CHEDV responde lembrando que só nos últimos quatro anos investiu cerca de 1,5 milhões de euros nesta unidade hospitalar
Em comunicado enviado à redação do labor, a comissão coordenadora da CDU de S. João da Madeira pede explicações à tutela quanto à “subocupação” do Hospital de S. João da Madeira (HSJM). Segundo a Coligação Democrática Unitária, com a constituição do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga (CHEDV), foram vários os serviços retirados à unidade hospitalar da cidade, inclusive o de Urgência Cirúrgica. E mais recentemente, devido à pandemia de Covid-19, a unidade de oncologia foi transferida “para um espaço privado, a pagar pelo erário público”, quando, como refere na nota de imprensa, “o 3º piso do Hospital de S. João da Madeira, curiosamente, continua completamente desocupado”.
“Apesar de estarem demonstradas várias necessidades de espaços em edifício hospitalar, não entendemos a continuação de subocupação do nosso hospital, com pelo menos um piso (o terceiro) com mais de 20 camas, completamente desocupado, para além de outros espaços subaproveitados”, refere a coligação, chamando à atenção para que ainda, mesmo assim, “em S. João da Madeira, por iniciativa da Proteção Civil, foram instaladas dezenas de camas para improvisar um hospital de retaguarda, no gimnodesportivo da “João da Silva Correia”.
“Com situações de subocupação de instalações e o recurso à utilização do setor privado, perde o Estado e perdem os utentes do Serviço Nacional de Saúde”, lamenta a CDU, a qual “entende que o Governo deve explicar porque se persiste nesta tendência que vai sempre no sentido de desvalorizar o Hospital de S. João da Madeira!”.
“Piso 3 é utilizado todos os dias para assegurar a pernoita dos doentes que realizam cirurgia de ambulatório”
Em resposta à CDU, depois de interpelado sobre o assunto pelo labor, o CHEDV começa por lembrar que só nos últimos quatro anos “investiu apenas na unidade de S. João da Madeira cerca de 1,5 milhões de euros, concluindo obras tão importantes como a total reabilitação do Serviço de Urgência básico, o Serviço de Esterilização ou a morgue”. E isto apenas para dar “alguns exemplos”, como faz questão de dizer.
“Foi com este investimento que melhorámos substancialmente os equipamentos médicos do bloco de cirurgia de ambulatório ou equipámos o serviço de oftalmologia, que dispõe hoje de um parque de equipamentos que permite a realização da atividade de ambulatório nas duas unidades (Hospital de S. Sebastião e HSJM)”, recorda. Além disso, este mesmo investimento, de acordo com o CHEDV, permitiu que o HSJM “tivesse apresentado no último ano (2019), o melhor desempenho de sempre, com um nível de atividade que superou máximos históricos”.
Senão vejamos: “a cirurgia de ambulatório operou 5.179 doentes, representando esta atividade 51,5% de todas as cirurgias ambulatórias do CHEDV”; “foram realizadas mais de 41 mil consultas externas, o que representou um crescimento de 9,2%, quando o total do CHEDV apenas cresceu 5,5%”; “realizaram-se cerca de 10 mil sessões de hospital de dia, o que representou um crescimento de 35% face ao ano anterior”, informa o CHEDV, acrescentando no que diz respeito a internamentos que “a unidade de S. João da Madeira assegurou um número de dias de internamento que cresceu 9,3 % face ao ano anterior. Algo apenas possível, porque, como justifica, “todos os pisos estão ocupados, sendo que o piso 3 é utilizado todos os dias para assegurar a pernoita dos doentes que realizam cirurgia de ambulatório na parte da tarde e que, apesar de terem alta antes de passarem 24 horas sobre a hora da cirurgia, passam a noite no hospital”. Aliás, “só a existência e a intensa utilização das camas deste piso permitiram que a unidade de cirurgia de ambulatório tivesse visto a sua atividade crescer de forma tão significativa nos últimos anos, sendo hoje uma referência de qualidade e produtividade no SNS”, reforça a ideia.
Ainda a propósito, mencionou que “a atividade cirúrgica na unidade de S. João da Madeira não só não foi desqualificada, como, ao contrário, aumentou em termos de quantidade e evoluiu em termos de diferenciação”. Além das especialidades de ortopedia, oftalmologia e cirurgia geral, agora “também se realizam cirurgias de ginecologia, cirurgia plástica, urologia e otorrinolaringologia, que só a gestão integrada da unidade sanjoanense no contexto de centro hospitalar permitiu que ficassem aqui disponíveis”.
“Tivemos de levar a cabo um conjunto de alterações no funcionamento das três unidades”
Concretamente acerca da unidade de oncologia, o CHEDV adianta que, “fruto de elevadíssima incidência da Covid-19 nesta região, tivemos de levar a cabo um conjunto de alterações no funcionamento das três unidades [Hospital de S. Sebastião, Hospital S. Miguel (Oliveira de Azeméis) e HSJM] que foram determinadas em função de um aspeto absolutamente fundamental e que deve sobrepor-se a todos: a garantia de que a instituição tenha a capacidade necessária para tratar todos os doentes desta região que necessitem de tratamento contra a Covid-19 e que todos os outros, muito particularmente os mais frágeis, como é o caso dos oncológicos, tenham condições de segurança que reduzam ao máximo os riscos de exposição à doença”.
“Felizmente temos conseguido dar uma resposta positiva, tanto no tratamento dos doentes que carecem de cuidados intensivos como no tratamento em enfermaria, algo que esperamos vir a conseguir fazer até ao final de todo este dificílimo desafio, o maior com que os sistemas de saúde de todo o mundo alguma vez se defrontaram”, remata.
Unidade hospitalar “está como hospital de reserva”
Também confrontada com o comunicado que recebemos da CDU, a câmara começa por esclarecer que, “para além dos tratamentos à Covid-19, são necessários outros cuidados de saúde, prestados pelo Hospital de S. João da Madeira, sendo que, no âmbito do plano de contingência do CHEDV, a unidade de saúde sanjoanense está como hospital de reserva no presente quadro de emergência de saúde pública”.
Concretamente em relação ao terceiro piso desta unidade hospitalar, garante que a “informação” de que dispõe é a de que a mesma “assegura resposta a situações em que os doentes que fazem cirurgia de ambulatório necessitam de passar o período da noite na unidade de saúde”.
Ainda em declarações ao labor, o Município dá nota, também, que os espaços por si preparados, através do Serviço Municipal de Proteção Civil, em três pavilhões da cidade, com capacidade para cerca de 200 camas, constituem Zonas de Concentração e Apoio à População (ZCAP). ZCAP’s essas que, como especifica, estão localizadas no Pavilhão Paulo Pinto, Pavilhão das Travessas e Pavilhão da Escola João da Silva Correia, no Parrinho.