“O desgaste emocional na prestação de cuidados destes doentes é imenso”

Heróis (In)Visíveis da Covid-19

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“E não estar com a família torna todo este processo mais difícil”, considerou a enfermeira Mafalda Bastos ao labor

Mafalda Bastos é enfermeira generalista no serviço de Medicina e  integra como especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica a Comissão de Prevenção e Tratamento de Feridas do Hospital de S. Sebastião em Santa Maria da Feira.

O impacto da Covid-19 no seu local de trabalho foi “muito grande”. “Neste momento, vários serviços – Urgência, Cuidados Intensivos, Intermédios, Bloco Operatório e Medicina Interna – foram reestruturados para receber doentes Covid-19”, “as consultas externas foram suspensas, bem como as cirurgias programadas” e “todo o hospital se mobiliza para atender estes doentes”, contou Mafalda Bastos ao labor.

“As idas à Urgência pela população que não é doente sugestivo da Covid-19 diminuíram e a afluência de doentes Covid-19 tem aumentado de dia para dia”, revelou a enfermeira, constatando que “o hospital tem-se adaptado, por isso, a esta nova realidade e vai-se reestruturando de forma a dar resposta a estes doentes”.

Esta “situação nova”, de “enormes proporções” e com “todas as alterações envolventes”, “acarretam um sentimento de ansiedade e medo face ao desconhecido, uma nova estirpe, sintomatologia diferente, e, sobretudo, o receio de não conseguir dar resposta a todos os doentes”, assumiu Mafalda Bastos, admitindo que em muitos destes momentos, que são de “uma exigência de tal ordem” para com os profissionais de saúde, “temos que ir à procura de força e capacidades física e emocional para conseguir lidar com esta situação sem danos futuros”.

Desde que a Covid-19 assolou o país, que “o facto de estarmos mais expostos a um risco constante de contaminação por parte destes doentes faz com que tenhamos de fazer várias escolhas a nível pessoal, nomeadamente a decisão de conviver ou não no mesmo espaço físico dos nossos marido e filhos” e “é extremamente difícil para qualquer profissional de saúde optar por permanecer longe da família por tempo indeterminado” porque “o desgaste emocional na prestação de cuidados destes doentes é imenso e não estar com a família torna todo este processo mais difícil”, considerou Mafalda Bastos.

“No meu caso, continuo a conviver com a minha família, no entanto, tento realizar um isolamento parcial no domicílio de forma a minimizar o contacto para diminuir o risco de eventual contágio”, revelou esta enfermeira ao labor.

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