Diana Tavares, de 28 anos, é operadora de supermercado na peixaria da loja da Mercadona em S. João da Madeira (SJM). Já em março, quando começaram a surgir os primeiros casos de Covid-19 em Portugal e mesmo depois, em plena crise pandémica, tanto esta jovem sanjoanense como todos os seus colegas de profissão por esse país fora continuaram a trabalhar. Continuaram a alimentar Portugal quando a maioria ficou em casa.

“Tem sido um desafio, mas aprendi a valorizar mais as coisas do dia a dia”, começou por contar Diana Tavares ao labor, acrescentando que, “a nível profissional, acho que todos aprendemos a transmitir tranquilidade entre nós e aos clientes”. No início, de acordo com o que descreveu, “as pessoas andavam muito confusas e tinham medo que os produtos esgotassem”.

Foi, por isso, “importante mantermos a calma e irmos explicando as novas medidas de segurança e que não ia faltar nada na loja, porque somos abastecidos diariamente”. Em seu entender, “o importante é que os clientes estejam bem informados e tranquilos enquanto fazem as suas compras”. Aliás, é isso que Diana Tavares e os outros colaboradores do supermercado da Mercadona da cidade têm “tentado transmitir ao longo destas semanas”.

“Não podemos sentir medo numa situação destas”

Diana Tavares admitiu ao nosso jornal ter ficado reticente, “quando tudo isto começou”, “com o que iria acontecer”. Mas, na sua opinião, “não podemos sentir medo numa situação destas”. Ainda mais quando a empresa onde se trabalha reage “tão rápido,implementando medidas de proteção para clientes e trabalhadores”. Esta postura adotada pela Mercadona “fez-nos ficar mais tranquilos”, disse esta colaboradora, não esquecendo o anúncio, a 13 de março, de que iriam receber um “Prémio de Reconhecimento pelo Esforço” nesse mês e que, como seria de esperar, lhes deu “muita motivação”.

Além disso, “começámos a perceber a importância do nosso trabalho, porque as pessoascomeçaram a ir muito mais ao supermercado e sabíamos que não podíamos falhar”. Aliás, segundo Diana Tavares,“o importante é estarmos conscientes dos riscos que existem e ter todo o cuidado para os evitar”.

“Dos nossos cuidados, enquanto trabalhadores, fazem parte a correta higienização e utilização dos materiais de proteção que a Mercadona nos disponibiliza: luvas, gel desinfetante, máscaras, entre outros. Se utilizarmos corretamente estes instrumentos de proteção, não temos que sentir medo”, descreveu, completando que “o facto de terem reforçado os processos de desinfeção e limpeza também ajudaram a que nos sentíssemos sempre seguros no local de trabalho”.

“No caso da peixaria, foram aplicados alguns cuidados extra”

Diana Tavares começou a trabalhar na Mercadona em agosto de 2019. Desde então e até novembro passado, esteve em formação, tendo aprendido, como afirmou ao labor, “o essencial para desempenhar o meu trabalho específico como peixeira e também o modelo de gestão da empresa, o Modelo de Qualidade Total”.

Com toda esta nova realidade que se vive há meses devido ao novo coronavírus, no caso da peixaria onde desempenha as suas funções, foram tomados “alguns cuidados extra”. Por exemplo, conforme especificou, “criámos uma zona nova onde os clientes recolhem o peixe já arranjado, de maneira a não haver contacto direto connosco”. “Também – prosseguiu – foi criada uma distância de segurança entre o mostrador e o cliente, para que ele não se aproxime tanto”.

Mas a verdade é que – como Diana Tavares fez ver – “nós já tínhamos métodos de trabalho muito rigorosos ao nível da higienização, como a utilização de luvas e a constante limpeza dos espaços”, daí dentro da sua secção não ter sentido grandes “diferenças”.

Foi mais “a nível geral, na loja [de SJM e em todas as outras lojas da Mercadona]”, que notou “uma mudança de hábitos maior”.  “Por exemplo, deixámos de realizar os serviços que incluem manipulação de produto em loja, com o objetivo de reduzir o contacto e garantir a segurança alimentar; encerrámos temporariamente o ‘pronto a comer’, o ‘ponto de corte do talho e da charcutaria’.

Na perfumaria também tirámos as amostras de produtos que se experimentavam em loja; reduzimos o horário de abertura: inicialmente das 9h00 às 19h00 e agora das 09h00 às 20h00, de segunda-feira a domingo; limitámos o acesso até 80 clientes dentro da loja; colocámos marcas de distância mínima de dois metros entre pessoas, tanto no exterior como no interior; disponibilizamos gel desinfetante e papel para que os clientes possam limpar a pega do carrinho; também damos sempre luvas à entrada, que passaram a ser obrigatórias para os clientes; a nossa proteção foi reforçada desde o início, com equipamentos de higiene e prevenção (máscaras, óculos de proteção e luvas). Colocaram também divisórias de acrílico que nos separam do cliente na linha de caixas; reforçámos os processos diários de desinfeção e limpeza das nossas instalações; damos atendimento prioritário a idosos, pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, grávidas, profissionais de saúde, elementos das forças e serviços de segurança, entre outros”.

“Dizem que aqui se sentem mais seguros para fazer compras”

Diana Tavares não tem razões de queixa dos clientes. Estes, conforme garantiu ao nosso semanário, “respeitam e valorizam as nossas medidas”, “sabem que as tomamos para os proteger e para que se sintam seguros a fazer compras”. Além disso, “agradecem muito a nossa higiene, as luvas e o desinfetante que disponibilizamos à entrada da loja e o facto de os corredores serem largos e espaçosos, o que ajuda a evitar o contacto e a proximidade entre as pessoas”. Tanto que “dizem que aqui se sentem mais seguros para fazer compras”, sublinhou esta colaboradora.

“É um trabalho em equipa e todos temos um pouco de ‘heróis’”

Diana Tavares acredita que, “com toda esta situação, as pessoas passaram a valorizar mais o papel dos trabalhadores de supermercados, devido à importância de não poder faltar alimentos e outros bens essenciais nas suas casas”. Como referiu ao labor, “nós estamos todos os dias em contacto com os clientes, nas lojas, mas também há outra parte muito importante e que não se vê – por exemplo, os colegas que trabalham nos blocos logísticos e preparam o que vem para a loja, os motoristas que transportam a mercadoria, até aos fornecedores que trabalham para que não faltem produtos para repormos nas prateleiras – no meu caso, para que não falte peixe fresco diariamente”. “É um trabalho em equipa e todos temos um pouco de ‘heróis’”, sublinhou, lembrando ainda que “também o prémio que recebemos em março foi um reconhecimento da empresa ao trabalho que nós desempenhamos todos os dias”.

Por último, Diana Tavares deixou uma mensagem de esperança, “de que isto passará”, sendo “importante” “continuarmos juntos neste combate ao vírus, fazendo tudo o que está ao nosso alcance para nos protegermos a nós e aos que nos rodeiam”.

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