a solidariedade comunitária e institucional é um sentimento que deveria ser assumido por todos muito mais para quem tem responsabilidades públicas e políticas”.
“Neste momento estamos a aumentar a capacidade e o número de testes a disponibilizar para o Centro da Feira será na ordem dos 80 a 100 dia, pelo menos até a abertura anunciada pelo sr. presidente do novo centro de testes em Fiães. Nesse momento teremos de rever estes números com a ARS Norte de forma a haver a maior equidade entre municípios”, concluiu Manuel Magalhães ao labor.
Os deputados sanjoanenses João Almeida, em nome do CDS-PP, e Moisés Ferreira, em nome do Bloco de Esquerda, também questionaram a ministra da Saúde e o Governo, respetivamente, sobre este assunto, segundo nota remetida pelos partidos ao nosso jornal.